Dadaísmo, a arte do absurdo

Estamos falando de uma nova tendência que provocou uma ruptura com o passado e uma abertura para uma nova forma de fazer arte.
Dadaísmo, a arte do absurdo

Última atualização: 29 dezembro, 2022

As vanguardas do século XX representaram uma revolução em vários níveis. O horizonte se abriu e as possibilidades para os artistas cresceram. Dessa forma, a imaginação e a criatividade ganharam espaço diante do pensamento racional e mais acadêmico. Hoje, vamos conhecer uma corrente que tem servido de base para a realização de todos esses propósitos: o dadaísmo, a arte do absurdo.

Nos anos em que este movimento se desenvolveu, outras vanguardas também estiveram ativas: Cubismo, Surrealismo, Fauvismo, Futurismo, etc. Todas elas têm características próprias e uma identidade definida que, sem dúvida, romperam com os parâmetros clássicos do passado para abrir uma nova porta à criação.

Contexto histórico do dadaísmo

O dadaísmo surgiu no século 20

A origem do dadaísmo se deu por volta de 1916-1917. O poeta alemão Hugo Ball foi seu fundador. Posteriormente, surgiu Tristan Tzara, outro poeta que promoveu as idéias do que ficou conhecido como anti-arte, ou seja, o dadaísmo. Na verdade, ele foi referência para muitos artistas e é considerado o principal fomentador do movimento com o manifesto publicado em 1918.

A partir da segunda metade do século XIX e até o primeiro terço do século XX, as abordagens teóricas racionalistas do positivismo estabeleceram leis gerais. No entanto, o dadaísmo foi contra esses princípios e tentou mostrar uma outra concepção artística que usava o humor, a zombaria e a provocação como conceitos básicos e elementares.

A influência na poesia, escultura e pintura foi grande. Eles misturaram facetas diferentes para atingir o mesmo propósito: originalidade versus convencionalidade. No final das contas, foi uma atitude de rebelião diante das tragédias da Primeira Guerra Mundial e da situação de crise, que deu início a um magnífico período entre guerras em que coisas que antes não existiam passaram a ser valorizadas.

“Cada ato é um tiro de revólver cerebral.”
-Tristan Tzara-

Como é o pensamento dadaísta?

Quando se trata de apontar as características desse movimento, é bom notar que, basicamente, ele irrompe na evolução da arte com uma abordagem sarcástica, marcante e singular. Vejamos algumas das suas qualidades:

  • O dadaísmo deve ser situado não apenas como gênero artístico, mas como modo de vida. Artistas que apoiam o pensamento dadaísta rejeitam a tradição e o idealismo clássico, bem como a delimitação de doutrinas e a abordagem única da arte.
  • É considerado um manifesto contra a beleza, as normas e as leis lógicas. Em vez de ter tudo estritamente definido, por que não permitir a liberdade de pensamento sob princípios abstratos? Nem tudo tem que ser uma lei universal, pois cada indivíduo é livre para criar o que considera de acordo com a sua forma de se expressar.
  • A espontaneidade, a improvisação e o absurdo também têm lugar nos museus. O movimento questiona o que são emoções de beleza e estéticas. Qualquer pessoa pode conceber o belo de uma forma individual e diferente.
  • Qualquer um pode se tornar um artista. Basta ter capacidades criativas diferentes da realidade conhecida e, a partir daí, dar uma explicação para o trabalho com o qual você vai expressar seus pensamentos.

Marcel Duchamp, o dadaísta por excelência

O dadaísmo pode ser considerado abstrato

Se tivermos que destacar uma figura-chave nesse movimento, será Marcel Duchamp. Do ponto de vista da arte, ele conseguiu quebrar todos os limites estabelecidos e fazer com que quem a visse participasse da obra. Uma de suas frases mais famosas é “não são os pintores, mas os espectadores que fazem as pinturas”

Sua obra-prima, The Fountain (1917), assinada por R. Mutt, é uma escultura constituída por um mictório público. Ele a enviou para a Independent Artist Exhibition em Nova York, sendo membro do tribunal. Queria, assim, gerar incertezas e saber quais seriam as reações de outros especialistas.

A polêmica gerou inúmeras críticas. A provocação e a zombaria estavam presentes e assim se iniciou a sequência dos ready-mades dadaístas. Para fazer arte, você não precisa ser bom com as mãos, também pode criar por meio do intelecto.

Nesse sentido, as fronteiras da arte foram rompidas e começou uma abertura que, sem dúvida, definiu um antes e um depois na história da arte.

“A arte tem o belo hábito de estragar todas as teorias artísticas.”
-Marcel Duchamp-

Como o dadaísmo contribuiu para a história da arte?

Esta pergunta exige uma longa resposta. Segundo Gombrich, tornou-se um meio para abrir novos caminhos que, no fundo, eram necessários, como consideram outros especialistas como Robert Frances. Por sua vez, podemos relacionar o manifesto dadaísta ao inconsciente coletivo que foi estudado por psicólogos como Jung.

Portanto, qual foi a contribuição do dadaísmo? Embora possa não parecer, ele nos convidou a questionar muitos imperativos que considerávamos leis, lembrando-nos de que existe liberdade de pensamento e, ao mesmo tempo, de que o conceito de absurdo pode ocupar um lugar importante dentro de um museu.


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  • Frances, R. (2005). Psicología del arte y la estética. Akal. Madrid.
  • García Martínez, J. A. (1977). Movimientos artísticos del siglo XX: futurismo, dadaísmo y surrealismo. Centro Editor de América Latina.
  • Gombrich, E. H. (2016). La historia del arte. Phaidon. Nueva York.

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