Às vezes se ganha e outras se aprende
Dizem que perder para aprender não é perder, e isso é absolutamente verdadeiro. Você só é derrotado se quiser: se não quiser, tire proveito dessa perda e aprenda algo novo sobre si, sobre o que está faltando e o que está sobrando para alcançar a vitória.
Às vezes se ganha e outras se aprende. Não há um único ser humano que tenha passado pela vida sem conhecer a derrota. Na verdade, muitos dos grandes feitos são uma escalada de falhas, até que se convertem em uma vitória contundente. Não foi assim que foram feitos os grandes descobrimentos e as grandes conquistas da humanidade?
Precisamente o que faz com que o sabor da vitória seja tão doce é a dificuldade que ela implica. Ninguém saboreia uma vitória que chega às suas mãos sem lutar por ela. Talvez possa se orgulhar da sua sorte, mas não irá se orgulhar da sua conquista, porque só é uma conquista quando combina talento e esforço.
Às vezes se ganha
Carlos Serrano é um atleta que detém o recorde mundial em natação paraolímpica. Nas redes sociais ele compartilha uma foto em que aparece segurando um letreiro que diz: “Nos treinamentos se ganham as medalhas. Nas competições elas são recolhidas”.
A frase não pode ser mais correta. O que garante a vitória é o trabalho sobre si mesmo, a preparação, o esforço que implica desenvolver todo um processo em que se vai gradualmente quebrando as suas próprias marcas.
Ganhar não é uma realidade reservada para que os têm mais capacidades, e sim para quem sabe usá-las melhor. Ganhar é um fruto que só prova quem é capaz de se propor uma meta, lutar sem descanso por ela e trabalhar vezes sem conta sobre as suas próprias falhas e lacunas, para se fazer digno da vitória.
A mentalidade do vencedor é caracterizada pelo esforço e o trabalho, que ocupam um lugar primordial. Quem sabe ganhar também sabe que nada cresce sozinho, e sim que é produto principalmente da perseverança.
Ganha-se primeiro na luta consigo mesmo para definir as metas, para confiar no que é capaz de fazer, para construir uma decisão suficientemente persistente às eventualidades e para se manter firme, apesar das dificuldades. Quando alguém consegue isso, só lhe resta ir “recolher as medalhas”.
Não existe uma receita para a vitória, mas é possível definir as características do vitorioso. A primeira delas é a fé em seu próprio trabalho. A isto podemos somar uma grande capacidade para ser autocrítico, de uma maneira saudável. Isso significa ter capacidade suficiente para avaliar objetivamente seus erros e acertos.
Às vezes se aprende
Na Grécia antiga houve um verdadeiro culto à concorrência, particularmente a esportiva. Naquela época, tais eventos tinham um valor muito diferente do que têm hoje em dia. Platão, em A República, insistia que os jovens deveriam ser educados sobre dois pilares: a ginástica e a música.
Por ginástica entendia-se a educação do corpo, e por música, a educação da alma. Para os gregos era impensável que alguém fosse capaz de vencer em uma competição esportiva se, ao mesmo tempo, não tivesse grandes valores como ser humano.
O que trazia mais mérito ao atleta era precisamente este “ser melhor” em comparação às pessoas médias. O que se exaltava era o seu valor e seu esforço. As concorrências eram denominadas com a palavra “Agon”, que significa luta, desafio. Daí vem a palavra “agonia”, que nos nossos tempos se refere a uma condição que separa a vida da morte.
Só existem ganhadores e perdedores quando há concorrência. E só existe concorrência saudável quando ela é direcionada para as áreas que precisam ser trabalhadas, polidas, melhoradas, como condição para alcançar a vitória.
A derrota sempre é relativa. E é relativa porque depende sempre dos sentimentos, emoções e atitudes que se originam em quem experimenta a impossibilidade de conseguir um objetivo, em um momento determinado. Só é derrota, no sentido estrito do termo, se o que se segue é o abatimento total.
Se, no entanto, a impossibilidade de alcançar um objetivo se converte em fonte de reflexão e de aprendizagem, não podemos falar de derrota como tal. Essa aprendizagem é um repensar das razões pelas quais a pessoa não conseguiu alcançar a vitória, e inclusive uma revisão da própria meta. Às vezes a derrota é um sinal de que estamos no caminho errado, em busca de um propósito que talvez não seja o melhor para nós.
Para quem tem uma mentalidade vencedora, a palavra derrota, na realidade, não existe. O que existem são situações em que você consegue o que foi proposto e outras em que você tem a possibilidade de aprender algo que não sabia.