Como se desenvolve o apego nos filhos adotivos?

Como se desenvolve o apego nos filhos adotivos?
Laura Reguera

Escrito e verificado por a psicóloga Laura Reguera.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Por que é importante falar sobre o apego nos filhos adotivos? A realidade é que há uma série de situações nos seus primeiros anos de vida que podem causar o desenvolvimento de algumas complicações comportamentais associadas. Normalmente, as crianças adotadas não têm um passado feliz: já passaram por muitas experiências avassaladoras.

Isto pode fazer com que as crianças se comportem de forma preocupante para os seus pais adotivos. Às vezes apresentam comportamentos de dependência exagerada. Outras vezes, tentam se distanciar emocionalmente deles… Por que agem assim?

“Quando pertencemos a uma mãe, a uma família, uma língua e uma cultura, construímos a nossa identidade, nos tornamos alguém”.
– Boris Cyrulnik –

Crianças sorrindo

Quais são as variáveis que ​​influenciam o apego nos filhos adotivos?

As crianças adotadas frequentemente passam por situações que nem sempre são fáceis ou apropriadas para a sua idade, antes de morar com a sua nova família. Existem algumas experiências que desempenham um papel fundamental no desenvolvimento do apego. Por um lado, é mais difícil para essas crianças terem um vínculo afetivo com seus pais adotivos se tiverem experimentado experiências de maus-tratos e/ou negligências na sua família de origem ou nas instituições.

Nos nossos primeiros anos de vida, precisamos que os adultos que nos rodeiam respondam eficazmente às nossas exigências de apoio e proximidade. Pelo contrário, se eles nos negligenciam ou respondem de forma agressiva, geram desconfiança e medo por essa figura que deveria transmitir segurança, o que influenciará os nossos relacionamentos futuros.

Algo parecido acontece quando as crianças passam muito tempo em instituições de acolhimento. São muitas crianças abandonadas e esses centros nem sempre conseguem suprir as suas necessidades afetivas e psicológicas tão importantes nessa idade. Portanto, é uma variável que influencia o desenvolvimento do apego nos filhos adotivos.

O fato é que, embora estejam muito bem cuidadas fisicamente, geralmente há apenas um cuidador para muitas crianças. Por isso, é muito difícil atendê-las emocionalmente com o envolvimento de que elas precisam. Por essa razão, observamos diferenças no desenvolvimento do apego nos filhos adotivos nos primeiros meses de vida em comparação com aqueles que são adotados mais tarde.

“O que fizermos com as crianças, elas farão com a sociedade”.
– Karl Menninger –

Menino de cabelos cacheados

Quais são as características dos pais adotivos que favorecem um apego mais adequado?

Essas primeiras experiências estão fora do controle dos pais adotivos. Será que há algo que você possa fazer para ajudar os seus filhos a se desenvolverem adequadamente a nível afetivo e social? Claro que sim. No desenvolvimento do vínculo afetivo, os comportamentos e a personalidade dos pais e das mães desempenham um papel fundamental.

A fase de adaptação da criança em uma nova família pode durar um longo tempo e ser desgastante emocionalmente, demandando paciência, segurança e muito afeto por parte dos adultos. A estabilidade emocional, boa tolerância ao estresse, flexibilidade e a expressão do afeto de forma apropriada, são algumas das características dos pais que favorecerão um bom desenvolvimento do apego nas crianças adotadas. Ou seja, deverão ser pessoas maduras com um apego seguro e que também sejam capazes de ensiná-lo, tanto com indicações quanto com exemplos.

São pais que contam com recursos suficientes para enfrentar as adversidades e regular as emoções negativas de forma adaptativa, capazes de pedir ajuda se acharem necessário. Além disso, quando o fazem, não sentem que esse pedido de ajuda os torna “pais melhores ou piores” ou prejudica a sua autoestima. Graças a isso, eles são capazes de transmitir aos seus filhos a importância do gerenciamento emocional e o desempenho que pode ser obtido quando o fazemos corretamente.

Essa empatia os colocará em uma posição privilegiada: conseguirão conectar os seus filhos com a sua origem. Desta forma, favorecem uma visão mais realista dos motivos da sua adoção. Algo que é muito importante, uma vez que muitas crianças nesta situação se sentem culpadas e desvalorizadas por terem sido abandonadas. Tudo isso é essencial para que elas tenham um vínculo afetivo seguro. A adoção é uma forma linda de formar uma nova família que deve ser muito bem cuidada por todos e para todos!

“O que conta não é o direito de qualquer pessoa adotar uma criança, mas o direito da criança de não ser adotada por qualquer pessoa”.
– Fernando Savater –

Imagens cortesia de Rene Bernal, Larm Rmah e Ben White.


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