Estabelecer limites também faz parte do amor-próprio

Para se amar, você precisa estar disposto a cuidar de si mesmo, a dizer "não" quando necessário e a se motivar para atingir os seus objetivos. Descubra a importância de estabelecer limites.
Estabelecer limites também faz parte do amor-próprio
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Nos últimos tempos, o amor-próprio se tornou um conceito em alta. Cada vez mais compreendemos a sua influência no nosso bem-estar pessoal, nas nossas emoções e nas nossas relações com os outros. E, embora possamos detectar que temos algumas deficiências nesse aspecto, nem sempre sabemos bem como começar a cultivá-lo. Por isso, queremos destacar um dos seus aspectos mais importantes: a capacidade de estabelecer limites.

Pense um pouco: você acha que tem um amor-próprio saudável? Se a sua resposta for afirmativa, de que forma você trabalha nele no seu dia a dia?

Talvez você aplique cremes, selecione cuidadosamente as pessoas ao seu redor e diga palavras gentis para si mesmo todos os dias diante do espelho. Porém, embora todas essas atividades sejam importantes, muitas vezes nos esquecemos daquelas que são menos agradáveis, mas igualmente necessárias. Por exemplo, aprender a estabelecer limites.

A importância de estabelecer limites

Construir ou recuperar o amor-próprio é um processo bastante semelhante ao de criar um filho. Os pais não só garantem a segurança, higiene e alimentação da criança, como também proporcionam carinho, compreensão, conforto e, certamente, estabelecem regras.

Na educação de uma criança, esses limites podem ser entendidos como ter um horário para dormir, algumas tarefas atribuídas em casa, momentos específicos em que se pode utilizar as telas eletrônicas ou a proibição de consumir doces diariamente.

Todos sabemos que essas normas protegem e orientam a criança, buscando assim o seu bem-estar. Porém, quando temos que cuidar de nós mesmos, não nos parece necessário impor restrições.

Assim como acontece com os pais permissivos, às vezes erramos por ser indulgentes. Em nome do suposto amor por nós mesmos, acabamos nos permitindo ter uma má alimentação, dormir muito tarde, perder horas nas redes sociais e inúmeras outras transgressões que, no fim das contas, trabalham contra nós.

“Só um dia não vai fazer mal”, “Farei isso amanhã” ou “Estou com medo, não vou me forçar.” Se essas e outras frases semelhantes são pronunciadas com muita frequência, há um amor-próprio mal compreendido. Afinal, se você realmente deseja o melhor para si mesmo, é preciso estabelecer limites.

Mulher desconfiada

Como estabelecer limites?

O amor-próprio não surge apenas de intenções e palavras bonitas; também precisamos construí-lo a cada dia por meio das nossas ações. Esta é uma tarefa com a qual devemos nos comprometer, sendo disciplinados e persistentes; afinal, com cada ato e decisão, demonstramos esse amor.

Existem diversos aspectos nos quais podemos aplicar esses princípios, mas, a seguir, vamos mostrar alguns dos principais.

Alimentação

Os alimentos são o combustível para o nosso corpo e cada um de nós é responsável por se nutrir com as opções mais saudáveis e adequadas.

Estabelecer e manter uma alimentação equilibrada é um ato de amor e compromisso consigo mesmo. Afinal, se todos os dias nos rendermos às tentações, se nos escondermos atrás da falta de tempo ou da preguiça para optar por alimentos que sabemos que nos fazem mal, não estaremos nos amando.

Exercício físico

Da mesma forma, permanecer ativo pode ser um dos propósitos mais difíceis de cumprir. No entanto, apesar da preguiça, do cansaço ou da falta de tempo livre, se nos propomos a praticar exercícios físicos regularmente, devemos nos manter fiéis a esse objetivo. Estabelecer limites também significa não se permitir ficar no sofá, ainda que isso seja o que mais se quer naquele momento.

Descanso

Você está comprometido com o seu bem-estar? Então, você deve descansar de forma adequada e com qualidade. E, para isso, talvez você precise fazer alguns sacrifícios.

Ir para a cama cedo em vez de assistir a outro episódio da sua série favorita ou deixar o celular fora do quarto são algumas decisões simples que podem fazer a diferença.

Beleza e imagem pessoal

Longe de cair em uma visão superficial, é inegável que a nossa aparência influencia a nossa autoestima e o nosso humor. Quando estamos arrumados e bem cuidados, ficamos mais autoconfiantes e mais confortáveis na nossa própria pele; pelo contrário, quando negligenciamos a higiene e a aparência, o nosso humor piora e nos sentimos mais apáticos e até mesmo com menor valor.

Assim, ter a determinação de tomar banho diariamente, cuidar da pele e dos cabelos ou escolher roupas das quais gostamos e que nos fiquem bem é essencial. Talvez uma noite ou outra você não tenha vontade de tirar a maquiagem ou de escovar os dentes, mas é aí que estabelecer limites nos ajuda a não falhar.

Cuidar do ambiente ao redor

O ambiente em que você transita impacta o seu estado interno. Um ambiente sujo, abarrotado ou desorganizado traz caos e ansiedade à sua mente. Pelo contrário, um espaço limpo e organizado gera harmonia e paz de espírito. Assim, tome a decisão diária de manter a sua casa em ordem, pois você estará se dando um valioso presente.

Obrigações e projetos

Existem poucos fatores que contribuem tanto para o amor-próprio quanto alcançar as metas. Quando terminamos as tarefas pendentes, o cérebro nos recompensa com sensações agradáveis geradas pela liberação de dopamina; mas, além disso, nesses momentos nos sentimos úteis, produtivos e orgulhosos de nós mesmos.

Ao contrário, quando procrastinamos e adiamos as obrigações ou projetos pessoais que nos propusemos, começamos a nos sentir preguiçosos, fracassados e pressionados. Ter questões pendentes constantemente é prejudicial ao nosso autoconceito; portanto, é importante que isso seja evitado.

Saúde emocional

Por fim, é imprescindível estabelecer limites tendo como objetivo cuidar da saúde emocional. Isso pode ser refletido na escolha de um diálogo interno amigável e motivador, combatendo críticas e julgamentos internos. Mas também decidindo controlar as emoções no momento em que elas surgem.

Às vezes, suprimir o que sentimos pode ser mais confortável, uma vez que isso nos impede de nos sentirmos vulneráveis. Da mesma forma, ficar preso a emoções negativas também pode parecer mais tentador do que processá-las, ser resiliente e seguir adiante. No entanto, se quisermos praticar o amor-próprio, só existe uma opção: permitir-nos sentir e aprender a lidar com esses estados internos.

Mulher com os olhos fechados

Aprender a estabelecer limites é um processo

Se você for uma pessoa pouco disciplinada, você terá dificuldade para implementar os princípios acima na sua vida diária. Haverá mais de um dia em que você sentirá a tentação de deixar de cumprir os seus propósitos, convencendo-se de que eles não são tão necessários e que desta vez você pode fugir das regras. No entanto, é importante que, durante as primeiras semanas, você seja constante e perseverante.

Ao longo do tempo, essa dinâmica se tornará um hábito e você não precisará mais de motivação extra para realizá-la. Por outro lado, você certamente se sentirá muito mais satisfeito com o seu comportamento e a forma como você se vê terá mudado radicalmente, de forma positiva. Enfim, se você se ama, demonstre a si mesmo.


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