O que é bom sempre demora a chegar, porque o que vem fácil também vai fácil

O que é bom sempre demora a chegar, porque o que vem fácil também vai fácil

Última atualização: 08 junho, 2016

Costuma-se dizer que o segredo do sucesso está em saber esperar a recompensa. Embora seja verdade que às vezes as coisas boas chegam quase que de improviso e sem que as tenhamos previsto, é preciso reconhecer que os triunfos nem sempre dependem da sorte, e sim dos nossos esforços.

O sociólogo Zygmunt Bauman sempre fala desta sociedade líquida do “quero –> tenho”, onde os vínculos são mais frágeis do que nunca e na qual a necessidade do imediatismo nos impede de tolerar a frustração e, inclusive, de postergar certas recompensas para obter melhores benefícios.

Estar preparado sempre é importante, saber aproveitar o instante é mais ainda, mas a nossa virtude autêntica está em saber esperar as coisas boas que, no fim, conseguiremos graças ao nosso esforço.

Todos sabemos que não é fácil confiar que os próprios sonhos e desejos venham a se realizar. Agora, é preciso estar ciente de que fatores como uma atitude positiva e realista, somada a uma estratégia adequada de enfrentamento, podem fazer muito por nós.

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A arte de saber esperar

Passamos grande parte do nosso tempo esperando, fazendo filas, aguardando que chegue o ônibus e nos frustrando porque as oportunidades não batem à nossa porta. A arte de esperar guarda, na verdade, um segredo: ser agente ativo que sabe construir a sua realidade enquanto aguarda.

Foi nos anos 60 que o psicólogo Walter Mischel, da Universidade de Stanford, realizou um trabalho interessante no qual procurou descobrir quais habilidades costumam estar associadas à conquista de metas, e consequentemente, ao sucesso.

A ideia essencial da pesquisa de Mischel era poder isolar essas estratégias básicas para poder treiná-las e potencializá-las desde a infância. Para isso, elaborou a seguinte experiência:

  • Sentou um grupo de crianças de 4 anos em uma mesa de frente a um pote de guloseimas. Os psicólogos explicaram aos pequenos que se aguardassem 20 minutos, um adulto lhes traria um presente muito maior.
  • Somente uma em cada três crianças pôde resistir à espera e, por sua vez, descobriu-se outra relação: estes mesmos alunos eram mais bem-sucedidos a nível acadêmico.
  • Aspectos como a capacidade de conquistas, a tolerância à frustração, o controle emocional, a motivação e a capacidade de não ceder ao “desejo imediato” foram o que determinou o sucesso destas crianças. São dimensões que podemos definir do mesmo jeito na idade adulta.
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As coisas boas requerem esforço, dedicação e paixão

“O que vem fácil, também vai embora fácil”. Certamente esta frase lhe é familiar. Às vezes, quando conhecemos alguém que procura somente a satisfação momentânea, o mais comum é que estabeleça uma relação tão frágil, egoísta e desinteressada que acabe ferida e inclusive decepcionada.

O que realmente vale a pena requer esforço, coragem e comprometimento. É preciso transitar os próprios caminhos com amor próprio e esperança para que esta espera termine alcançando o seu objetivo: a felicidade.

Se as coisas boas demorarem para chegar, não devemos nos desesperar, porque o mesmo processo de luta cotidiana pode, sem dúvida, nos enriquecer através de novos papéis e capacidades que iremos descobrindo sobre nós mesmos.

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Portanto, se o próprio processo de espera precisa se encaixar com novas habilidades para alcançar o objetivo definido, é importante refletir sobre os seguintes aspectos:

  • A necessidade de “solidificar” o amor próprio. No início deste artigo falamos sobre o termo sociedades líquidas criado por Bauman. Se nas suas relações você sente que existe essa mesma fragilidade, lembre-se de que somente com uma boa autoestima você poderá enfrentar o individualismo feroz que, às vezes, está ao nosso redor.
  • Não se limite a se “conectar” com a sua realidade, você precisa “se relacionar” com ela. Não seja um agente passivo: a sua realidade acontece a cada momento e nela se abrem múltiplas oportunidades. Não basta se conectar para encontrar uma satisfação pontual e fugaz, é preciso se comprometer e investir tempo, esforço e sonhos.
  • A importância da liberdade e da segurança. Você é livre para escolher o caminho que desejar tomar. Ninguém deve decidir por você e você também não precisa receber reconhecimento alheio para saber o quanto você vale. As coisas boas chegarão se você avançar com segurança conhecendo os seus valores, suas limitações e suas virtudes.
  • Aprenda a aceitar a incerteza. Do mesmo jeito que anteriormente recomendamos a necessidade de tolerar a frustração e saber administrar a gratificação iminente, é preciso também entender que a vida é cheia de incertezas. Ninguém pode prever o que acontecerá amanhã ou se os nossos projetos terão êxito.

Sempre será melhor prever sem exageros e aceitar que não temos o controle absoluto sobre tudo o que nos rodeia. Aceitar a incerteza não é se render, e sim reconhecer aquilo que realmente podemos mudar dentro da nossa área de ação para conseguir o que desejamos.

Não se canse de esperar, tudo o que vale a pena precisa de paciência, fé e uma atitude guerreira.

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Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.