Aprender a dizer o que você sente também é saúde

Dizer o que sentimos não apenas alivia o mal-estar e permite uma boa higiene emocional; a habilidade de nos comunicarmos emocionalmente facilita a convivência, nos ajuda a impor limites quando necessário e fortalece a nossa saúde psicológica.
Aprender a dizer o que você sente também é saúde
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 02 dezembro, 2021

Aprender a dizer o que você sente não é fácil. Por onde começar? Todos temos a capacidade de falar da série de televisão que estamos acompanhando e da qual tanto gostamos. Também é fácil descrever comportamentos alheios, o que os outros fazem, o que os outros dizem. No entanto, aprofundar-se no seu próprio estado de humor e traduzir em palavras o que está dentro de você é muito mais difícil.

Poderíamos dizer que é quase como aprender um novo idioma. Um idioma no qual fazemos uso de uma terminologia que integra sensações, emoções e pensamentos. Um idioma para canalizar necessidades e um mal-estar psicológico que nos invalida e que precisa sair por algum lugar.

O desabafo e a expressão emocional não apenas são catárticos, mas se transformam em algo realmente curador.

Daniel Goleman diz que é como abrir uma gaiola e deixar livres os pássaros das nossas emoções. No entanto, sabemos que é muito fácil dizer, que a maioria de nós sabe que falar sobre nós mesmos pode aliviar o peso que carregamos por dentro.

No entanto, como fazer isso? Como realizar esta atividade singular da expressão emocional? E mais do que isso… com quem fazê-lo?

Todas essas questões não são menores, porque se é relevante saber expressar e comunicar estados de humor, é ainda mais decisivo saber com quem fazer isso. Há quem nos invalide enquanto outros, por outro lado, são como as rodas de um moinho: facilitadores do movimento emocional e da liberação da angústia. Vamos nos aprofundar nisso.

Rapaz triste

Conselhos para aprender a dizer o que você sente sem se arrepender

Aprender a dizer como você se sente vai ajudá-lo a se sentir melhor, a investir em bem-estar, autoestima e solvência emocional. No entanto, é preciso levar em conta um aspecto relevante.

Essa expressão de sentimentos e sensações não deve ocorrer quando não conseguimos mais, quando chegamos ao limite e o incômodo machuca, quando as frustrações invalidam e apagam a nossa vontade de seguir adiante.

Dizer o que você sente, hoje em dia, é uma questão de saúde, um hábito a adquirir. Porque se algo o indigna e irrita, não há motivo para ocultá-lo. Você deve aprender a expressar seus sentimentos com assertividade. Assim, caso determinadas pessoas, circunstâncias ou pessoas lhe façam mal, gerando angústia ou tristeza, não se pode deixar isso passar.

Enfrentar o que lhe dói ou preocupa aqui e agora evitará problemas futuros, ao mesmo tempo em que vai melhorar a sua relação com outras pessoas. A sinceridade, o bom uso da assertividade e a autogestão emocional cotidiana favorecem a convivência e também a própria saúde. Vejamos como fazer isso.

Antes de dizer o que você sente, é preciso saber o que você sente

A autoconsciência é o primeiro passo da comunicação emocional. Para entender melhor, vamos dar um exemplo. Ultimamente, estamos tendo mais discussões quando chegamos em casa. As irritações com o parceiro são cada vez mais comuns. Diante dessa situação, o que devemos fazer é esclarecer o que acontece e o que provoca esta situação.

Em alguns casos, o foco do problema não está em casa e menos ainda em quem convive com você. O foco original pode ser o seu trabalho na forma do estresse que vai se acumulando. Esse mal-estar interno viaja conosco até as nossas casas, criando um ambiente desagradável.

Uma emoção é uma impressão carregada de informação que não pode ser escondida

Jack Mayer e Peter Salovey, professores de psicologia da Universidade de New Hampshire e da Universidade de Yale, destacam que cada emoção é como um código que transmite um tipo pontual de informação. Portanto, uma das nossas tarefas é saber traduzi-las, primeiro para nós mesmos e depois para os demais.

O problema é que, tradicionalmente, ninguém nos ensinou a fazer isso. O mais comum é que nos convençam da necessidade de reprimir boa parte do que sentimos. Se algo dói, acreditamos que devemos esconder esse fato. Se algo nos incomoda, devemos ser corretos e educados, ignorando essa emoção.

Aprendemos que há emoções ruins, como a ira, a raiva, a tristeza e a decepção. No entanto, na realidade, saber lhes dar o seu espaço, lê-las e situá-las a nosso favor é uma ferramenta excepcional de bem-estar psicológico.

  • Dizer o que você sente quando algo o irrita vai ajudá-lo a fazer com que este fato não ocorra novamente.
  • Se você sentir ira, significa que há um aspecto da sua vida que requer mudanças e que exige que você se mobilize.
  • Se o que você sente é tristeza, deve dar a si mesmo um tempo para se recuperar, sabendo que há coisas que é preciso aceitar.
Mulher desanimada

O seu estado de humor é seu, mas você pode compartilhá-lo com pessoas que o entendam

Aprender a dizer o que você sente vai permitir que você seja cada vez mais hábil em inteligência emocional. O seu estado de humor é seu e não se pode esperar que outras pessoas solucionem os seus problemas, ou jogar sobre os outros a obrigação de fazer você se sentir melhor. Essa tarefa é só sua.

Daqueles que o rodeiam, você pode esperar apoio, compreensão e proximidade. Por isso, é importante selecionar com inteligência as pessoas com quem você compartilha o que sente, o que o machuca e preocupa.

O melhor é evitar aqueles que são rápidos para julgar, que subestimam os seus sentimentos e que oferecem receitas rápidas e genéricas para solucionar problemas específicos sobre os quais incidem muitas variáveis.

Para concluir, o tema das emoções continua sendo desafiador para a maioria das pessoas. Reconhecer o que sentimos e saber expressá-lo com assertividade é fundamental para a sobrevivência e o bem-estar. Trabalhemos estes aspectos.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.