Biografia de Lewis Carroll, o pai de Alice no País das Maravilhas
Charles Lutwidge Dodgson, conhecido por seu pseudônimo Lewis Carroll, foi um matemático, filósofo, fotógrafo e inventor de destaque que adorava escrever em seu tempo livre. Com seu livro Alice no País das Maravilhas, ele deixou de lado a clássica literatura didática e moralista para dar lugar a um vasto universo onde o onírico, a imaginação e a alegria davam forma a uma obra inesquecível. Hoje, vamos expor uma breve biografia de Lewis Carroll para que você possa conhecê-lo melhor.
A maestria literária que ele mostrou com esse romance e, mais tarde, com Alice Através do Espelho, ou mesmo com seus fantásticos poemas (sem sentido), como Jaguadarte , marcou um estilo nunca visto antes. No meio do caminho entre o dadaísmo e o surrealismo, Carroll foi um inovador. Alguém que abriu uma porta direta para a mais ilusória e sugestiva fantasia.
Ele preencheu sua escrita com um universo onírico onde brincava com dimensões, formas e distâncias graças à inspiração em seus conhecimentos de matemática e lógica. Sua linguagem também foi algo extraordinário. Ninguém havia utilizado tantos paradoxos científicos, ninguém havia inventado tantas palavras ou usado tantos sinônimos, homônimos e pseudônimos…
No entanto, a fantasia e a genialidade de Lewis Carroll também foram acompanhadas por algo não tão positivo. Publicações como The Man Who Loved Little Girls revelam não apenas a história de Alice Liddell (a criança na qual ele se inspirou para criar sua mítica personagem), mas também a obsessão refletida em suas cartas por fotografar meninas e tentar capturar sua pureza.
Há informações de que as famílias dessas meninas deram permissão para que ele fizesse isso. Inclusive, a descendente de Alice Liddell explica que nunca houve qualquer conotação sexual no comportamento de Lewis Carroll. Seja como for, sempre haverá mistérios em torno do criador de Alice no País das Maravilhas.
“A imaginação é a única arma na guerra contra a realidade”.
-Alice no País das Maravilhas-
Biografia de Lewis Carroll, um matemático com uma maravilhosa inventividade
Charles Lutwige Dodgson nasceu em 1832 em Daresbury, Cheshire, Reino Unido. Ele foi o terceiro de onze irmãos. Seu pai, Charles Dodgson, exercia a função de reverendo. Desde muito cedo, ele demonstrou uma grande habilidade para os jogos e a literatura.
Aos 12 anos, ele criou o que ele próprio chamou de Revistas da Reitoria. Eram conjuntos de poemas, histórias em quadrinhos e também curtas para divertir os seus conhecidos. Vale ressaltar que sua infância e adolescência não foram fáceis. Ele era muito tímido, enfrentava muitas doenças (era surdo de um ouvido) e, além disso, sofria de gagueira. Apesar de tudo, ele conseguiu se matricular na Christ Church University, em Oxford, para estudar matemática.
Sua mente era prodigiosa para a ciência, então ele sempre alcançou as bolsas de maior prestígio até se formar com honras. Em 1857, ele alcançou a posição de professor de matemática na Christ Church, função que conciliou com a sua formação como diácono.
Deve-se notar que, embora ele demonstrasse um grande potencial para as ciências matemáticas, sua personalidade era distraída, pouco enérgica e sonhadora. Ele não se encaixava muito naquele ambiente universitário, onde, além disso, muitas vezes sofria com a provocação de estudantes e colegas de classe por sua gagueira e seus ataques epiléticos.
Tardes de piquenique com as irmãs Liddell
Foi em 1856 que a vida do jovem Dogson sofreu uma mudança. Foi nesse ano que um novo reitor, Henry Liddell, chegou à universidade. Mais tarde, Henry se tornou vice-chanceler da Universidade de Oxford e capelão na Christ Church. Com ele também estavam presentes sua jovem esposa e suas filhas: Lorina, Alice e Edith.
