Decidimos primeiro e pensamos depois?

Decidimos primeiro e pensamos depois?
Fátima Servián Franco

Escrito e verificado por a psicóloga Fátima Servián Franco.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Um dos estudos mais interessantes de John-Dylan Haynes sobre a forma como tomamos decisões demonstrou que nós decidimos cerca de sete segundos antes de sermos conscientes da nossa decisão, e aproximadamente dez segundos antes de transformá-la em ação.

Portanto, primeiro decidimos o que vamos fazer e, logo, esta informação chega em forma de pensamentos à nossa mente. Isso é incrível, não é verdade?

Para entender tudo que isso ocasiona, devemos considerar que o cérebro pode mudar a si mesmo. Assim, quando acreditamos que estamos mudando algo em nós (por exemplo, parar de fumar ou praticar mais exercício físico), o cérebro começa a se reprogramar para tornar isso possível.

O cérebro age como um todo, envolvendo tanto os mecanismos conscientes quanto os inconscientes. Assim, quando a força da consciência é limitada, os impulsos do inconsciente se tornam mais fortes.

Por exemplo, quando nós não podemos resistir à tentação de comer algo e estamos acima do peso normal, ou quando acreditamos que deveríamos praticar exercícios e não fazemos isso, a consciência não tem força para lutar contra os impulsos inconscientes que temos, sendo eles os que decidem em última instância.

A força ilimitada do consciente se faz evidente nas situações em que devemos vencer fortes tendências a fazer algo diferente.

A tomada de decisões no nosso cérebro

A forma como tomamos decisões é racional ou emocional?

Apesar de a grande maioria de nós ser educada através do mecanismo racional e lógico, todos nós sabemos que as emoções têm um papel importante no dia a dia. Na verdade, elas têm um papel fundamental nos mecanismos inconscientes do cérebro e na maneira como tomamos decisões.

Estima-se que 85% das nossas decisões sejam tomadas de maneira inconsciente, e que somente 15% delas sejam decisões realmente conscientes.

O livro ‘O Erro de Descartes’, do neurologista Antônio Damasio, afirma que as decisões com base em juízos morais evidenciam de forma bastante clara o papel da emoção dentro do contexto social.

Frases populares como “o amor é cego” nos alertam a respeito do poder que as emoções têm sobre essas questões, mas só recentemente elas puderam ser consideradas elementos determinantes nos processos racionais.

Diante da pergunta “O que é uma decisão acertada?”, a princípio a resposta parece fácil: é aquela que nos traz um maior benefício. Mas esta questão nem sempre é tão evidente, já que somos capazes de avaliar uma decisão, apesar da sua racionalidade, como inadequada e incorreta.

Também somos capazes de tomar decisões inadequadas pelo exagero das razões que as motivam (“não viajar pelo medo de voar” seria uma delas). Definitivamente, nós empregamos um equilíbrio entre o racional e o emocional para decidir de maneira correta e nos desenvolver no dia a dia.

“O cérebro parece muito com um computador. Você poderá ter várias telas abertas no escritório, mas será capaz de pensar só em uma delas de cada vez”.
– William Stixrud –

Mulher segurando nuvem nas mãos

As decisões são inconscientes?

Onde está a margem entre o pensamento consciente e o pensamento inconsciente quando tomamos uma decisão? Não sabemos com exatidão, mas os primeiros estudos que abordaram este assunto, realizados com a ajuda das técnicas de neuroimagem, descobriram que antes de passar pela consciência, muitas decisões já foram tomadas por complexas redes cerebrais.

Sem dúvida, este é outro dos processos misteriosos e interessantes que estão relacionados com a nossa mente.

Além disso, para não se sobrecarregar, o cérebro realiza muitos dos seus processos de maneira automática, incluindo também as decisões. Por isso, elas podem ser previstas com segundos de antecedência.

Como se pode ver, decifrar a atividade cerebral que se esconde por trás dos nossos estados emocionais nos aproxima de uma poderosa fonte de autoconhecimento.

“No futuro será possível prever o comportamento e a experiência de uma pessoa a partir da sua atividade cerebral”.
– John-Dylan Haynes –


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.