Apneia do sono: causas, sintomas e tratamento

Apneia do sono: causas, sintomas e tratamento
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 25 março, 2022

Dizem que a apneia do sono é uma doença que vai nos roubando o oxigênio e pode até roubar dias de nossas vidas enquanto estamos dormindo. Não são apenas roncos intensos interrompidos repentinamente. A síndrome da apneia obstrutiva do sono afeta quase 5% da população e está associada a um maior risco de desenvolver determinadas doenças.

Com frequência, muitos de nós consideramos “normais” certos processos fisiológicos que, na realidade, não são nem normais, muito menos saudáveis. Há quem diga que todos nós roncamos à noite, especialmente os homens, e que isso não é razão suficiente para ir ao médico, e nem motivo para receber tanta importância.

A apneia do sono é uma condição grave e mais comum do que pensamos: ela afeta igualmente a homens e mulheres, e as consequências são sérias.

Isso é um erro. A apneia do sono é uma condição grave, inclusive fatal, por uma razão muito fácil de se compreender: estamos diante de um transtorno no qual a respiração é interrompida de forma repentina durante o sono. Deixamos de respirar durante 5, 6 ou 10 segundos. Dali a pouco, o nosso corpo reinicia, de forma automática, o processo de respiração sem que percebamos.

Pode ser que, à primeira vista, isso nos pareça algo de pouca relevância, mas temos que levar em consideração que essa irregularidade respiratória às vezes se repete por mais de 20 vezes no período de uma hora. As consequências são evidentes, ainda mais se pensarmos que essa particularidade acontece noite após noite. A síndrome da apneia do sono não é inofensiva; e mais, a ideia de que essa condição só afeta os homens também não é correta: existem estudos  que demonstram que a incidência da condição no sexo feminino é igual a do sexo masculino.

Homem roncando

O que é a apneia do sono e quais são seus sintomas?

Quem sofre dela não percebe. Não percebe os seus roncos altos, nem a interrupção brusca de sua respiração. As vias respiratórias se estreitam provocando um colapso, não deixando o ar chegar aos pulmões. Isso significa, em primeiro lugar, que o nosso corpo deixa de receber oxigênio, que o nível de CO2 no sangue se eleva e que há falta de oxigenação no nosso cérebro por 7 ou 10 segundos.

Logo, a pessoa volta a respirar depois de um ronco muito mais forte que o normal, como quem emerge da água ou como quem recupera a respiração após ter engasgado. Ainda, e considerando o número de interrupções por hora, podemos classificar essa doença em 3 categorias, de maior a menor gravidade:

  • Leve: se essas interrupções ocorrem entre 10 e 20 vezes por hora.
  • Moderada: se ocorrem entre 20 e 30 vezes por hora.
  • Severa: a mais grave; nesse caso, essas interrupções respiratórias ocorrem mais de 30 vezes por hora.

Causas da apneia

Existem várias causas associadas à síndrome da apneia do sono. É muito comum que tenhamos em mente a imagem clássica de um homem de meia idade e obeso. Esse paciente ronca durante a noite e, mais tarde, acorda esgotado e sem ânimo para enfrentar o seu dia. Pois bem; é importante dizer que há muitas variantes e que esse transtorno tem diferentes origens:

  • Desvio do septo nasal.
  • Pólipos nas vias respiratórias.
  • Palato grande.
  • Particularidades craniofaciais: a forma do rosto, dimensões do maxilar inferior, comprimento do pescoço…
  • Obesidade.
  • Hipertiroidismo.
  • Fumantes: tabaco contribui para a inflamação das vias respiratórias.
  • Além disso, existe outra particularidade não muito comum, porém presente nesta doença: existem pessoas com uma pequena alteração cerebral que faz com que o cérebro deixe de enviar os estímulos respiratórios durante pequenos períodos durante a noite.
Gordura visceral perigosa

Por outro lado, é importante levar em consideração um dado que já apontamos no início deste artigo. A apneia do sono afeta tanto os homens quanto as mulheres. Entretanto, no caso das últimas, a incidência aumenta significativamente, sobretudo, na chegada da menopausa, momento em que as diversas alterações metabólicas contribuem para o aparecimento do problema.

Consequências da apneia

O principal efeito da apneia é mais que evidente: a pessoa experimenta um grande cansaço durante o dia, além de sonolência. Existem casos, quando a condição é mais grave, em que o paciente se sente totalmente incapaz de realizar muitas atividades, com esgotamento extremo e incapacitante.

  • Além disso, é comum que também sofram de secura na boca, transpiração em excesso e, inclusive, falem durante a noite.
  • A dor de cabeça é outra consequência muito recorrente.
  • Se a apneia é severa, os pacientes apresentarão inchaço nas pernas.
  • Também podem apresentar problemas de concentração, perdas de memória…
  • No caso das crianças que sofrem de apneia, notou-se que costumam evidenciar um comportamento hiperativo.
Cérebro humano

Consequências graves da apneia

  • Hipertensão
  • Asma.
  • Fibrilação auricular.
  • Um risco maior de desenvolver determinados tipos de câncer.
  • Problemas renais.
  • Transtornos cognitivos e de comportamento: diminuição da atenção, problemas de habilidade motora e de memória verbal e visuoespacial.
  • Maior risco de desenvolver demência.
  • Doenças do coração e dos vasos sanguíneos, como arteriosclerose, ataques cardíacos, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral.
  • Transtornos oculares, como glaucoma, olho seco, etc.
  • Transtornos metabólicos, incluindo intolerância à glicose e diabetes tipo 2.
  • Complicações da gestação como, por exemplo, a diabetes gestacional.

Tratamentos para a apneia

Os tratamentos para a apneia dependerão, sem dúvida, da condição médica de cada paciente, de suas características e da causa desse transtorno do sono e respiração. Não será a mesma coisa, por exemplo, tratar um paciente com hipertiroidismo e outro com problemas no septo nasal e fumante, ou uma criança com obesidade que já evidencia esse problema.

Assim, no geral, esses são os enfoques terapêuticos mais comuns:

  • Melhorar os hábitos de vida: melhorar a alimentação e manter uma vida mais ativa.
  • Utilizar um dispositivo noturno de respiração, como uma máquina de “CPAP “, que expulsa ar à pressão e se conecta a um tubo com uma máscara facial.
  • Os aparelhos de reposicionamento mandibular: são dispositivos que cobrem os dentes superiores e inferiores e mantêm a mandíbula em uma posição que evita o bloqueio da via aérea superior.
  • Os dispositivos de retenção da língua: são aparelhos que mantêm a língua em uma posição para frente, para evitar o bloqueio da via aérea superior.
  • Além disso, é interessante notar que existem terapias muito interessantes que ensinam as pessoas a melhorar a posição da língua e fortalecer os músculos que controlam os lábios, a língua, o palato mole, a parede faríngea lateral e o rosto. Tudo isso favorece o descanso noturno, a respiração e o desaparecimento da apneia.

Por último, e nos casos mais graves, é comum que se recorra à cirurgia para favorecer a correta respiração noturna. Como vemos, cada pessoa irá requerer um método particular de tratamento para melhorar o seu sono e, em última instância, a sua qualidade de vida.

Referências bibliográficas

  • García Urbano, J. (2012). Roncopatía y Apnea Obstructiva – Soluciones a los problemas del sueño. ISBN 978-84-937238-9-7.
  • Friedman, Michael (2009). Apnea del sueño y roncopatía: tratamiento médico y quirúrgico. Elsevier España. 

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.