Por que carregar os bebês do lado esquerdo os acalma?
Muitas mães aprendem, de maneira inconsciente, que carregar os bebês do lado esquerdo os acalma. Este fato é simples e enigmático ao mesmo tempo. A criação inicial dos seres humanos é muito mais complexa do que em outras espécies, pois o homem é um dos animais mais frágeis ao nascer, e demora muito para ser independente.
Nos humanos, a mãe desempenha um papel muito mais ativo nos cuidados do seu filho durante os primeiros meses de vida. Às vezes, por exemplo, o bebê não consegue fazer a sucção adequada do leite, e a mãe precisa ajudá-lo.
Alguns estudos realizados nos Estados Unidos e revistos por Desmond Morris em seu livro O Macaco Nu alegam que carregar os bebês do lado esquerdo os acalma. Sabe-se que 80% das mães os carregam desse lado sem que isso tenha sido proposto conscientemente. Por que isso acontece?
“Um bebê é algo que você carrega dentro de si por nove meses, em seus braços por três anos, e no seu coração até o dia da sua morte”.
-Mary Mason-
Carregar os bebês do lado esquerdo
Os estudos realizados nos Estados Unidos concluíram, inicialmente, que as mães aninhavam seus filhos do lado esquerdo e tendiam a apoiá-los nessa parte do seu corpo para deixar a mão direita livre. A maioria das mães são destras, e por isso acreditava-se que a motivação por trás deste comportamento não ia muito além disso.
No entanto, foram realizadas análises e testes com mães canhotas para verificar se elas carregavam os seus bebês do lado direito. No fim, foi observado que 78% das mães canhotas também carregam seus filhos do lado esquerdo do corpo, o que permitiu descartar a hipótese das razões práticas para fazê-lo.
Mais adiante, foi comprovado que este não era um simples gesto automático das mães, e sim que o mesmo provocada uma reação nos bebês. Foi descoberto que os bebês se acalmam antes quando são carregados do lado esquerdo. O estudo chegou a conclusões muito interessantes.
Por que os bebês se acalmam nesta posição?
Com os avanços dos estudos, foi formulada uma hipótese que parece muito plausível. Tudo indica que, quando o bebê está no ventre materno, experimenta constantemente uma sensação que fica profundamente fixada nele. Ela tem a ver com o som das batidas do coração da mãe.
No útero, que é seu mundo conhecido, esse som faz parte do cenário natural da vida. Quando o bebê nasce, encontra um mundo muito diferente que exige inúmeras adaptações. Para ele, a estimulação pode ser surpreendente e desagradável: não há outro lugar no mundo mais tranquilo e acolhedor do que o ventre da mãe.
Embora algumas das sensações do mundo exterior possam lembrá-lo do útero do qual veio, nenhuma remete àquele paraíso perdido tanto quanto as batidas do coração da mãe. Quando as mães carregam os filhos do lado esquerdo, eles voltam a ouvir aquele mesmo som, que é familiar e faz com que se sintam mais seguros. Por isso os bebês se acalmam nesta posição.
Algumas evidências
Os experimentos revistos por Morris corroboram com a hipótese de que carregar os bebês do lado esquerdo os acalma.
No berçário de um hospital, os bebês foram divididos em dois grupos com 9 participantes em cada um. Um dos grupos foi deixado em silêncio, enquanto o outro ouviu uma gravação das batidas de um coração humano na velocidade de 72 batimentos por minuto.
No grupo de bebês que estavam em silêncio, cerca de 60% deles permaneceram inquietos. No outro grupo, apenas 38% demonstraram inquietude. Além disso, este último grupo teve um maior ganho de peso com o tempo.
Outro experimento similar comprovou que as crianças que ouviam as batidas do coração dormiam mais rapidamente do que as que não as ouviam.
Alguns teóricos sugerem que é destas sensações tão primárias que vem a nossa tendência de situar os sentimentos no coração, e não na cabeça.
Além disso, foi comprovado que a música que inclui “sons sincopados”, ou similares aos de um coração, também tende a nos acalmar na vida adulta. Há sensações que nascem conosco e parecem permanecer em nós para sempre.
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Maldonado, M., Lecannelier, F., & Lartigue, T. (2008). Aspectos evolutivos de la relación madre-bebé. Perinatología y reproducción humana, 22(1), 15-25.