A aprendizagem social de Albert Bandura
Conhecemos Albert Bandura por ser o pai da aprendizagem social e um dos psicólogos mais influentes de todos os tempos. Tanto que no ano passado foi premiado com a Medalha Nacional de Ciências em um evento realizado na Casa Branca.
Em um momento em que o behaviorismo dominava a psicologia da aprendizagem, Bandura deu um passo além e formulou sua teoria da aprendizagem social. A partir de então, começa a dar importância aos processos cognitivos e sociais que interferem na aprendizagem das pessoas, e não apenas a considerar as associações entre estímulos ou os reforços que seguem os comportamentos, como o behaviorismo havia feito até então.
A pessoa não é mais considerada uma marionete que está às custas das contingências do ambiente, é capaz de colocar em jogo seus processos privados, como a atenção ou o pensamento, para aprender.
No entanto, Bandura reconhece o papel dos condicionamentos que surgem no ambiente e está ciente de que são uma parte importante da aprendizagem, mas que não é a única. Para esse autor, o reforço somente é necessário para que a execução ocorra, não o aprendizado em si.
Nosso mundo interno é essencial na hora de incorporar um novo comportamento em nosso repertório ou realizar aqueles que já possuímos, mas não somos capazes de executar. Grande parte de nossos comportamentos atuais são devidos à imitação ou aprendizagem vicariante de modelos que, para nós, são relevantes.
Quem não aprendeu a fazer os mesmos gestos de um dos pais quando mantém uma conversa, ou superou algum medo quando viu que seu melhor amigo era capaz de fazê-lo?
A importância da aprendizagem social
De acordo com Bandura, existem três componentes que interagem de forma mútua no que diz respeito à aprendizagem. É o chamado determinismo recíproco ou reciprocidade triádica. São eles: a pessoa, o ambiente e o comportamento. Portanto, o ambiente influencia o sujeito e seu comportamento, mas o sujeito também influencia o ambiente por meio de seu comportamento.
As pessoas aprendem observando os outros, o nosso ambiente. Não apenas aprendemos com reforços ou castigos como os behavioristas postulavam, mas a mera observação já produzia em nós certos efeitos de aprendizagem sem a necessidade de reforços diretos.
No famoso experimento do boneco Bobo, realizado por Bandura, podemos observar esses efeitos. Foi feito com crianças entre três e cinco anos de idade que foram separadas em dois grupos. Mostraram a um deles um modelo agressivo, e ao outro um modelo um não agressivo. Cada grupo observou em uma sala com brinquedos o modelo que lhe correspondia. Este se mostrava agressivo ou não com o boneco Bobo, de forma que as crianças aprendiam da mesma maneira a serem agressivas ou não com o boneco.
Este experimento tem um grande significado para a psicologia, pois podemos entender por que algumas pessoas se comportam de uma determinada maneira. Por exemplo, os comportamentos desafiadores de alguns adolescentes que nasceram em famílias desestruturadas e que foram expostos a certos comportamentos até que, finalmente, aprenderam pela imitação de seus modelos de referência e os incorporaram ao seu modo de ser.
O que influencia o aprendizado vicariante?
De acordo com Bandura, além dos três elementos básicos que mencionamos anteriormente, existe uma série de processos que são necessários para que ocorra o aprendizado através da observação:
- Processos de atenção: a atenção no modelo que executa a ação a ser aprendida é fundamental. Neste processo, influenciam variáveis como a intensidade do estímulo, a relevância, o tamanho, a facilidade para ser discriminada, a novidade ou a influência de frequência. Outras variáveis são aquelas do modelo de execução. O sexo, raça, idade ou a importância concedida pelo observador podem modificar o processo de atenção. Em relação às variáveis da situação, constata-se que as tarefas mais difíceis não podem ser copiadas, e as mais fáceis, contribuindo pouco para o assunto, perdem a atenção.
- Processos de retenção: trata-se de um processo intimamente relacionado à memória. Permite que o sujeito possa realizar o comportamento mesmo que o modelo não esteja mais presente. A associação do percebido pelo observador com elementos já conhecidos previamente e a prática cognitiva ou revisão do que foi aprendido pode ajudar a manter a capacidade retentiva.
- Processos de reprodução: trata-se da passagem do que foi aprendido, como imagens, símbolos ou regras abstratas para comportamentos concretos e observáveis. Para isso, o sujeito deve dispor das habilidades básicas para realizar o comportamento a ser aprendido, e ter seus componentes básicos dentro de seu repertório de comportamentos.
- Motivações de processos: é o outro processo importante para a execução do comportamento aprendido. O valor funcional do comportamento pode fazer com que ele seja executado ou não. Esse valor depende de incentivos diretos, indiretos, auto-produzidos ou intrínsecos.
Quais efeitos a aprendizagem observacional possui?
Existem três tipos diferentes de efeitos que podem ser produzidos ao observar o comportamento de um modelo. São o efeito de aquisição, o efeito inibitório ou desinibitório, e a facilitação.
- Efeito de aquisição de novos comportamentos: o sujeito adquire novas habilidades e comportamentos graças à imitação e às regras necessárias para completá-las e desenvolver outras novas na mesma linha de ação. Os comportamentos adquiridos não são apenas habilidades motoras, mas também respostas emocionais.
- Efeito inibitório e desinibitório: se o efeito anterior gera a aquisição de novos comportamentos, este promove a desinibição ou inibição dos já existentes por meio de mudanças motivacionais. Nesta variável entra em jogo a percepção da capacidade do próprio sujeito ou as consequências que o modelo recebe através de sua ação.
- Efeito de facilitação: finalmente, este efeito refere-se à facilidade de aprendizagem observacional para realizar, em maior medida, comportamentos já existentes e que não estão inibidos.
Muitos dos nossos comportamentos são adquiridos por imitação. Embora seja verdade que o temperamento, de origem mais biológica, desempenha um papel importante, os modelos que nos cercam são ainda mais. O fato de ser tímido, falar mais devagar ou mais rápido, nossos gestos, se somos pessoas agressivas ou temos alguma fobia, são, em parte, aprendidos através da modelagem.
A teoria da aprendizagem social de Bandura não só tem sido relevante para entender por que as pessoas se comportam de uma determinada maneira, mas também para tratar os comportamentos considerados desadaptativos ao observar novos modelos que, por exemplo, superam seus medos, comportam-se de maneira apropriada e também são reforçados por eles.
Referências bibliográficas
- Bayes, R. y Pinillos, J.L. (1989). Aprendizagem e condicionamento. Editorial Alhambra. Madrid
- Domjam, M. y Burkhar (1990). Princípios de aprendizagem e comportamento. Editorial Debate. Madrid