Blocking: o assédio dos vizinhos
O termo ‘assédio’ está presente em diferentes âmbitos da vida cotidiana. O blocking, embora seja uma das modalidades menos conhecidas, também merece a nossa atenção.
As crianças sofrem com o assédio escolar, ou bullying, na escola ou colégio. Em casa, pode ocorrer o assédio entre familiares, e no mundo profissional há muitos casos de mobbing entre os colegas de trabalho.
Como podemos ver, a hostilidade entre pessoas e a agressividade estão muito presentes em nosso dia a dia. Um fenômeno parecido está ocorrendo entre os vizinhos: o blocking. Trata-se de um comportamento de assédio entre um ou mais vizinhos direcionado a outra pessoa que vive no mesmo prédio ou rua.
Esta hostilidade não se limita a problemas de convivência, e acaba se transformando em um verdadeiro assédio recorrente.
A vítima, portanto, sofre as consequências psicológicas típicas que costumam ser observadas na maioria das vítimas de maus-tratos. Alguns dos sintomas manifestados podem ser a baixa autoestima, medo e ansiedade constantes, falta de esperança, sintomas depressivos e até ideias suicidas.
Fases do blocking
O fenômeno do blocking conta com várias fases diferentes. O ideal não é esperar que todas ocorram, e sim fazer um denúncia formal assim que começar a notar que o assédio está começando.
- Fase de conflito: No geral, o assédio entre vizinhos começa diante de um problema de convivência que não foi resolvido a tempo. Por exemplo, um vizinho tem um cachorro que passa boa parte do dia latindo, e estes latidos incomodam outro vizinho.
- Início do assédio: Começam a ser aplicadas estratégias de assédio por parte do vizinho que tinha o conflito, ou por parte de um grupo de vizinhos reunidos. Por exemplo, não cumprimentar a pessoa ao cruzar com ela no elevador, ou até fazer comentários em voz baixa sobre ela. Neste ponto, é comum que tanto a vítima quanto os vizinhos neguem o assédio. Esta negação é uma evitação da realidade que, se não for freada a tempo, leva à continuidade da hostilidade.
- Intervenção externa: A situação se torna pública e diferentes organismos externos começam a agir para tentar encontrar uma solução para o problema.
- Marginalização, fuga ou exclusão: Neste último ponto, a vítima pode se sentir obrigada a abandonar sua casa, colocar o apartamento à venda, etc. Se não puder fazer isso, às vezes precisa viver se escondendo para não ter que encontrar os vizinhos, sobe pelas escadas para não cruzar com ninguém no elevador, etc. Isso, a longo prazo, leva ao desgaste total da vítima, que não consegue se sentir bem em sua própria casa.
O que se pode fazer a nivel psicológico?
É muito importante realizar uma intervenção psicológica, seja envolvendo a vítima ou o próprio assediador. A partir deste ponto de vista, é fundamental realizar um bom treinamento em comunicação e assertividade.
O ideal é poder intervir quando o assédio está tomando forma, na primeira fase do conflito. Neste ponto, a vítima e o assediador precisam aprender a manter uma boa comunicação, baseada no respeito e na empatia.
Se, por exemplo, um vizinho tem um cachorro que late o dia inteiro e outro vizinho reclama, seria importante que ambos pudessem chegar a um meio-termo no qual exista um entendimento.
O vizinho que tem o cachorro, em primeiro lugar, pode pedir desculpas, tentar fazer com que o problema não ocorra novamente ou aprender a educar seu cão para que ele não lata (por exemplo, por meio do adestramento, não deixar o cão sozinho, dar um brinquedo para que ele se entretenha, etc).
Por outro lado, o vizinho que reclama, que pode se transformar em um assediador se o conflito não for resolvido, deve tentar ser mais flexível e entender que há vizinhos que têm animais de estimação, que não podem abandoná-los para não incomodar os outros.
Se não for algo exagerado, é preciso aprender a tolerar possíveis ruídos.
Se os vizinhos conseguirem chegar a um entendimento, um aumentando a flexibilidade e a tolerância e o outro tentando encontrar uma solução, é muito provável que o assédio não avance.
No entanto, se um deles se colocar na defensiva, a situação seguirá adiante e pode acabar de forma muito pior do que começou.
Quando o assédio já está ocorrendo, é imprescindível que a vítima entre em contato com um psicólogo que possa ajudá-la a aumentar sua autoconfiança e autoestima. Ele pode recomendar não entrar em discussões e, sobretudo, não reagir diante dos insultos e humilhações.
É claro que esta só é uma recomendação plausível se estes insultos forem apenas verbais. Evidentemente, se ocorrer um caso de maus-tratos físicos, é preciso fazer uma denúncia formal.
Se nada disso funcionar e o assédio continuar ocorrendo durante muito tempo, a opção de mudar de casa pode ser contemplada. No entanto, este é um último recurso, já que se trata de uma solução drástica.
No novo domicílio é importante que a vítima, para não cair na mesma situação, se apresente a todos os vizinhos, comente que tem um cão, toca piano à tarde, tem um bebê que chora à noite, etc., para que os novos vizinhos saibam o que esperar e seja possível prevenir o blocking.
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- Canseco, P.N. Acoso vecinal o blocking: https://www.nuriacanseco.com/acoso-vecinal-o-blocking/