4 aspectos do vocabulário emocional que todo adulto deve gerenciar

As palavras moldam a nossa realidade. Por esse motivo, quem não possui um vocabulário emocional rico experimenta dificuldades para compreender e ser compreendido pelos outros. Saiba como você pode melhorar esta dimensão.
4 aspectos do vocabulário emocional que todo adulto deve gerenciar
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

As emoções nos acompanham a cada segundo de nossas vidas e condicionam as nossas ações. Levando em conta seus ditames, tomamos decisões, nos comportamos de uma forma ou de outra e interagimos com os outros. Dada a sua influência, é recomendável aprendermos desde cedo a identificá-las, entendê-las e gerenciá-las; mas esse aprendizado nem sempre ocorre. Hoje, queremos lembrá-lo de alguns aspectos do vocabulário emocional que todo adulto deve gerenciar.

O vocabulário emocional é a gama de termos, conceitos e significados com que uma pessoa lida quando se refere a seus estados internos. Quanto mais amplo, rico e variado for, mais fácil será especificar o que ela sente, compreender e transmitir aos outros.

Aspectos importantes em relação ao vocabulário emocional

Idealmente, todos devemos desenvolver esse vocabulário na infância e enriquecê-lo à medida que crescemos. Nesse sentido, alguns estudos descobriram que crianças que são ajudadas a desenvolver o vocabulário emocional apresentam comportamentos menos desafiadores e se relacionam melhor com seus pares.

No entanto, a educação emocional nem sempre teve tanta importância como hoje. Portanto, se você atingiu a idade adulta e sente que tem dificuldade nesse âmbito, mostramos alguns passos básicos que você pode dar para começar.

1. Ter um vocabulário emocional amplo

O que você responde quando alguém pergunta como você está? Certamente, como muitos de nós, você se limita a responder bem ou mal. Verificou-se que, no ambiente escolar, o vocabulário emocional que costuma ser utilizado pelas crianças não ultrapassa 10% das possibilidades.

Isso pode ser apropriado quando a pergunta é feita por cortesia. No entanto, nas circunstâncias em que é necessário que o outro compreenda o que você sente, essas duas palavras não fornecem informações suficientes. Além disso, é provável que você também acabe refletindo sobre esses termos e não entenda bem o que está acontecendo com você.

Expandir o vocabulário emocional consiste em habituar-nos a usar diferentes termos que nos permitam expressar o nosso estado emocional de uma forma mais concreta e precisa. Em vez de “bem”, podemos nos sentir felizes, excitados, animados, calmos, aliviados… E, em vez de “mal”, podemos nos sentir tristes, preocupados, frustrados, com raiva ou oprimidos. Como você pode ver, essas nuances permitem um entendimento muito mais profundo.

Amigas conversando enquanto tomam café

2. Fale a partir da sua própria perspectiva

Não se trata apenas de ter um vocabulário amplo o suficiente para poder nomear e identificar as emoções; é importante saber expressá-las de forma adequada. Para isso, é aconselhável falar sobre o que você sente, e não sobre o que o outro fez. Esta técnica simples faz parte da comunicação assertiva e permite evitar vários conflitos.

Se em vez de dizer “você é cruel e egoísta”, você disser “fiquei magoado com o que aconteceu”, é mais provável que a outra pessoa esteja disposta a dialogar e compreender. Se nos concentrarmos em transmitir nossos sentimentos, em vez de reprovar o comportamento dos outros, será mais fácil chegar a um consenso e aplicar mudanças.

3. Saiba como diferenciar as emoções

Mesmo pessoas com uma inteligência emocional superior podem confundir seus humores. Nem sempre é fácil diferenciar se estamos com raiva ou tristes, se sentimos ira ou frustração, se estamos irritados ou desapontados. As manifestações dessas emoções muitas vezes se sobrepõem, e é necessário fazer uma introspecção para poder identificar a verdadeira origem do desconforto.

O mundo em que vivemos não é propício ao trabalho interno; estamos sempre ocupados e distraídos, e olhar para dentro nos assusta. Mesmo assim, adquira o hábito de ouvir a si mesmo, acostume-se a refletir quando se sentir mal, comece um diário terapêutico de escrita… só assim você estará em condições de tornar suas emoções suas aliadas, e não suas donas.

4. Mantenha a consistência na fala

Controlar as emoções não é fácil, mas para isso é essencial sabermos conciliar o nosso discurso com o que usamos com os outros. Para elaborá-lo, pergunte-se o seguinte:

  • O que aconteceu que despertou uma emoção em mim?
  • Como me sinto? Seja o mais preciso e específico possível. Use o seu vocabulário emocional.
  • O que preciso fazer? Não se apresse e tente identificar suas necessidades. Talvez neste momento você não queira falar, talvez queira passar um tempo sozinho para se acalmar ou talvez precise de mudanças no comportamento do outro. Em qualquer caso, habitue-se a expressar as suas necessidades e a fazer pedidos de forma assertiva. É muito mais produtivo adiar a conversa ou pedir uma mudança do que gritar, repreender e perder o controle.

Se você mantiver essa coerência em sua fala, será muito mais fácil para você se entender, ser compassivo consigo mesmo e obter o que você precisa. Da mesma forma, você estará em uma melhor posição para se fazer entender, negociar e chegar a acordos.

Mulher com os olhos fechados perto de uma janela

O vocabulário emocional expande a nossa realidade

Sem dúvida, as pessoas pensam com palavras, e aquilo para o que não temos um termo não existe para nós. Portanto, expandir o vocabulário emocional nos permite acomodar uma realidade interna mais complexa e profunda.

O mal-estar ambíguo que sentimos passa a ter um nome, uma origem reconhecida e diretrizes específicas de ação. Portanto, assim que começar a trabalhar esses aspectos do vocabulário emocional, você notará uma grande diferença.


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