Dogson logo estabeleceu uma amizade com a família. Em pouco tempo, ele se tornou um jovem diácono sempre disposto a levar as meninas para um piquenique, para o rio ou para um passeio na cidade. Fazer isso era algo comum. Na realidade, ele também fazia isso com os filhos do escritor George Macdonald e com os do poeta Alfred Lorde Tennyson. No entanto, as meninas Liddell sempre tiveram um lugar especial em sua vida.
Foi em 4 de julho de 1862 que Dodgson e seu amigo Robinson Duckworth, membro do Trinity, levaram as meninas para um passeio de barco no rio Tamisa, de Oxford a Godstow. Essa pequena aventura lhe serviu para escrever o começo de uma história em que Alice era a protagonista. A garota ficou tão encantada ao conhecê-la que pediu mais.
Dodgson obedeceu. Assim, semana após semana ele oferecia às meninas novas e emocionantes aventuras sobre Alice. Essa tarefa se tornou, pouco a pouco, um extenso romance ilustrado por ele mesmo. Quando terminou, seu amigo George Macdonald, autor de algumas das melhores histórias infantis da época, ficou tão fascinado que propôs sua publicação.
Lewis Carroll nunca poderia ter imaginado o que aconteceria a seguir.
A publicação de Alice no País das Maravilhas e o nascimento de Lewis Carroll
Charles Dogson pensou em vários títulos para o seu livro. Depois de analisar ideias como Alice entre as fadas, a Hora Dourada de Alice, ele optou por As Aventuras de Alice no País das Maravilhas. Ele também escolheu assiná-lo sob o pseudônimo de Lewis Carroll. A publicação foi feita em 1865 e, embora a princípio tenha passado despercebida, no ano seguinte ele já estava pensando em escrever uma continuação.
Assim, o livro Alice Através do Espelho chegou ao público em 1872. Muitos críticos afirmaram que essa obra era muito melhor que a primeira. Tanto foi assim que logo se tornou o livro infantil mais popular do Reino Unido. Mais tarde, seria o de todo o mundo. No entanto, deve-se notar que o sucesso não era algo com o que Lewis Carroll se sentia confortável.
Biografia de Lewis Carroll, o fotógrafo e onironauta
Além de escrever (ele também publicou vários livros sobre matemática criativa), Lewis Carroll dedicou sua vida a outra grande paixão: a fotografia. Ele fez retratos do poeta Alfred Lorde Tennyson e do pintor pré-rafaelita Dante Gabriel Rossetti, além de atrizes da época, como Ellen Terry. Ele também fotografou crianças, sendo famosas suas séries de fantasias e seus polêmicos nus.
É impossível falar da biografia de Lewis Carroll sem mencionar seu nictógrafo . O nictógrafo era um cartão que ele pegava debaixo do travesseiro para anotar o que passava em sua cabeça ou parte do que acontecia em seus sonhos. Ele podia fazer isso sem ter que expor as mãos ao frio do quarto. Para tornar isso possível, ele primeiro inventou um alfabeto usando os pontos de canto e as linhas laterais.
Dessa maneira, tudo que era originado em seu universo onírico poderia ser transformado em seus livros. Trata-se de uma técnica que foi melhorada algum tempo depois com outro renomado onironauta: Salvador Dalí.
Lewis Carroll não teve outro sucesso literário como o alcançado com Alice. Ele teve uma vida tranquila como professor de matemática e também como eclesiástico. Carroll morreu de pneumonia em 1898, aos 65 anos.
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- Borges, Jorge Luis: El sueño de Lewis Carroll, Ed. El País, Madrid, 19 de febrero 1986.
- Carroll, Lewis: Alicia en el país de las maravillas, Ed. Bruguera, Barcelona, 1978.
- Carroll, Lewis (2013) El hombre que amaba a las niñas: correspondencias y retratos. Felgara Ediciones
- Thomas, Donald S. Lewis Carroll: A Biography. New York: Barnes & Noble Books, 1999