Como se defender das agressões encobertas
É possível ser passivo e agressivo ao mesmo tempo? Embora pareça contraditório, a pessoa passivo-agressiva não demonstra sua hostilidade abertamente, mas indiretamente, usando estratégias que desmoralizam e irritam o outro, mas que no final das contas, o controlam.
Esta peculiar mistura de hostilidade sem confrontação torna a conduta passivo-agressiva confusa e, por isso, difícil de combater. São várias as razões pelas quais o passivo-agressivo opta por usar táticas indiretas, mas não por isso são menos nocivas ou desgastantes.
Como se leva a cabo o ataque sem confrontação
A conduta passivo-agressiva é uma forma indireta de expressar as emoções negativas, através das seguintes estratégias:
• Antagonismo: Esta atitude consiste em estar permanentemente contra os desejos e vontades dos demais.
• Atitude distante, ausente e antissocial: Embora a pessoa esteja fisicamente presente, mental e emocionalmente está em outra lugar, ou protestando de alguma forma. Ela demonstra tal atitude com sua linguagem não verbal, estabelecendo pouco contato visual, tendo uma atitude apática ou respondendo de forma monossilábica, entre outras condutas semelhantes.
• Atitude de vítima: O passivo-agressivo se queixa constantemente e faz o papel do sacrificado para que os demais sintam compaixão por ele e o agradem.
• Procrastinação: Isso consiste em deixar para a última hora tarefas ou compromissos, causando contrariedade e estresse em si mesmo e nos demais.
• Erros voluntários: O passivo-agressivo faz as coisas sem cuidado e comete erros de maneira deliberada, como uma forma de expressar seu descontentamento.
Por que agem assim?
São distintas as razões que podem provocar a conduta passivo-agressiva, as quais estão ilustradas com situações típicas:
• A parte dominante do casal: quando um dos membros do casal impõe seu critério sobre o outro, é provável que este último, se não for tão assertivo, demonstre seu descontentamento através de falta de interesse ou sendo pouco cooperativo em tarefas compartilhadas.
• Os pais autoritários: se o estilo dos pais for “militar”, os filhos até podem obedecê-los, mas reclamando e cumprindo as ordens pela metade.
• O chefe tirânico: embora o mais possível seja que os empregados não se atrevam a enfrentar um chefe explorador e sem consideração, estes irão vingar-se através de atrasos e erros no trabalho.
• A família política: situações típicas, como a sogra que não gosta da nora ou vice-versa, produzem tensões que muitas vezes são expressadas indiretamente, mediante comentários de duplo sentido, atitudes de desdém e grosseria, para evitar o conflito.
O que fazer diante de agressões encobertas?
Diante desta situação, é importante saber que a conduta exposta é uma forma clara de manipulação e controle, e que depende de nós não cair neste jogo. Aqui estão algumas estratégias para evitá-la:
• Não se deixe impressionar: a cara feia, a indiferença e a falta de cooperação são sinais que não devem passar em branco. Ao contrário, devem ser enfrentadas assertivamente o quando antes.
• Dar o exemplo: se expressamos nossas emoções negativas de forma oportuna e assertiva, contribuímos para gerar uma comunicação aberta que evite condutas tóxicas, como a passivo-agressiva.
• Evitar condutas dominantes e opressivas: um dos principais desencadeadores da conduta passivo-agressiva é o autoritarismo. Por isso, é preferível dar oportunidade ao diálogo e à comunicação aberta, mesmo tratando-se de emoções negativas.
Embora nem sempre possamos expressar nossas emoções diretamente e todos tenhamos comportamentos passivo-agressivos algumas vezes, o problema surge quando este se estabelece como um padrão de comunicação. Por isso, é importante ser assertivo e expressar o que sentimos, bem como deixar que os demais sintam-se livres para expressar suas emoções.