Cuidados afetivos, o segredo para uma melhor qualidade de vida

Os cuidados afetivos são fundamentais para um desenvolvimento emocional saudável. Além disso, influenciam nossa esfera social e física. Daí a importância de dedicar esses cuidados aos outros... e a nós mesmos.
Cuidados afetivos, o segredo para uma melhor qualidade de vida
María Alejandra Castro Arbeláez

Escrito e verificado por a psicóloga María Alejandra Castro Arbeláez.

Última atualização: 05 janeiro, 2023

Os cuidados afetivos, assim como outros cuidados em diferentes níveis, desempenham um papel muito importante em nosso bem-estar. No entanto, só costumamos dedicar tempo a eles quando algo está nos machucando: uma ferida emocional.

Por outro lado, a qualidade de vida – traduzida em bem-estar físico, emocional e social – está intimamente associada à saúde. Esse é apenas um dos motivos pelos quais é importante ter uma série de cuidados afetivos, sabendo qual é a sua importância para a nossa saúde em suas dimensões: social, emocional e física, e quais são os benefícios de contar com eles em nossas vidas.

Cuidar de si afetivamente é estar atento ao mais profundo de nós mesmos, é estabelecer conexões profundas, ser melhor a cada dia.

O que são os cuidados afetivos?

Os cuidados afetivos são aqueles relacionados ao nosso mundo emocional.  Trata-se das atenções e assistências aos nossos sentimentos, pensamentos e comportamentos.

Amar a si mesmo

Esses cuidados exigem disposição por parte de quem os oferece. Além disso, trata-se de dar a quem mais amamos:

  • Carinho. Trata-se de proporcionar esse sentimento ao expressá-lo por meio de detalhes, carícias, olhares, palavras e sorrisos.
  • Empatia. Consiste na capacidade que temos de nos colocar no lugar do outro. Assim, aumentamos a compreensão e valorizamos sua percepção.
  • Respeito. Para considerar o outro e ter clareza sobre os seus limites e os nossos.
  • Gratidão. É reconhecer o que os outros fazem e o que nós fazemos.
  • Paciência. É a capacidade que temos de lidar com as situações sem perder a calma.

Todos esses valores são fundamentais quando se trata de cuidar afetivamente, pois a ideia é validar o mundo emocional, acompanhar em situações complicadas e dar uma perspectiva para que a pessoa que recebe esses cuidados seja capaz de aprender com esses valores e com as situações que enfrenta.

Além disso, a confiança também contribuirá com seu grãozinho de areia. Assim, a pessoa poderá contar com a segurança de ter alguém que a valorize e proporcione bem-estar emocional.

São cuidados afetivos porque ajudam a proteger, moldar e aprender com as emoções para ter uma melhor qualidade de vida. Podem ser direcionados aos outros, a nós e à natureza.

Qual é a sua importância?

No início, são os nossos pais, familiares ou cuidadores que proporcionam esse cuidado e nós que o recebemos. De fato, isso garante a nossa sobrevivência, porque quando nascemos dependemos do que os outros fazem por nós.

Mais tarde, vamos aprendendo o que são os sentimentos, como devemos agir perante os outros e nós mesmos, começando também a sermos administradores de cuidados. Cuidados para os outros e também para nós mesmos. Se o nosso mundo emocional desmoronar, não seremos capazes de ajudar a erguer o dos outros.

Os cuidados afetivos competem à saúde emocional, física e social. Relacionam-se à saúde emocional porque nos fornecem segurança, orientação, compreensão e apoio para compreender o mundo emocional. Social porque é a base para saber como devemos tratar o outro. E física porque há doenças que pioram quando acompanhadas por um estado de espírito negativo.

Ao longo da história da psicologia e da psicanálise, tem sido explorado e sugerido que as carências afetivas podem ter efeitos no desenvolvimento das crianças. Em um nível emocional, principalmente, os pequenos podem desenvolver uma tendência a estabelecer relações sociais tóxicas.

A maioria dos estudos sobre os cuidados afetivos se baseou nos problemas psicológicos relacionados à construção da identidade ao longo do século XX, conforme sugerido por Bion, Anna Freud e Winnicott. Por volta de 1969, John Bowlby foi mais longe. Ele criou a teoria do apego e sugeriu que a tendência a estabelecer relações íntimas é essencial para a nossa sobrevivência.

Hoje, graças aos avanços em neuroimagem, podemos ver as implicações em relação ao nosso cérebro. É o que sugere Nafissa Ghanem em seu artigo L’impact des carences afetives vus par les neurociences. Ela nos mostra que, graças ao material oferecido pela ressonância magnética, podemos compreender como os mecanismos de privação emocional, ou seja, a falta de apego, afetam o nosso cérebro.

Essas novas contribuições neurofisiológicas confirmam a importância do cuidado afetivo para o desenvolvimento infantil. Além disso, sugerem que o amadurecimento mental será condicionado pelo ambiente social, emocional e cultural, e se adaptará ao longo da vida.

Mãe e filho em praia

Benefícios de contar com cuidados afetivos

Contar com cuidados afetivos assertivos nos proporciona uma maior qualidade de vida. Vamos analisar de maneira mais detalhada alguns de seus benefícios:

  • Ajudam a entender o mundo emocional.
  • Melhoram a comunicação.
  • Proporcionam segurança.
  • Contribuem para o desenvolvimento integral.
  • Criam conexões com o que nos rodeia, com as pessoas ao nosso redor e conosco.
  • Geram condições favoráveis ​​para a aprendizagem.
  • Maior gestão emocional.
  • Aumenta o nosso autoconhecimento.

Os cuidados afetivos abrem as portas para o mundo das emoções. Passo a passo, nos mostram como são e permitem o nosso desenvolvimento para estabelecer relações mais saudáveis ​​com os outros, com nós mesmos e com a natureza.

Podemos dizer que somos fundamentais para o nosso crescimento. Um crescimento que, em muitos casos, vai abrir caminho graças à assertividade. No entanto, nosso comportamento não vai depender apenas dos cuidados afetivos em nossos primeiros anos de vida. Devemos lembrar que estamos constantemente adquirindo experiências que também nos moldam.


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