Como deixar de ser uma pessoa obsessiva

Como deixar de ser uma pessoa obsessiva
Fátima Servián Franco

Escrito e verificado por a psicóloga Fátima Servián Franco.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

Todos nós conhecemos pessoas que pensam demais, a ponto de poderem ter problemas em suas vida diárias por causa disso. S ão pessoas que pensam muito sobre o mesmo assunto. Como consequência, sofrem de ansiedade, extrema preocupação e estresse. Se isso ocorrer regularmente, é importante combater o problema para deixar de ser uma pessoa obsessiva.

No artigo de hoje, veremos quais são as causas que levam uma pessoa a entrar nesse tipo de círculo vicioso, assim como algumas das mais recentes teorias sobre o assunto.

Por que obsessões ocorrem?

As teorias cognitivas sobre os transtornos de ansiedade consideram que os déficits no processamento da informação constituem um dos fatores mais importantes para a origem e manutenção desse tipo de transtorno (Beck, Emery e Greenberg, 1985). No entanto, o interesse pelos aspectos cognitivos de pessoas com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é recente, com poucos estudos sobre o processamento da informação emocional da pessoa obsessiva.

Mulher com pensamentos obsessivos

As pesquisas mais recentes mostram que as pessoas obsessivas apresentam déficits em tarefas destinadas a medir distorções e vieses cognitivos (Steketee, Frost, Rhéaume e Wilhelm, 2001). Os estudos realizados sobre o processamento de informações emocionalmente relevantes indicam que a pessoa obsessiva pode ter uma maior sensibilidade em relação aos estímulos associados aos seus medos.

A pessoa obsessiva entra em um círculo vicioso quando suas reações emocionais, provocadas por seus pensamentos sobre seus medos, são semelhantes a aquelas que ocorrem antes dos estímulos reais. As obsessões são definidas por pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes sentidos em algum momento como intrusivos e inadequados, e causam ansiedade ou desconforto significativo.

Os pensamentos, impulsos ou imagens não são reduzidos a simples preocupações excessivas sobre problemas da vida real, vão muito além disso. A pessoa tenta ignorar ou suprimir esses pensamentos, impulsos ou imagens, ou tenta neutralizá-los através de outros pensamentos ou atos.

O objetivo dessas atitudes ou desses comportamentos é a prevenção ou redução do desconforto de algum evento ou situação negativa. No entanto, esses comportamentos ou operações mentais não estão conectados de maneira realista com aquilo que pretendem neutralizar ou prevenir, ou são claramente excessivos.

“A paixão é uma obsessão positiva. A obsessão é uma paixão negativa”.

Obsessões, a ansiedade do século 21

Em edições recentes, a Associação Americana de Psicologia (APA na sigla em inglês) incluiu o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Isso se deve às suas propriedades incapacitantes, assim como sua alta incidência na população nos últimos tempos.

Os prejudicados por essa doença sentem-se aprisionados por ela, repetindo durante horas, nos casos mais extremos, uma ação específica sem ter qualquer tipo de controle sobre seus atos. Além disso, essas pessoas são mais propensas à depressão e a outros distúrbios psicológicos (como hipocondria ou fobias), como consequência direta da ansiedade provocada pelo TOC.

Segundo especialistas, o TOC pode ser classificado em várias categorias, sendo as mais importantes as seguintes:  

  • Limpeza, obsessão com a higiene.
  • Verificação, insegurança e verificação constante de situações domésticas.
  • Ordem, busca por simetria e precisão.

No entanto, existem muitos outros tipos de obsessões, sendo algumas típicas da sociedade moderna, como o vício em redes sociais. Sua ascensão as transformou em outra forma de obsessão, onde os mesmos parâmetros e compulsões das obsessões tradicionais se repetem.

Mulher obsessiva por redes sociais

Obsessões em relacionamentos

No que diz respeito às obsessões na vida sentimental, os mesmos padrões de pensamentos, ideias e comportamentos também se repetem, com a peculiaridade neste caso de que o que se quer controlar é outra pessoa em vez de um objeto. Em alguns casos, o desejo incontrolável de estar com alguém se torna uma obsessão tão forte que acabamos confundindo-o com amor.

Esse tipo de obsessão nos faz agir compulsivamente para alcançar o que queremos, que é estar com essa pessoa. Mas paradoxalmente, o que acontece é que, com esses comportamentos obsessivos, acabamos afastando definitivamente a pessoa amada.

“A obsessão implica que o amor se torne insaciável no relacionamento. Um dos membros do casal nunca está satisfeito com o relacionamento, não pode fazer nada sem o parceiro e demonstra uma grande dependência”.
-Walter Riso-

Tratamentos para deixar de ser uma pessoa obsessiva

O tratamento para eliminar as obsessões é baseado na modificação das crenças errôneas que a pessoa obsessiva tem sobre as intrusões de seus medos. Desta forma, tenta-se reduzir a ansiedade gerada pelos pensamentos.

Por sua vez, este tipo de tratamento também tenta erradicar as compulsões envolvidas na manutenção das crenças de responsabilidade (Salkovskis, Richards e Forrester, 2000). A ideia central do tratamento cognitivo-comportamental consiste em que as respostas emocionais e comportamentais são influenciadas pelas cognições e percepções.

Psicólogo com paciente obsessiva

O principal objetivo desta abordagem comportamental é incentivar a pessoa obsessiva a desenvolver padrões específicos de comportamento que levem à mudanças na forma como o paciente vê a si mesmo e ao mundo exterior. Para isso, a ênfase deve ser colocada na mudança tanto dos processos e pensamentos mentais quanto do modo habitual de se comportar da pessoa.

Bibliografia

  • Beck, AT, Emery, G. e Greenberg, RL (1985). Transtornos de ansiedade e fobias: uma abordagem cognitiva. Básico, Nova York.
  • Casado Martin, Y. (2008). Processamento emocional em pessoas com sintomas obsessivo-compulsivos.
  • Salkovskis, PM, Wroe, AL, Gledhill, A., Morrison, N., Forrester, E., Richards, C., & Thorpe, S. (2000). As atitudes de responsabilidade e interpretações são características do transtorno obsessivo-compulsivo. Pesquisa comportamental e terapia, 38 (4), 347-372.
  • Steketee, G., Frost, RO, Rheaume, J., & Wilhelm, S. (2001). Teoria e prática da terapia cognitiva do transtorno obsessivo-compulsivo. Transtornos obsessivos.
  • Vallejo Pareja, M. Á. (2001). Tratamentos psicológicos eficazes para transtorno obsessivo-compulsivo. Psicothema, 13 (3).

Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.