Coerção sexual: o que é e como podemos evitá-la
A coerção sexual é qualquer tipo de comportamento que seja exercido para forçar o desejo sexual de outra pessoa. Tal comportamento se desenvolve ao longo do tempo e se manifesta de diversas formas. As mais recorrentes são a pressão verbal, a utilização de substâncias tóxicas ou a utilização da força. Atualmente as mulheres sofrem desta coerção com uma incidência tão alta que é especialmente importante encontrar uma solução para o problema.
É normal nos questionarmos, dados os altos números de mortes por violência de gênero, o que está causando essas condutas ou onde está a origem desse comportamento. Pois bem: são muitos os fatores que podem atuar em conjunto, do nível sociocultural ao nível pessoal. A cultura, o ambiente e os modelos de aprendizagem favorecem a existência de atitudes, normas de gênero, valores, padrões sexuais, etc, que parecem ser a causa da coerção sexual.
Fatores associados à coerção sexual contra as mulheres
Os fatores de risco nos homens são a combinação de masculinidade hostil e algumas variáveis relacionadas à motivação e experiência sexual. Mas o que esses termos realmente significam? A seguir explicamos cada um deles:
- Masculinidade hostil: refere-se à necessidade do homem coercitivo de controlar e dominar as mulheres.
- Motivações e experiência sexual: estes conceitos referem-se ao excesso de confiança de alguns homens em suas habilidades sexuais, no interesse por sexo sem compromisso e na preocupação sobre estar sempre sexualmente ativo.
De acordo com o Modelo de Confluência de Malamuth, a convergência de ambas as características é o que leva os homens a se envolverem em comportamentos sexualmente coercitivos.
Por outro lado, também foram pesquisados os comportamentos femininos em relação à sua vulnerabilidade à coerção sexual. O fator de risco mais importante para as mulheres é o encontro com um homem que está disposto a cometer a agressão sexual. Isso não significa que as mulheres não possam fazer nada para evitar tal situação. Alguns fatores de proteção que podem nos ajudar são:
- A autoeficácia quanto à coerção sexual: as mulheres que acreditam que serão capazes de resistir a uma situação deste tipo são aquelas que impedem de forma mais eficaz o comportamento sexual indesejado.
- Expectativas negativas sobre o uso de álcool.
- Comportamento assertivo diante de pressões verbais: é o fator de proteção mais importante. Ele se refere a saber como expressar o que considera correto ou incorreto. As mulheres assertivas são mais capazes de evitar os comportamentos sexuais não desejados diante de uma tentativa por parte de um homem.
Programa de prevenção da coerção sexual
O objetivo de todo programa preventivo é reduzir os fatores de risco, neste caso, tanto dos homens quanto das mulheres, assim como promover os fatores de proteção. Há alguns anos, o Ministério da Educação lançou um projeto de pesquisa em que foram apresentados os seguintes conteúdos:
- Interações consensuais vs. não consensuais: o objetivo é reconhecer e diferenciar os dois tipos de interação. Para isso, você pode fazer um brainstorming no qual todos expressam o seu conceito de liberdade sexual ou possíveis formas de limitar a liberdade sexual de outra pessoa.
- Expectativas e mitos sobre as relações sexuais e a coerção sexual: trata-se de questionar a validade dessas crenças e de tomar consciência de como podemos conduzir a coerção. Alguns dos mitos mais comuns que podem ser analisados são: “As meninas costumam dizer sim, mesmo quando querem dizer não” ou “A masculinidade de um homem é provada nas relações sexuais”.
- Prevenção de situações de risco: o objetivo é reconhecer situações que estão associadas com a coerção sexual ou com um risco de sofrimento elevado. Para isso, é possível projetar um vídeo e responder a algumas perguntas, como: “Alguns destes comentários parecem machistas?”
- Treinamento de assertividade e habilidades de comunicação: trata-se de ser capaz de expressar o que queremos ou não, assim como negociar ou chegar a acordos sobre os nossos relacionamentos.
Em resumo, conhecendo a origem do problema e algumas das medidas que podem ser tomadas para corrigi-lo, estamos dando um passo adiante pelo bem de todas as mulheres. A violência de gênero deve ser uma questão prioritária em nossa sociedade para que algum dia deixemos de sofrer suas consequências.