Aquilo que não nomeamos deixa de existir, mas tem consequências

Reprimir as emoções nos prejudica por dentro; impedimos que aquilo que não nomeamos exista para os outros, mas isso nem sempre é benéfico.
Aquilo que não nomeamos deixa de existir, mas tem consequências
Adriana Díez

Escrito e verificado por a psicóloga Adriana Díez.

Última atualização: 27 janeiro, 2023

Para onde vão os medos que não têm nome? Onde estão as emoções que deixamos passar sem nomear? Como tratamos o que nos machuca se, em vez de encararmos tais coisas, as evitamos? Em que lugar ficam aqueles sonhos que não chegam a ser realizados? Tudo aquilo que não nomeamos deixa de existir.

O fato de que deixe de existir não significa que deixa de doer; deixa de ter efeito para o mundo, mas não para nós. Continua a doer da mesma forma quando você não fala sobre o que o incomoda nos outros ou o que o enfurece por dentro. Continua a doer quando atingem a sua autoestima e o diminuem, mas se você não contar, deixa de existir.

Como podemos definir nossos medos se não lhes dermos um nome? Quando os nomeamos lhes damos forma e, com isso, possibilidades de confronto e superação, mas se não o fazemos, os medos diminuem. Podemos falar de uma névoa, com grande valor para nós, mas sem nome, sem identidade, incapaz de lidar, poderosa e que existe apenas em nossas cabeças.

“Manual de sobrevivência:

Engolir o orgulho não engorda.

Permanecer firme não faz você mais forte.

As lágrimas saem, mas também enchem.

Perdoar engrandece.

Pedir perdão te faz imenso.

Perguntar te faz sábio.

Ficar com a dúvida te torna tolo.

Amar não é fraqueza.

O ódio é para o coração fraco.

Amar a si mesmo é necessário.

Ser você mesmo é essencial “.

-Iván Izquierdo-

Como lidar com aquilo que não nomeamos

Como o que não nomeamos nos afeta?

Você sabia que um terço das pessoas que consultam um médico possuem sintomas sem nenhuma explicação médica? A dor não se encontra no físico, mas no psíquico; o que acontece? Continua a doer da mesma forma. Permanece dentro sem poder sair e se converte em dor, em danos ao corpo e em danos à pele.

Quanto mais tempo passamos a sós com a nossa dor, quanto maior ela fica dentro de nós e não se solta, mais possibilidades temos de adoecer. Quando vemos, mas ficamos em silêncio, quando ouvimos, mas não ajudamos, ou quando dói, mas não curamos. Estas são formas, são maneiras de fazer adoecer nosso corpo e nossa alma, são maneiras de nos prejudicar, porque não damos nome ao que nos rodeia.

Sofrer sozinho queima por dentro, então não há melhor cura do que nomear o que nos mata, nomear os nossos medos e os nossos sonhos, nomear o que acreditamos ser injusto. Quando nomeamos temos o poder para fazer algo, trabalhar e enfrentar tais situações, sendo mais fortes do que elas, porque já possuem imagem e forma. É aí que assumimos o controle.

“Quanto mais tempo se sofre em silêncio, mais doente se está”.
-Paulo Roberto Gaefke-

Quebrar as correntes que nos limitam

Por que não é bom reprimir o que temos dentro de nós?

As pessoas não podem entender o que não nomeamos, e portanto não podemos ser ajudados. É apenas uma mochila que carregamos, mas ninguém vê e, como consequência, não dividimos o peso. É um fardo que armazenamos sozinhos e solitários, pois só nos atormenta e nos persegue.

As emoções desempenham um papel importante na vida humana, portanto, regulá-las é essencial para nossa saúde mental e para nossa saúde física. Segundo explicam os cientistas Philippe Goldin e James Gross em um artigo na revista Biological Psychiatry, as emoções têm uma correlação com o nosso padrão de atividade cerebral, expressando-as ou não. Por outro lado, eles também estabeleceram que a repressão das emoções ativa a amígdala e a ínsula. Da mesma forma, refletir sobre as emoções ajuda a reduzir o impacto negativo no cérebro e na psique.

Saber expressar e como expressar o que sentimos e a situação em que estamos nos torna livres, nos faz liberar pelo menos parte da dor ou dano que podem nos ter feito. Quando identificamos as emoções que derivam de uma situação (medo, alegria, raiva…), estamos mais próximos de encará-las de maneira inteligente.

Quando falamos, nos curamos; quando nos esvaziamos por dentro, diminuímos o problema porque podemos compartilhá-lo. Quando nomeamos, damos uma entidade ao problema, que, de toda forma, temos que enfrentar.


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  • Goldin PR, McRae K, Ramel W, Gross JJ. The Neural Bases of Emotion Regulation: Reappraisal and Suppression of Negative Emotion. Biological Psychiatry Vol. 63, Issue 6, Pages 577-586.

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