Dermatite atópica e a sua relação com o estresse

Dermatite atópica e a sua relação com o estresse
Sergio De Dios González

Revisado e aprovado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 29 dezembro, 2022

Embora geralmente não associemos os problemas físicos com os emocionais, a verdade é que a relação entre ambos é forte (de fato, todos os problemas emocionais têm uma correlação fisiológica). Hoje vamos discutir a dermatite atópica, que muitas pessoas sofrem em silêncio, com vergonha, chegando a causar problemas para se relacionarem com os demais. Como isso é possível?

A dermatite atópica é uma doença que afeta a pele e causa uma coceira intensa e severa. As lesões que ocorrem na pele são muitas vezes chamadas de “eczemas“, e são como erupções que se descamam e provocam uma forte coceira. Podem aparecer por todo o corpo e também no rosto.

É importante mencionar que a dermatite atópica não tem cura. Os que sofrem com isso podem evitá-la ou aliviar os sintomas com tratamentos específicos, mas o risco de aparecer sempre estará presente. Na verdade, há algumas estações, como outono ou inverno, que podem agravar os surtos. Uma boa hidratação e tratamento adequados podem mantê-la à distância.

A dermatite atópica e seu impacto nas crianças

A dermatite atópica pode afetar crianças em uma idade muito jovem. São indisciplinados, inquietos, não conseguem dormir bem à noite e, se são bebês, podem chorar muito sem um motivo aparente. Todos esses problemas podem ocorrer na idade escolar, com falta de concentração devido à falta de sono.

No entanto, não podemos deixar de lado as consequências emocionais que a dermatite atópica causa em crianças pequenas. Devido à coceira e ao desconforto insuportável, as crianças podem ficar irritadas, chateadas e bravas, gerando situações muito tensas. O motivo de tudo isso é o estresse que essa condição da pele provoca.

Criança com dermatite atópica

Mas isso não termina aqui. A dermatite pode gerar uma forte insegurança e dependência. Para ilustrar melhor, trazemos um fragmento do testemunho de uma mãe, Delphine, cujo filho Hugo começou a sofrer de dermatite atópica aos 4 meses de idade:

“Quando era pequeno, não se importava com esse aspecto. No entanto, quando cresceu, desenvolveu um complexo terrível devido à sua pele escamosa. Seus amigos da escola começaram a zombar dele e ele não conseguia dormir à noite por causa da coceira. Às vezes se coçava até sair sangue.”

Como podemos ver, esse problema de pele pode provocar um forte sentimento de insegurança que dificulta a relação com outras crianças. No entanto, se a criança não for ajudada a superar isso desde o início nem receber as ferramentas necessárias para que sua autoestima não seja afetada, na idade adulta as consequências podem se tornar crônicas.

O adulto com dermatite

Um aduto com dermatite atópica sofre de uma maneira diferente. O problema na idade adulta compromete e põe à prova a gestão emocional. As pessoas se mostram irritáveis e nervosas. Ao mesmo tempo, podem ter problemas de ansiedade e até chegar a apresentar depressão. Vamos dar alguns exemplos de situações reais.

Para um adulto com dermatite atópica, falar na frente de outras pessoas pode ser um verdadeiro problema. Os nervos podem causar um surto inesperado no momento menos adequado. A vergonha que isso implica pode aumentar sua ansiedade, agravando o problema da dermatite. Desta maneira, cria-se um círculo do qual é difícil sair.

Homem estressado

Há outras situações em que o adulto pode se sentir comprometido, como ir à praia ou mesmo ter relações íntimas com outras pessoas. O problema principal, neste caso, são as feridas que os surtos de dermatite atópica às vezes causam. Se a pessoa que a sofre se arranha, o problema se agrava e as marcas podem demorar muito tempo para desaparecer.

A insegurança de não saber em que momento aparecerá a dermatite, se aparecerá, de que forma, se afetará o rosto… Tudo isso desencadeia um estresse que não ajuda. Se a dermatite pode gerar estresse, o estresse torna a dermatite pior. Essa situação pode fazer com que a pessoa que sofre de dermatite veja sua autoestima reduzida devido à insegurança, ao medo e à vergonha. Em alguns casos, isso também pode levar à depressão.

“A DA (dermatite atópica) é uma má companhia, é uma daquelas que chegam sem aviso prévio, machucam sem motivo e sabem o que você quer fazer e quando para poder prejudicá-lo. Você não sabe como vai acordar amanhã, ou se poderá dormir esta noite. Talvez você esteja dormindo e de repente seu rosto queima e a pele rompe, deixando-o em carne viva”
-Jesús María Torres García (desde os 4 anos sofre de dermatite)-

Dermatite atópica

Como pudemos perceber, especialmente com os testemunhos, a dermatite e o estresse são circunstâncias que geralmente se associam e formam um círculo em que a pessoa sofre, e muito. Não sabem quando a dermatite voltará a surgir, em que situação infeliz ela aparecerá, e quando decidirá ir embora.

Em muitas ocasiões, à frustração dessas pessoas adiciona-se a dificuldade para encontrar um tratamento adequado. Cada pele é diferente e nem todas reagem bem ao mesmo tipo de solução. No entanto, apesar de poder ter tudo à mão para prevenir ou controlar um surto de dermatite, sempre surgirá a seguinte pergunta: quando será a próxima vez?


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.