A nova moda: inalar gás de isqueiro
A inalação de gás de isqueiro é uma prática cada vez mais popular, cujos protagonistas são os jovens. Ao absorver o gás que vem dos isqueiros, uma série de mudanças são produzidas no organismo, que incluem a alteração da consciência. Esta pode ser uma experiência satisfatória para alguns adolescentes.
No entanto, este não é um consumo qualquer. A inalação de gás de isqueiro é uma tendência muito perigosa que já tirou a vida de vários adolescentes. No entanto, em muitos países não existem medidas de prevenção definidas, assim como para o consumo de outras substâncias que podem ser muito atrativas e muito perigosas para este segmento da população.
“Para milhões de pessoas, as drogas servem hoje, como as religiões e a alta cultura ontem, para apaziguar dúvidas e perplexidades sobre a condição humana, a vida, a morte, a vida após a morte, o sentido ou o absurdo da existência ”.
-Mario Vargas Llosa-
Os efeitos da inalação de gás de isqueiro
Inalar o gás do isqueiro é uma atividade arriscada. Estamos falando de uma substância conhecida como gás isobutano. Este gás é um hidrocarboneto tóxico para os seres humanos. É usado como combustível e agora os mais jovens parecem ser atraídos por seus efeitos no sistema nervoso.
Do ponto de vista psicológico, os efeitos dessa substância são a evasão da realidade e a euforia. É uma espécie de embotamento que leva a sentir-se “ausente”. A inalação de gás de isqueiro provoca sensações semelhantes às obtidas com o consumo de álcool, o que inclui a desinibição.
No entanto, também acarreta uma série de efeitos, como os seguintes:
- Irritação das membranas mucosas.
- Salivação excessiva.
- Sonolência.
- Tontura.
- Dor de cabeça.
- Vômito.
- Falta de coordenação nos movimentos.
- Convulsões.
- Perda de consciência.
Uma superexposição a esta substância pode levar à paralisia da laringe e obstruir o fornecimento de oxigênio ao corpo, causando uma condição conhecida como “hipóxia”. Também tem o potencial de causar insuficiência cardíaca. Assim, inalar o gás pode ser mortal, pois aumenta a probabilidade de síndrome de morte súbita.
Livre acesso e falta de informação
Tudo indica que esta prática perigosa ocorre sobretudo entre os jovens de entre 12 e 17 anos. Da mesma forma, parece estar associado à falta de recursos econômicos ou a um alto grau de controle sobre o comportamento do adolescente por parte dos pais. Ou seja, esses jovens consomem esse tipo de produto porque são mais baratos que outras drogas e também de mais fácil acesso.
Inalar gás de isqueiro é a prática mais comum nesse tipo de consumo. No entanto, ocorre um efeito semelhante ao inalar outros tipos de produtos, como desodorantes, limpadores de computador, tintas em spray e alguns solventes comuns, como esmaltes, removedor de esmalte, cola ou gasolina, entre outros.
As fontes de gás isobutano são muito acessíveis aos adolescentes. Elas são mais baratas que a maconha, a cocaína ou as drogas sintéticas e oferecem o efeito que os meninos procuram: a alienação. Os usuários regulares desses produtos provavelmente não estão cientes dos sérios danos que podem causar.
O uso prolongado dessas substâncias causa danos irreversíveis. Entre eles, os seguintes:
- Deterioração da mielina. Esta substância cobre os neurônios e sua deterioração pode causar distúrbios do movimento ou alucinações.
- Perda de audição.
- Neuropatias.
- Danos ao sistema nervoso central.
O que fazer?
A busca deliberada de um estado de alienação, em linhas gerais, deve-se a uma dificuldade em lidar com a realidade pessoal. A adolescência é um estágio crítico de desenvolvimento em que abundam inseguranças, confusão, desejos não realizados e sentimentos de perda e vazio.
O uso de substâncias é uma opção para se livrar do desconforto de forma rápida e temporária. Sentir-se “bem” por um momento, mesmo tendo que pagar o preço de sérios danos a si mesmos, é atraente o suficiente para esses adolescentes. Eles sofrem e o consumo os ajuda a aliviar essa dor.
Como sempre, amor e educação são a chave para enfrentar esses fenômenos. É necessária uma ação conjunta entre autoridades, famílias e comunidade para informar sobre os perigos dessas substâncias e oferecer aos adolescentes outras alternativas que lhes permitam administrar seus conflitos internos.
A proibição simples não funciona; na verdade, costuma produzir o efeito oposto ao que persegue. O banimento sinaliza o ato de usar como um desafio, o que pode ser um grande alento para todos aqueles que se sentem “fora da caixa”. Ao contrário, possibilitar alternativas saudáveis para que os adolescentes possam experimentar coisas novas é uma alternativa que costuma apresentar melhores resultados.
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