Como aliviar os efeitos de uma culpa que não o deixa seguir em frente

Como aliviar os efeitos de uma culpa que não o deixa seguir em frente

Última atualização: 27 abril, 2017

Vivemos em um ambiente cultural que tenta nos impor certos padrões de comportamento. Dizem-nos que há recompensas e punições para nossas ações. Quando cometemos um erro ou fazemos algo contrário ao que “deveria ser” ou simplesmente deixamos de fazer, aparece o sentimento de culpa. E aí começam os nossos problemas.

Em qualquer espaço encontramos as regras de comportamento: na família, no trabalho, na escola, no nosso dia a dia. Em todas as situações, as nossas decisões passam por esse tipo de código de comportamento encarregado de diferenciar o certo do errado. Uma moralidade que nos acompanha à medida que nos transformamos em indivíduos sociais.

“Eu não tenho culpa de que vida se nutra da virtude e do pecado, do belo e do feio”.
-Benito Pérez Galdós-

Às vezes, as coisas parecem ir mais além. Por exemplo, em algumas religiões, como a católica, os crentes nascem com uma dívida chamada de “pecado original”, que só pode ser eliminada através do sacramento do batismo. Nos declararam culpados antes de chegarmos ao mundo e não sabemos a razão pela qual nos marcaram dessa forma.

Não podemos ficar paralisados pelo sentimento de culpa. Não é saudável carregar essa culpa por toda a vida: reconheça os seus erros, reflita e aprenda com eles. Dessa forma, somos capazes de crescer pessoalmente e alcançar nossos objetivos. Às vezes, o sentimento de culpa é tão forte que acaba governando as nossas vidas.

Não se julgue tão severamente, e nem permita que os outros sejam os seus algozes

Estamos sempre dependendo da aprovação social. Muitas vezes não somos capazes de dar um único passo sem levar em conta o que os outros dizem. E a nossa existência, em vez de ser um tesouro, se transforma em um lugar frio, escuro e sem esperança. Nós nos isolamos, não nos atrevemos a dar qualquer tipo de opinião, e fazemos todo o possível para nos tornarmos invisíveis.

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A situação é mais complicada quando decepcionamos alguém ou a nós mesmos. Independentemente de quem está certo, a primeira coisa que se impõe é assumirmos uma culpa que nos leva a nos julgarmos de uma forma cruel e impiedosa; a nossa confiança e autoestima recebem um golpe brutal.

Também pode acontecer que outras pessoas nos digam que o nosso comportamento não é adequado e nos imponham uma punição injusta, arbitrária e desproporcional. Inevitavelmente, nós somos os únicos feridos: merecemos o respeito que damos porque essa é uma das garantias para uma boa convivência.

Ninguém tem o direito de lhe negar uma segunda chance; nem você mesmo. Assumir os erros é um ato nobre e o enriquece espiritualmente. Estamos todos em igualdade de condições. Para que a culpa não se transforme em um obstáculo, é preciso perdoar e entender que os seus semelhantes não têm poder sobre você.

Deixe a culpa ficar no passado e viva o presente

Muitos confundem a frase “quem esquece a sua história está condenado a repeti-la” (atribuída ao poeta espanhol Jorge Agustín Nicolás Ruiz). Encontram nela uma razão para ficar no passado. É preciso recordar para não cometer os mesmos erros, mas também é verdade que ninguém pode crescer arrastando o peso do que poderia ter sido e não foi.

Talvez um dos erros mais comuns seja ficarmos presos ao passado. Nós nos comportamos como um prisioneiro condenado à prisão perpétua e nada consegue nos tirar dessa paralisia física e espiritual. Daí em diante, a culpa dominará cada uma das nossas ações e nos transformará em pessoas frustradas.

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Nós somos uma construção no tempo e no espaço. A nossa vida é muito curta em comparação com as distâncias no universo. Aqui medimos o tempo em segundos, minutos e horas; em dias e noites, em ciclos de semanas, meses e anos. A terra é apenas um pálido ponto azul num infinito de tempo, como disse Carl Sagan.

Se olharmos para o passado de uma forma construtiva, a culpa desaparecerá e conseguiremos sair desse impasse. É a única maneira de amadurecer. Se, em vez disso, deixarmos que o passado nos paralise e se imponha no nosso presente, não teremos possibilidades de avançar. Nós somos os arquitetos do nosso destino, porque o futuro está em nossas mãos.

Imagens cortesia Patt Brannaghan.

 


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