O que os cães podem nos ensinar sobre os nossos problemas?

O que os cães podem nos ensinar sobre os nossos problemas?

Última atualização: 24 abril, 2017

Não há dúvida de que os cães são animais muito cativantes. Aqueles que os amam de uma maneira especial e compartilham com eles momentos inesquecíveis conseguem perceber a sabedoria que existe no seu comportamento.

As pessoas, da mesma forma que os cães, também são animais. É verdade que podemos ter um raciocínio mais complexo ou usar uma linguagem mais precisa, mas isso não nos exime de sermos habitantes deste planeta, assim como eles.

O problema é que os seres humanos, especialmente nos últimos séculos, passaram a acreditar que são o centro do universo. Esta concepção exagerada da nossa importância como espécie tem sido, na maioria dos casos, responsável ​​por muitos distúrbios, desconfortos e perturbações.

A boa notícia é que nenhum ser, seja humano, cão ou gato, é tão importante. Simplesmente habitamos este planeta, onde nos foi dado o grande privilégio de viver, e estamos aqui para nos adaptarmos da melhor forma possível. Uma adaptação comportamental, emocional e física.

Não nos faria mal se aprendêssemos mais com os cães. O leitor pode pensar que estou louco, mas não é bem assim. O conhecido filósofo Diógenes percebeu isso e foi apelidado de “O cão” porque tinha aprendido a não dar importância ao ego e a si mesmo, a ser mais espontâneo e insolente e, acima de tudo, a distinguir os amigos dos inimigos.

Diógenes e os cães

Diógenes exaltava as virtudes dos cães e tentava imitá-los, se comportava como eles. Para chegar a se comportar dessa maneira, ele precisou se concentrar nos seus problemas como se realmente fosse um cão, e isso o ajudou a gerenciar melhor a importância que dava para os acontecimentos, tanto externos como internos. Vivia na pobreza dentro de um barril, estava sempre rodeado pelos seus amigos cães, e fazia as suas necessidades em público.

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Ele colocou em prática o ideal de ser sábio através de inúmeras histórias: tinha uma vida solitária, andava nu e a sua casa era um barril, renunciando a todo o conforto criado pela sociedade humana. Ele entendia que não precisava de conforto material para viver.

Diógenes pretendia exercer uma ideia radical de liberdade; era desinibido como os cães,  fazia uma oposição fervorosa e até mesmo atacava as normas sociais estabelecidas, as formas de vida tradicionais.

As pessoas que apelidaram Diógenes de “cão” queriam, na realidade, insultá-lo, mas como todo bom cão, Diógenes não se importava, se sentia orgulhoso da sua qualificação e a usava como seu emblema. Ele acreditava que esta forma de chamar a si mesmo o identificava com perfeição.

Diógenes queria se livrar de todos os bens materiais que carregam a falsa etiqueta de “necessários” e que acabam nos escravizando. Ele decidiu viver na austeridade, como faziam os cães, e percebeu que sempre poderia ser mais humilde do que já era.

Comece a se comportar um pouco mais como os cães

É evidente que a história de Diógenes é bastante bizarra e não queremos que o leitor a leve ao “pé da letra” e comece a se comportar dessa maneira. No entanto, queremos que a mensagem da história seja entendida e que você encontre algo que possa aplicar na sua vida.

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Se refletirmos por um momento, perceberemos que muitos dos nossos problemas emocionais resultam do nosso egocentrismo. Por exemplo, uma dificuldade gerada pelo egocentrismo e que percebemos em muitas pessoas é a dificuldade de delegar tarefas; as pessoas se esquecem de que são únicas, mas não imprescindíveis.

As pessoas têm um ego gigantesco, e é precisamente isto o que nos faz sofrer.

Se você pensar em um cão, seja do seu vizinho, seu ou de rua, perceberá que só estão interessados no que realmente precisam: um abrigo contra as intempéries, se locomover, conseguir comida e água, procriar, algum tipo de brincadeira e atenção. Ele não precisa ser o melhor cão da cidade e fazer tudo perfeito.

Nós vivemos certas opções como se fossem necessidades: queremos um bom emprego, um bom salário, uma casa com piscina, um parceiro atraente, viajar, sucesso profissional, ser reconhecido e elogiado. Se essas necessidades não são satisfeitas, a nossa autoestima se ressente. Nós nos sentimos menos do que outros.

O que é doce não amarga ninguém, e desejar tudo isso é legítimo, desde que não caiamos na tentação de transformar todos esses desejos em necessidades absolutas.

Se queremos começar a viver uma vida um pouco “mais canina”, o primeiro passo é não se sentir tão importante: não fique tão deprimido se não for reconhecido, não se enfureça diante de uma injustiça verbal ou não compita tanto com os outros para se sobressair e obter aplausos.

O segundo passo é ser menos recatado. É claro que não podemos chegar ao extremo de fazer as nossas necessidades no meio da rua, mas precisamos mostrar mais abertamente como realmente somos. Talvez alguns dos nossos defeitos apareçam mais, mas é melhor pagar o preço do que não desenvolver o nosso potencial.

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Se eu sinto vergonha de me vestir de uma determinada maneira porque eu acho que estou magro, gordo, pálido, moreno ou o que quer que seja, é preciso tomar a decisão de me vestir como eu quiser, independentemente do que a sociedade nos impõe. Os cães não se envergonham de serem maiores, menores, de uma cor ou de outra.

A minha escala de valores também precisa mudar. A atratividade física, tanto minha como dos demais, os bens materiais ou ser superior aos outros precisa deixar de ser importante.

Você consegue imaginar um cachorro olhando para o corpo de uma cadela pensando se ela se veste conforme a moda? Você acha que um cão teria inveja de outro cão porque a sua cama é maior ou mais cara? Obviamente, eles não se importam com tudo isso.

Finalmente, sejamos menos necessitados. Como Diógenes demonstrou, não precisamos de muitas coisas para ficarmos à vontade e felizes. Você que está lendo este artigo provavelmente têm um celular ou um computador, o que quer dizer que já supriu todas as suas necessidades básicas (porque o celular e o computador não são necessidades básicas). Então, por que você não está feliz?

Que tal se a gente se comportar um pouco mais como um cão?

 


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