Três crenças incorretas sobre o luto infantil

Três crenças incorretas sobre o luto infantil
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

O luto é um processo doloroso pelo qual todos nós temos que passar ao longo de nossas vidas, incluindo as crianças. No entanto, nem sempre conseguimos compreender como elas vivem essa situação. Na verdade, apesar de a maioria das crianças lidar com o luto infantil sem grandes preocupações, é importante saber como elas concebem esse processo para colocar em prática diferentes estratégias.

Por isso, acabar com as crenças incorretas sobre o luto infantil é essencial. Dessa forma, se nossos filhos precisarem enfrentar essa dolorosa situação, seremos capazes de ajudá-los da melhor maneira. No entanto, para entender melhor esse tipo de crença, primeiro é necessário definir exatamente no que consiste essa ideia. Vamos nos aprofundar um pouco mais nesse tema.

“O tempo é um médico que cura qualquer luto”.
-Diphilus-

Menino diante do mar

O que exatamente é o luto?

O luto é um processo que tem a ver com o enfrentamento de uma perda e que compreende uma série de etapas. Em geral, estará relacionado com a morte de um ente querido. No entanto, também pode ter a ver com outras situações, como o término de um relacionamento ou a morte de um animal de estimação, entre outras.

Segundo a psicóloga Klüber-Ross, é preciso passar por cinco fases para superar essa perda. Trata-se de uma sucessão de atitudes e estados de ânimo, nos quais as emoções variam até chegar à aceitação. Cada pessoa vai viver essa experiência da sua maneira e irá percorrer esse caminho com suas diferentes fases de forma distinta. No entanto, para ter uma compreensão mais profunda, a seguir vamos descrever de forma breve no que consiste cada uma dessas fases.

  • Negação. A pessoa não consegue acreditar no que aconteceu e utiliza a negação para se defender da dor que sente. Sua mente tenta buscar alguma forma de manter o bem-estar apesar de se encontrar em uma situação de máxima impotência.
  • Raiva. Essa fase aparece quando se aceita finalmente que a perda é real. Aqui, a pessoa sente frustração e impotência frente ao que aconteceu.
  • Negociação. A pessoa tenta buscar uma maneira de reverter a situação. No caso da morte de um ente querido, podem ser utilizadas como recurso crenças religiosas ou sobrenaturais. Além disso, a dor emocional será mais forte do que em qualquer outra fase.
  • Depressão. A pessoa entra num estado de profundo desespero e tristeza pela sensação de impotência.
  • Aceitação. Por fim, nessa fase, aceita-se que a situação é irreversível. No entanto, ao contrário da fase anterior, a pessoa se dá conta de que consegue viver com essa perda. Esse é o momento no qual olha para trás para extrair um aprendizado.

Por outro lado, é importante levar em consideração que as crianças podem viver esse processo de forma diferente, principalmente se forem pequenas, já que durante os primeiros anos de vida elas costumam ser muito dependentes tanto física quanto emocionalmente e, além disso, podem não compreender a morte e suas consequências. No entanto, elas notam a ausência da pessoa, experimentando sentimentos de abandono e falta de proteção.

Quais são as crenças incorretas mais comuns sobre o luto infantil?

Muitas pessoas têm crenças incorretas sobre o luto infantil, pensando que é muito diferente do que acontece com os adultos. Embora seja verdade que existem alguns aspectos distintos, existem outros em comum. No entanto, o importante é que as crianças se sintam queridas e protegidas por outra pessoa.

Vamos ver a seguir quais são as crenças incorretas mais comuns sobre o luto infantil.

As crianças não entendem o que acontece

A crença incorreta mais perigosa sobre o luto na infância é que as crianças não percebem nada. É verdade que uma criança não compreende exatamente o que é a morte. No entanto, ela vai perceber que ocorreram mudanças no ambiente. Assim, ela vai sentir falta da pessoa que faleceu e vai perceber que os adultos ao seu redor estão passando por um momento difícil.

O principal problema dessa crença é que as crianças não vão receber o apoio de que necessitam. Perder alguém próximo também é difícil para elas. Portanto, nessa fase, precisam de mais carinho, atenção e compreensão do que nunca.

Luto infantil

O luto infantil deve durar pouco

A segunda crença incorreta sobre o luto infantil tem a ver com a suposta duração adequada do mesmo. Em alguns meios, considera-se que sentir falta de alguém por muito tempo é sintoma de fraqueza. Portanto, alguns pais consideram que uma criança deveria superar a morte de um ente querido o mais rápido possível.

Entretanto, isso gera uma pressão excessiva nos pequenos. Assim, não só terão que lidar com sua dor, mas também com a sensação de que não estão cumprindo com as expectativas. Nessas situações, é necessário entender que as crianças (e também os adultos) podem precisar de bastante tempo para elaborar o luto.

Nem todas as mortes podem levar ao luto

Por fim, algumas pessoas consideram que nem todos os falecimentos deveriam provocar dor. No entanto, as emoções não são nada fáceis de controlar. Por isso, nossos filhos podem ter que elaborar o luto por uma perda que, a princípio, não deveria ser tão complicada. Esse pode ser o caso, por exemplo, de um animal de estimação ou de alguém não tão próximo.

De novo, o segredo aqui é a compreensão. Devemos nos lembrar de que as crianças não estão escolhendo se sentir mal. Por isso, temos que ser pacientes com elas e ajudá-las na medida das nossas possibilidades.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.