A corrupção tem gênero?

A corrupção tem gênero?
Fátima Servián Franco

Escrito e verificado por a psicóloga Fátima Servián Franco.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Há menos corrupção quando as mulheres participam da política? A corrupção tem gênero? O estudo de Stensöta, Wängnerud e Svensson (2015) tenta responder a estas perguntas. Ele identificou uma relação entre um maior número de mulheres no parlamento e um maior controle da corrupção.

As mulheres são menos corruptas que os homens? A resposta simples é sim, mas a relação entre gênero e corrupção tem muitas nuances.

Primeiro: por que as mulheres são menos corruptas? São menos egoístas? Elas têm mais autocontrole? Ou simplesmente não têm as mesmas oportunidades e não são convidadas para o clube onde o bolo é repartido?

Esta última pergunta parece ter sido respondida no recente estudo publicado no Journal of Economic Behavior & Organization. Os autores Chandan Jha, do Le Moyne College, e Sudipta Sarangi, da Virginia Tech, mostraram que a relação entre gênero e corrupção não se deve a diferenças de gênero no status social.

Esses autores sugerem que é pouco provável que as taxas de corrupção aumentem quando as mulheres atingem um status social elevado.

Além disso, este estudo também revelou outra importante descoberta; a presença das mulheres nos governos locais foi negativamente relacionada a subornos em uma análise de 17 países europeus.

“Ocupar um cargo público para enriquecimento pessoal já não é mais imoral, mas sim criminoso e abominável”.
-Cicerón-

Qual é a relação entre gênero e corrupção?

Por que é importante ter mulheres em posições de poder? Embora a informação sobre gênero e corrupção possa ser ambígua, os benefícios gerais da diversidade de gênero não são.

No setor privado, são observadas maiores taxas de rentabilidade, menores possibilidades de falência e outros indicadores semelhantes de desempenho positivo.

No setor público, as evidências indicam que a presença de mulheres em cargos eletivos melhora a alocação de recursos públicos. Por outro lado, aumenta a probabilidade de que os interesses de mulheres e crianças sejam representados entre as prioridades legislativas.

Corrupção no mundo empresarial

As implicações políticas do estudo apontam para a necessidade de promover a igualdade de gênero em geral e promover a presença das mulheres na política em particular. Pesquisas anteriores estabeleceram que uma maior presença de mulheres no governo está associada a melhores resultados em educação e saúde.

“O ser humano é um mero mortal com defeitos e virtudes, e não adquire uma entidade divina pelo fato de ocupar cargos públicos.”
-Ibiza Melián-

Portanto, a corrupção tem gênero?

Em países onde a corrupção é a norma social, as mulheres que tendem a seguir as normas sociais mais do que os homens podem agir de forma quase tão corrupta quanto eles ou, no mínimo, pode ser que as mulheres que chegam a posições de decisão política não sintam a necessidade de introduzir códigos de bom comportamento ou de lutar contra a corrupção.

De fato, a relação entre mulheres em posições de responsabilidade política e corrupção desaparece em países autoritários, como mostraram Esarey e Chirillo (2013).

Uma parlamentar do Congo explicou sem rodeios: “No Congo, para sobreviver, todos nós precisamos ser um pouco corruptos. Esse é o sistema aqui”.

No entanto, em países onde a “boa governança” é a norma social, aumentar a representação política das mulheres favorece que elas apoiem medidas legislativas que seguem essa norma social.

Isso explica por que, em contextos como a Europa, onde obviamente há corrupção, mas não é uma norma social no sentido de que todos vão aceitar o comportamento corrupto, é importante incentivar a participação política das mulheres para combater este problema.

Relação entre controle da corrupção e número de mulheres no Parlamento
Mulheres no Parlamento e controle da corrupção em todo o mundo.

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  • Agerberg, M., Sundstrom, A., & Wangnerud, L. (2014, July). Why Regime Type affects the link between gender and corruption. In IPSA Congress, Montreal, July.

  • Esarey, J., & Chirillo, G. (2013). “Fairer sex” or purity myth? Corruption, gender, and institutional context. Politics & Gender9(4), 361-389.

  • Jha, C., & Sarangi, S. (2016). Social Media, Internet, and Corruption.

  • Jha, C. K., & Sarangi, S. (2017). Does social media reduce corruption?. Information Economics and Policy39, 60-71.


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