Deixar tudo para a última hora e gostar dessa adrenalina

Deixar tudo para a última hora e gostar dessa adrenalina
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 02 agosto, 2020

Deixar tudo para a última hora às vezes se torna um modo de vida. Aqueles que são assim não conseguem agir de forma diferente, não importa o quanto tentem organizar seu tempo. Eles permanecem organizados por alguns dias, mas depois retornam à mesma dinâmica.

Aqueles que deixam tudo para o último momento são pessoas que vivem no limite. Neste caso, existem basicamente dois tipos de pessoas: de um lado estão os procrastinadores, que adiam compulsivamente o que precisam fazer ou nunca o completam. Por outro lado, há os viciados em adrenalina que, de alguma forma, gostam de sentir a pressão do tempo.

Em ambos os casos, é um comportamento que afeta a vida das pessoas, muitas vezes de maneira grave. A situação nem sempre pode ser controlada e as consequências podem ser desastrosas. Sem mencionar que a vida se transforma em um caos: deixar tudo para a última hora contribui para a desordem mental e impede o aproveitamento do tempo.

“Quando você tiver que escalar uma montanha, não pense que a espera a tornará menor”.
– Vox Populi –

Homem fazendo escalada arriscada

A adrenalina de deixar tudo para a última hora

Diz-se que uma pessoa é viciada em perigo quando procura deliberadamente situações que coloquem em risco a sua integridade ou a sua tranquilidade. Quando falamos sobre isso, geralmente pensamos em quem pratica esportes radicais ou realiza trabalhos perigosos. No entanto, quem normalmente deixa tudo para o último momento também pertence a esse grupo.

Aparentemente, estar no limite é algo que lhe dá prazer. Caminhar na beira do abismo e não cair, mas sentir na pele o risco do vazio. Em alguns casos, isso pode ser compulsivo. Ou seja, as pessoas não conseguem evitar agir dessa forma repetidamente. Elas gostam de sentir que podem manter o controle em situações extremas.

Nesses estados de risco extremo há uma importante liberação de adrenalina. Por sua vez, a produção de adrenalina estimula a secreção de dopamina, que é uma substância que produz uma sensação de grande bem-estar emocional. A pessoa experimenta um estado muito agradável. Portanto, colocar-se em risco deliberadamente pode gerar uma sensação muito grande de satisfação.

Algumas dessas pessoas que adquirem o hábito de deixar tudo para a última hora são dependentes da adrenalina. Elas trabalham melhor quando estão no limite, porque sentem uma grande satisfação por terem superado o risco. E também por terem experimentado um aumento na dopamina.

As pessoas que procrastinam

Outras pessoas adquirem o hábito de deixar tudo para a última hora porque tendem a adiar deliberadamente os seus compromissos e tarefas. São pessoas que têm mais tempo do que o necessário para fazer o que devem fazer, mas decidem que só o farão quando houver menos tempo do que realmente precisam. Assumem o risco de nunca fazê-lo, se calcularem mal e não disporem do tempo necessário para completar a tarefa.

Mulher em quarto todo branco

Não são pessoas preguiçosas ou negligentes. Elas simplesmente incorporaram esse estilo de comportamento no seu modo de vida e acham impossível agir de outra forma. Sentem-se ansiosas, estressadas e envergonhadas quando adiam os seus compromissos. No entanto, não conseguem evitar esse tipo de comportamento. Quando finalmente conseguem cumprir a tarefa, estão tão exaustas que adiam a seguinte. E o ciclo recomeça.

Os procrastinadores calculam o tempo. Não é distração ou descuido. Elas sabem perfeitamente qual é o momento em que o tempo necessário e o tempo disponível estão ajustados. Na verdade, se atormentam pensando no que devem fazer: não fazem imediatamente, mas mantêm isso em mente. Elas simplesmente esperam “o melhor momento” para fazer o que devem. O problema é que esse momento nunca chega, e começam a trabalhar quando o prazo está terminando.

As consequências desse tipo de comportamento

Tanto no caso das pessoas que se acostumaram a deixar tudo para a última hora pelo seu vício em adrenalina, quanto no caso dos procrastinadores, as consequências, mais cedo ou mais tarde, podem ser muito negativas. Nem sempre é possível cumprir o combinado e isso gera confusão e dificuldade para organizar as suas vidas.

No caso dos viciados em adrenalina, o que prevalece é uma angústia não expressada. Os comportamentos de risco são uma maneira de esconder um conflito não resolvido que causa ansiedade. O perigo só ajuda a dissipar essa sensação interna.

Por outro lado, muitos procrastinadores são pessoas altamente inseguras. Elas temem que o seu desempenho não seja adequado e é por isso que adiam o momento de fazer o que deveriam. Além disso, pode ser um bom argumento se as coisas derem errado. Elas dizem: “Eu fiz isso com pressa e sob muita pressão”.

Excesso de trabalho no escritório

Em ambos os casos, são comportamentos problemáticos porque as pessoas não apenas desorganizam as suas vidas, mas esse modo de agir também as torna pouco confiáveis. Também diminui a possibilidade de obterem os melhores resultados e é improvável que realizem tarefas complexas que exijam continuidade e perseverança.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.