Curiosidades da solidão

A solidão é uma moeda de duas caras. Nós a queremos, mas também podemos tentar evitá-la intensamente.
Curiosidades da solidão
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 30 julho, 2022

A solidão é uma condição que tem um significado diferente para cada pessoa. Alguns a amam e alguns a odeiam. No meio estão aqueles que pensam que há momentos para ficar sozinho e outros para curtir a companhia. Devemos também esclarecer, como tantas outras vezes, que estar só é uma coisa e sentir-se só é outra.

Aliás, uma das curiosidades da solidão é justamente o fato dela não depender do número de amigos, mas da qualidade dos laços. Isso é bem conhecido nas pessoas famosas ou poderosas, que estão sempre cercadas de pessoas com as quais mantêm relações de interesse.

O ser humano é sociável por natureza, mas esse grau de sociabilidade varia muito, dependendo de cada pessoa e das circunstâncias. Há até pessoas que vivem como eremitas sem que isso signifique que perderam sua “natureza”. Vamos ver algumas curiosidades sobre a solidão.

O homem solitário é uma besta ou um deus.”

Aristóteles

Mulher ruiva por trás pensando em como desatar o nó das emoções
A solidão escolhida e desfrutada é sinal de maturidade emocional.

Quem se sente mais sozinho?

Uma das curiosidades da solidão é que existem muitos estereótipos em torno dela. Quase todo mundo pensa que aqueles que se sentem mais sozinhos são os idosos. No entanto, foi realizada uma investigação intitulada “Experiência sobre a solidão”. Os resultados foram muito interessantes.

Embora não se trate de um estudo científico propriamente dito, a verdade é que surgiu um fato que surpreendeu a todos: os jovens sentem-se mais sozinhos do que os idosos. No estudo, eles descobriram que apenas 25% das pessoas com mais de 75 anos disseram que se sentiam sozinhas. Em contraste, 40% dos jovens entre 16 e 24 anos se sentiam sozinhos.

Mesmo quando os participantes de todas as idades foram questionados sobre quando se sentiram mais solitários em suas vidas, a maioria respondeu que foi durante a juventude. Talvez isso se deva ao fato de essa passagem da adolescência para a idade adulta coincide com um processo de individuação no qual os laços familiares são geralmente renunciados. Isto pode ser experimentado como uma grande solidão.

A parte negativa da solidão

A solidão prejudica e gera sofrimento quando não é escolhida; ou seja, quando a pessoa chega a essa situação contra o seu próprio desejo. Um estudo de 2011 descobriu que a solidão não escolhida faz com que o corpo se comporte como se estivesse sendo ameaçado. Aumenta a pressão arterial e desencadeia respostas ao estresse físico e psicológico.

O mesmo estudo indica que a solidão aumenta o risco de problemas cardiovasculares. Da mesma forma, diminuiria a eficiência do sistema imunológico, o que aumenta o risco de infecção. De fato, as vacinas mostraram menos eficácia contra a gripe em pessoas que sofrem de solidão indesejada.

Outras pesquisas indicam que a solidão crônica aumenta o risco de morte prematura em até 14%. O efeito desta situação foi mesmo comparado ao do uso prolongado do tabaco. E outro detalhe curioso: as pessoas que se sentem solitárias percebem o frio com mais intensidade.

Homem sênior pensando
A solidão não escolhida tem efeitos físicos e psicológicos.

Outras curiosidades da solidão

Um aspecto positivo da solidão é que as pessoas nessa condição são mais empáticas do que outras. Elas têm uma grande capacidade de compreender o sofrimento de outras pessoas e experimentar uma solidariedade natural com aqueles que sofrem. Então elas tendem a ser muito melhores amigas do que aquelas que são mais sociais.

E embora a solidão tenha uma “má imprensa”, a verdade é que 41% das pessoas pensam que esta condição tem vários aspectos positivos, como indica o primeiro estudo que citamos. Um desses elementos positivos é que facilita a introspecção e permite uma maior conexão consigo mesmo. Da mesma forma, as pessoas solitárias são mais propensas a formar vínculos significativos com os outros, dada a oportunidade.

Os dados disponíveis indicam que as pessoas que optam por ficar sozinhas são mais coerentes nas suas tomadas de decisão, mais calmas e sabem melhor estabelecer limites com os outros. Da mesma forma, eles julgam menos os outros e são mais leais. A solidão escolhida é para muitos sinônimo de liberdade e autonomia.


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