Descobrindo a linguagem emocional: a chave para se conectar com os outros
A linguagem emocional é aquela que comunica emoções. Vai além do verbal e, de fato, em alguns casos, a contradiz. Todos nós captamos essa comunicação sutil até certo ponto, mas nem sempre prestamos atenção suficiente a ela ou decodificamos corretamente as mensagens.
É importante ressaltar que essa linguagem permeia toda a nossa comunicação. Quer percebamos ou não, estamos sempre expressando alguma emoção, mesmo quando estamos em silêncio. Pela mesma razão, esta linguagem dos sentimentos é muito mais rica que a das palavras. Permite conhecer melhor qualquer pessoa e compreender o que ela sente, para além do que ela diz.
Um dos aspectos mais interessantes dessa linguagem é que grande parte dela não está sob controle consciente. Por isso, é um tipo de comunicação mais genuína. Com ela podemos estabelecer uma conexão mais profunda com o outro, abrindo canais que despertem ou otimizem a empatia. Vamos ver do que se trata.
«O principal objetivo da comunicação emocional é transmitir emoções, desejos e sentimentos. Através de um beijo, um gesto de carinho ou um abraço podemos sentir mais a outra pessoa. Quebram-se barreiras e reforça-se a empatia».
-Alejandro Vera-
A linguagem emocional
Peter J. Lang, psicólogo e professor do Centro de Estudos da Emoção e da Atenção da Universidade da Flórida (EUA), é uma das pessoas que mais pesquisa sobre as emoções e sua linguagem. Ele aponta que estas se manifestam em três áreas: cognitiva, fisiológica e comportamental. A primeira corresponde ao pensamento e à razão. O campo fisiológico tem a ver com as reações no organismo físico. E o comportamental está relacionado aos comportamentos que derivam da vivência de uma determinada emoção.
Tomemos o exemplo de uma pessoa que sente tristeza. Alguns de seus pensamentos mais comuns provavelmente serão: “Nada me interessa” ou “Não gosto de nada”. É provável que isso se manifeste fisiologicamente como falta de energia, sonolência, perda de apetite, etc. Em suma, numa maior passividade. Você pode ficar na cama por várias horas, sem fazer planos ou se recusar a participar do que os outros estão fazendo.
Agora, alguém pode lhe perguntar: “O que está acontecendo com você?” e essa pessoa responde: “Não é nada, só estou um pouco cansada.” Se o interlocutor ficar na linguagem verbal, pode acreditar que seja apenas cansaço; em vez disso, vá para a interpretação da linguagem emocional e capte o gesto, a atitude, o tom de voz e o comportamento passivo. Assim, você conseguirá entender que aquela pessoa está triste ou com sintomas depressivos.
Interpretando a linguagem emocional
A linguagem emocional costuma aparecer nas entrelinhas, misturada com outros tipos de mensagens. As próprias palavras dizem muito mais do que aparenta. Uma boa forma de começar a interpretá-la é prestando atenção nos termos que a pessoa usa para dizer algo, principalmente quando usa linguagem figurada.
Se alguém diz que “trabalha como uma mula” não está apenas a referir-se ao fato de trabalhar muito, mas também a sofrer as consequências disso a todos os níveis. Ou quando uma pessoa indica “estou morrendo de vontade de ir àquela festa”, além da vontade de ir, está indicando que o evento é significativo, que existem expectativas e ilusões em torno dele.
A linguagem corporal e os gestos merecem um capítulo à parte. Às vezes não é necessário decifrá-lo com palavras, mas simplesmente perceber o tom da voz, a impressão geral deixada pela atitude do corpo, a intensidade do olhar, etc. A partir disso é possível interpretar o que uma pessoa realmente sente. Não é necessário “dissecar” a mensagem para entender. Uma compreensão global é suficiente.
Ouvindo sua própria linguagem emocional
Cada pessoa também se comunica consigo mesma, em grande medida, por meio da linguagem emocional. O problema é que nem sempre estamos em posição de “escuta” quando esses tipos de mensagens são produzidos. Uma boa forma de evitar essa “surdez” é começar prestando atenção no que seu próprio corpo diz.
Tensões musculares localizadas em um ponto específico, aquela dorzinha que não para em outro lugar ou a sensação de frio ou calor podem ser sinais de emoções que não foram totalmente lidas ou interpretadas.
Tão importante quanto entender a própria linguagem emocional e a dos outros é aprender a comunicá-la. Expressar o que sente é essencial para um bom entendimento. Dizem que nós no estômago ou na garganta são iguais aos nós no cabelo. A melhor maneira de desfazê-los é colocá-los em ordem. Como? Com a palavra, que consegue dar forma ao que antes não tinha.
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