Ansiedade ecológica: o que é e por que ocorre?

A mudança climática, a poluição e a contaminação excessiva estão provocando novos problemas psicológicos. Entre eles está a ansiedade ecológica, que começa a gerar preocupação. Continue lendo para saber como ela ocorre e como nos afeta.
Ansiedade ecológica: o que é e por que ocorre?
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A menos que você tenha passado os últimos cinco anos da sua vida se escondendo em uma caverna, você certamente sabe quem é Greta Thunberg. Se você não sabe quem ela é, trata-se de uma ativista ambiental de 17 anos incrivelmente apaixonada por salvar o planeta do aquecimento global. Ao ouvir seu discurso e observar tudo que ela faz, nos perguntamos se ela pode estar sofrendo de ansiedade ecológica. Seria possível?

A verdade é que não temos uma resposta. E o motivo disso é que, cientificamente, não existe uma condição psicológica chamada ansiedade ecológica. No entanto, em 2019, um grupo de especialistas da Climate Psychology Alliance cunhou esse termo para se referir a um fenômeno que, longe de ser uma patologia, pode ser considerado uma preocupação real e racional.

O que é a ansiedade ecológica?

O que é a ansiedade ecológica?

Simplificando o termo, a ansiedade ecológica é uma preocupação com o meio ambiente natural. Isso inclui a destruição de habitats, o aquecimento global, a poluição e todos os problemas e desastres ecológicos causados ​​ou reforçados pela ação dos seres humanos e suas atividades produtivas no planeta.

As pessoas que experimentam essas preocupações se sentem ansiosas por pensarem em sua própria mortalidade, assim como a de seus entes queridos. Além disso, o fato de pensar sobre o futuro do mundo gera nelas uma profunda sensação de inquietação.

No entanto, isso não pode ser confundido com um transtorno de ansiedade clínica. Como comentamos anteriormente, esta não é considerada uma patologia nem apresenta um quadro clínico específico.

Apesar disso, a Associação Americana de Psicologia definiu esse termo em 2017. De acordo com ela, esse medo crônico da fatalidade ambiental pode piorar problemas de saúde mental existentes ou desencadear problemas anteriormente inexistentes.

Essa associação norte-americana afirma que, em 2019, devido ao impacto causado pelos inúmeros desastres naturais associados ao clima, houve um aumento geral da ansiedade ecológica.

Clima e saúde mental

O clima tem um impacto direto na mente de todo ser humano. Alguns são afetados pelo que está acontecendo atualmente, outros pelo que está por vir, como saber que uma ilha pode ficar completamente submersa em alguns anos devido ao aquecimento global.

No entanto, ambos os cenários podem causar várias sensações, como raiva, choque ou terror, e todas essas emoções, de forma mais ou menos intensa, podem levar ao transtorno de estresse pós-traumático.

Além disso, as consequências da mudança climática influenciam a atividade econômica e social, pois podem afetar indústrias como a da agricultura, da pecuária, e várias infraestruturas. Todos serão afetados pelo aumento intenso dos fenômenos naturais, como as tempestades ou o calor, que podem causar sentimentos de fatalismo, impotência e transtornos mentais de vários tipos.

A revista científica Global Enviromental Change publicou um estudo que liga a depressão e a ansiedade ao meio ambiente. Inclusive, quando se trata de ansiedade ecológica, os indivíduos mais afetados são as mulheres e pessoas com baixa renda. No entanto, ainda não existem dados claros a esse respeito.

O que sabemos sobre os afetados?

No momento, existem certos tipos de ansiedade baseados no que poderíamos chamar de medo infundado ou desproporcional (quando comparado à magnitude ou probabilidade da ameaça). No entanto, f alando do ponto de vista ecológico, trata-se de um problema real.

Assim, esse sentimento de insegurança se torna uma resposta natural devido à inquietação que provoca. Além disso, de acordo com os dados que apoiam a existência do problema, esses fatores são especialmente visíveis nas mulheres. Isso acontece porque elas tendem a ser mais preocupadas com a poluição, o aquecimento global e a mudança climática. Inclusive, muitas consideram que isso pode até afetar a sua fertilidade.

A ansiedade ecológica também afeta intensamente os jovens, que demonstram uma maior conexão com o meio ambiente e uma grande preocupação com o futuro, assim como os pais de meia idade, que sofrem com o impacto que isso pode ter no desenvolvimento de seus filhos.

“Estude a natureza, ame a natureza, aproxime-se da natureza. Ela nunca vai decepcioná-lo”.
-Frank Lloyd Wright-

Existe uma solução para a ansiedade ecológica?

Existe uma solução para a ansiedade ecológica?

Felizmente, ainda há tempo para mitigar esse tipo de ansiedade que, se continuar assim, pode se tornar um problema sério para muitos seres humanos. Basicamente, a melhor solução seria mudar os comportamentos sociais e econômicos, evitar o consumo e o comércio compulsivos e começar a implementar formas mais ecológicas de energia.

Além disso, também é necessário desenvolver a resiliência, que pode ser acompanhada de políticas equilibradas e ambientalmente amigáveis, para que tenham um efeito positivo na psique humana.

Adotar hábitos saudáveis, como utilizar menos o carro ou passar mais tempo na natureza, também pode ajudar a melhorar a sua ansiedade ecológica.


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  • Burns, D. (2012). Adiós, ansiedad. Paidós Editorial: Barcelona

  • Kormondy, E. (1978). Conceptos de Ecología. Alianza Editorial: Madrid

  • Albrecht G, Sartore GM, Connor L. (2007). Solastalgia: The distress caused by environmental change. Australasian Psychiatry.

  • American Psychological Association / eco-America (2017). Mental health and our changing climate: impacts, implications, and guidance. Washington, DC: APA


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