Como superar a morte de um cachorro

A perda do nosso cão é uma experiência dolorosa que requer autocuidado, amor e tempo para curar. Como superar a morte de um cachorro?
Como superar a morte de um cachorro
Laura Ruiz Mitjana

Escrito e verificado por a psicóloga Laura Ruiz Mitjana.

Última atualização: 13 abril, 2023

Se você perdeu seu cachorro recentemente, é normal sentir-se triste; não é um processo fácil. O luto pela morte de um animal ainda não é muito visível em nossa sociedade, mas lembre-se de que você tem o direito de vivenciar essa perda tão significativa para você. Como superar a morte de um cachorro?

Como dissemos, não é uma tarefa fácil. E é que a morte de um cachorro (ou gato, ou outro animal que amamos) pode ser tão dura quanto a de um familiar. De fato, um estudo conduzido pela Harris Interactive descobriu que 90% dos donos de cães e gatos nos Estados Unidos consideram seu cachorro um membro da família. Então não é pra menos sentir dor diante de uma perda como essa. Como lidar com isso?

O luto por um animal

Embora sempre falemos de luto e o associemos à morte de um ente querido, a verdade é que o conceito de luto é amplo e se refere justamente a qualquer tipo de perda significativa em nossas vidas. Isso inclui a morte de um animal. Portanto, também fazemos luto pelos nossos animais porque os amamos e, quando eles morrem, representam uma perda significativa para nós.

Embora não se fale tanto, é importante reconhecer esse tipo de luto, falar sobre ele e torná-lo visível. Uma perda como essa pode abalar nosso mundo emocional, e é importante que encontremos validação para nossas emoções de tristeza e raiva e passar por esse caminho com a ajuda necessária.

Menina triste com imobilidade cognitiva
A perda de um animal de estimação pode ser um dos momentos mais difíceis na vida de uma pessoa.

Dicas para superar a morte de um cachorro

Não é fácil enfrentar essa situação. Um cão é mais um membro da família, é um amigo, um companheiro de vida. Um grupo de pesquisadores japoneses, por meio de um estudo de 2015 publicado na Science, chegou a definir a estreita ligação entre humanos e animais de estimação como uma paixão perpétua. Com base nisso, entendemos a magnitude da perda.

Por isso, hoje queremos compartilhar com você algumas pequenas estratégias para superar a morte de um cachorro. E embora cada caso seja diferente, elas podem ajudá-lo a enfrentar os primeiros momentos após a perda.

1. O que importa é o que você sente, não o que os outros dizem

Perante a morte de um animal, ou de um animal de companhia, parece que o luto não é tão validado (e em grande medida é invisibilizado, como se não tivéssemos tanto “direito” de lamentar a perda do nosso animal) como outros tipos de lutos.

Você pode, portanto, receber comentários que invalidam suas emoções, como “não é para tanto”, “era apenas um cachorro”, etc. São comentários que não ajudam nada, que ferem e que tornam ainda mais hegemônicas as emoções de valência negativa em nosso estado emocional. Lembre-se de que você tem o direito de se sentir como se sente.

2. Entenda as fases do luto

As fases do luto propostas pela psiquiatra Elisabeth Kübler-Ross já são bem conhecidas. No luto pela morte de um cachorro elas também ocorrem. É claro que essas fases não precisam aparecer linearmente ou na mesma ordem (não precisamos passar por todas), mas é importante saber quais são e reconhecê-las em nós:

  • Negação.
  • Ira.
  • Tristeza.
  • Negociação.
  • Aceitação.

Compreender como você pode estar se sentindo pode lhe ajudar a canalizar essas emoções. Por exemplo, entender que o choque (negação) geralmente aparece no início; nesse estado “você não acredita” que seu cachorro se foi, que você nunca mais o verá. Você ainda espera que ele apareça e abane o rabo quando você chegar em casa. É normal, dê um tempo a você mesmo.

3. Deixe de lado a culpa

A culpa também aparece muitas vezes no luto. Se o seu cachorro enfrentou uma doença, teve um problema que você não detectou a tempo ou, mesmo que nada disso tenha acontecido, a culpa costuma aparecer. Porque a culpa é de alguma forma independente do que aconteceu e está sempre ligada ao que pensamos que poderíamos ter feito para evitar a perda.

É um estado emocional que devemos trabalhar, porque não, não é sua culpa que seu cachorro tenha morrido; e mesmo que tenha sido, digamos, um acidente em que você tinha algo para fazer (por exemplo), lembre-se de que você nunca teve más intenções. Liberte-se aos poucos dessa culpa, porque ela vai dificultar muito a cura.

4. Cerque-se de pessoas que possam te entender

Outra dica de como superar a morte de um cachorro é cercar-se de pessoas que passaram pela mesma coisa que você. Talvez você possa ir a um grupo terapêutico, procurar informação num fórum da internet, num grupo ou associação, perguntar a amigos conhecidos que passaram pelo mesmo que você…

E se por algum motivo isso não for possível, pelo menos tente se cercar de pessoas que simpatizem com você, que validem suas emoções e que entendam o que você está passando (ou, pelo menos, que o respeitem). Selecionar pessoas com quem nos sentimos confortáveis em um momento difícil como esse pode ser muito saudável e também é um ato de autocuidado e amor próprio.

5. Faça um pequeno ritual de despedida

Os rituais são ações que simbolizam algo para nós e os rituais sempre foram feitos para nos despedirmos de nossos entes queridos. Basta pensar nos funerais, por exemplo. Portanto, se você sentir que precisa, diga adeus ao seu cão da maneira como você achar melhor; você pode escrever uma carta, espalhar suas cinzas em um lugar bonito… Algo que faça você lembrar dele e que te permita encerrar essa etapa da sua vida.

Mulher escrevendo ao pôr do sol sobre técnicas de rastreamento de humor
Escrever uma carta para o animal de estimação que se perdeu pode ser libertador.

Superar ou assimilar a perda?

Fornecemos algumas ideias sobre como superar a morte de um cachorro, embora seja interessante, ao mesmo tempo, refletir sobre a linguagem que usamos para falar sobre emoções. E é que, mais do que superar, poderíamos falar em enfrentar, administrar ou transitar.

Embora na linguagem cotidiana usemos muito o conceito de “superação”, a verdade é que assimilamos as perdas em nossas vidas e nunca as esquecemos, pois fazem parte de nossa história. Por outro lado, é uma assimilação em que estamos constantemente fazendo ajustes.

Lembre-se…

Lembre-se de que sua dor é legítima e que você não deve controlá-la ou negá-la. Ouça o que você precisa a cada momento e se permita chorar e sentir mal. Esses são processos necessários para curar e completar o processo de luto; e quando chegar esse momento, você se lembrará do seu cachorro com saudade e amor infinito, mas não mais com aquela dor intensa.

Não tenha pressa em chegar a essa aceitação, e entenda que é normal que isso seja difícil, pois com certeza seu cachorro foi muito mais que um ente querido, um amigo e um companheiro de vida.

“Ouvir honestamente é o melhor remédio que podemos oferecer àqueles que sofrem.”

-Jean Cameron-


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  • Nagasawa, M. et al. (2015). Oxytocin-gaze positive loop and the coevolution of human-dog bonds. Science, 348(6232), 333-336.

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