Crianças com câncer: como ajudá-las a melhorar a qualidade de vida
A cada ano são diagnosticados novos casos de crianças com câncer. Felizmente os avanços médicos estão permitindo que sua expectativa de vida seja maior. No entanto, além de curar a doença, é preciso prestar muita atenção em outras questões.
Os efeitos colaterais do câncer e dos tratamentos devem ser bem detalhados. Por esta razão, é importante reunir as técnicas psicológicas mais eficazes para reduzi-los. Além disso, é importante conhecer as intervenções mais adequadas para reduzir os problemas de ansiedade e depressão que as crianças podem apresentar. Sem se esquecer da melhora em sua qualidade de vida, tanto durante o processo da doença quanto depois de superada.
Crianças com câncer: o impacto da doença
A criança sofre tanto de sintoma físicos quanto psicológicos. Entre os sintomas físicos podemos destacar os vômitos, a perda de peso, a fadiga, etc. A nível emocional, as crianças com câncer enfrentam sentimentos como a raiva, o medo, a solidão ou a ansiedade.
Dependendo da idade em que é feito o diagnóstico, a doença se manifesta de um modo ou de outro. Nas crianças menores com câncer destaca-se a preocupação com a dor e com o medo de se separar dos pais. Nas maiores, começam a surgir sentimentos de solidão. Nos adolescentes aparece o medo de morrer e o estresse relacionado com as mudanças físicas.
É verdade que também apareçam pontos em comum. A dor é uma das inquietudes mais frequentes. Tal dor pode proceder da própria doença ou aparecer devido aos procedimentos médicos. Por exemplo, a aspiração e a biópsia de medula são procedimentos muito dolorosos e frequentes durante a intervenção.
As crianças com câncer também deverão ser expostas a procedimentos como a radioterapia, a quimioterapia ou as coletas de sangue, considerados mais dolorosos do que a própria doença. Além disso, os transtornos do sono, a fadiga, os problemas de ansiedade, os sintomas depressivos e os problemas em seus relacionamentos sociais também são bastante comuns.
Intervenção psicológica em crianças com câncer
Receber o diagnóstico causa um impacto psicológico muito forte na família. Depois dele surge a dúvida se devemos ou não informar a criança. Nestes casos, consultar um especialista sobre o que fazer e como fazer pode ajudar tanto a família quanto a criança.
O diagnóstico de câncer é uma situação muito delicada que requer muita compreensão, delicadeza e, principalmente, apoio.
Os efeitos da doença, as características do tratamento e sua evolução, junto com a sensação de incerteza, costumam originar muitas perguntas que precisam de respostas. A intervenção psicológica pode ajudar a encontrá-las, ou aprender a manejar as situações que surgirem.
A seguir enumeramos uma série de tratamentos que demonstraram em vários ocasiões sua eficácia. Para facilitar sua compreensão, separamos os principais sintomas dos quais falamos anteriormente com seus principais tratamentos.
- Redução de náuseas e vômitos: relaxamento muscular progressivo com imagens guiadas, hipnose e dessensibilização sistemática.
- Controle da dor: distração, uso da imaginação, treinamento em relaxamento/respiração, reforço positivo, terapia musical e hipnose.
- Redução da fadiga: distração e planificação de atividades de acordo com sua prioridade.
- Tratamentos para a ansiedade: técnicas de relaxamento e respiração, visualização de cenas agradáveis, reforço de condutas adequadas, reforço diferencial e verbalizações positivas.
- Tratamentos para a depressão: educação emocional, atividades agradáveis e reestruturação cognitiva.
Adaptação à nova vida depois de superar o câncer
A taxa atual de sobrevivência de crianças com câncer alcança quase 80%. Um dado esperançoso que aspira chegar aos 100% graças aos avanços nos diferentes tipos de tratamento. Mas, o que implica realmente ser um sobrevivente de uma doença oncológica?
O câncer é uma doença que se caracteriza, dentre outras coisas, por longos períodos de hospitalização. As crianças deixam de ir ao colégio, o contato com seus colegas ou professores e com o exterior é mínimo. Isso faz com que seu círculo social se reduza e na hora de voltar a se incorporar, aparecem algumas dificuldades.
A volta à escola, por exemplo, é um processo complexo. Tanto as crianças quanto seus pais manifestam medos. Por um lado, as crianças não querem se separar dos pais e podem ter certas preocupações pelas mudanças em sua imagem corporal (alopecia, amputações, etc.). Por outro lado, os pais manifestam medo de que seus filhos sejam rejeitados pelos colegas e do contágio de doenças que afetem a saúde da criança novamente.
Nestes casos, é recomendado que proporcionar informação útil à criança e à toda a família, mas também aos professores que irão se responsabilizar pela situação. Reincorporar-se é um processo de adaptação que precisa de tempo.
Intervenções tais como fazer reuniões com o pessoal do colégio para dar informação sobre a doença e o tratamento, realizar atividades preliminares para preparar a criança para sua volta ao colégio, ou conduzir apresentações para o restante dos alunos para que compreendam a doença e as necessidades da criança que está chegando vem demonstrando eficácia.
Concluindo, através da ajuda psicológica e sem se esquecer da intervenção multidisciplinar com outros profissionais, podemos conseguir que as crianças com câncer e suas famílias obtenham uma melhor qualidade de vida durante este duro processo.