A desgraça compartilhada é mais fácil de suportar?

Você acha que pode haver conforto em se conectar com outras pessoas na mesma situação que você? Neste artigo, tentaremos encontrar uma resposta.
A desgraça compartilhada é mais fácil de suportar?
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Existem vários ditados populares que abordam, sob diferentes perspectivas, a seguinte questão: uma desgraça é mais suportável quando é compartilhada?

Por um lado, “mal de muitos, consolo de tolos” refere-se à insensatez de acreditar que, se um infortúnio afeta mais pessoas (e não apenas a mim), ficarei aliviado. Na realidade, os seus problemas não serão resolvidos pelo fato de os outros estarem na mesma situação.

No entanto, outros ditados destacam o elemento reconfortante de saber que não somos os únicos a passar por uma situação difícil. Isso pode ter alguma verdade? A resposta é sim. Existem muitas situações cotidianas nas quais encontramos esse fenômeno.

Quando um aluno tira notas baixas em uma prova, o impacto negativo é reduzido ao saber que a maioria de seus colegas de classe teve o mesmo problema. Da mesma forma, grupos de apoio para pessoas com algum transtorno psicológico são uma grande ajuda pelo simples fato de permitirem a conexão com alguém que passa pela mesma situação.

Mas, qual é a base de tudo isso? Ficamos felizes com a desgraça alheia? Somos intrinsecamente maus? De forma alguma. Existem várias razões que explicam a existência desse processo.

Homem consolando mulher

A desgraça compartilhada e o impacto da comparação social

As pesquisas em psicologia social vêm percebendo há muitos anos a pressão exercida pelo grupo social sobre os indivíduos. Grande parte da nossa identidade é forjada no relacionamento com os outros e, portanto, a sua influência sobre a nossa autoimagem é muito grande.

Todos os seres humanos tendem a se comparar com os outros, a fim de medir o seu valor e adequação. O resultado dessa comparação terá impacto no nosso autoconceito.

Portanto, quando uma desgraça acontece conosco, o equilíbrio comparativo se inclina contra nós. Sentimo-nos diferentes e inferiores e começamos a criar emoções negativas.

Encontrar outras pessoas na mesma situação permite que a comparação seja mais favorável. Isso, de alguma forma, protege a nossa autoestima: não somos mais os únicos que “falharam”.

Não é uma desgraça, apenas parte da nossa humanidade

O alívio de saber que uma situação difícil preocupa outras pessoas é que ele nos lembra da nossa humanidade compartilhada. Quando um evento negativo e inesperado acontece, o choque emocional pode ser muito grande.

Se perdermos um teste importante, se formos traídos, se sofrermos de um distúrbio de pânico…. Todas essas situações nos colocam em uma posição desfavorecida inicialmente. Sentimos que falhamos como pessoas, que não somos adequados, que algo diferente acontece conosco.

Estar ciente de que não somos os únicos amplia a nossa perspectiva. Isso nos lembra de que somos todos humanos, que todos experimentamos eventos positivos e negativos. Que, finalmente, a dor faz parte da experiência humana tanto quanto o prazer.

Sucesso e fracasso, ambos fazem parte da aventura da vida.

Isso nos ajuda a acalmar a mente, a silenciar o diálogo interno que nos acusa e a normalizar as nossas emoções como um processo passageiro e aceitável. Além disso, ver como outras pessoas enfrentam circunstâncias semelhantes pode nos motivar a utilizar os nossos próprios recursos. A partir de outras experiências, poderemos ter ideias para fazer melhor.

Mulher triste com sua vida

Tome uma atitude

Apesar de encontrar alívio na desgraça compartilhada, é importante ter em mente que a chave sempre será agir. Se você não passou em uma prova, deverá estudar mais para a próxima. O fato de muitos outros colegas também terem obtido notas baixas não melhorará o seu currículo.

Da mesma forma, se o seu relacionamento terminou, você terá que utilizar os seus recursos internos de enfrentamento e seguir em frente. Não é aconselhável juntar-se àqueles que passam pela mesma experiência para se afundar no sofrimento, mas para se motivar a seguir em frente.

O fato de encontrar pessoas na mesma situação não deve levá-lo a se acomodar na vitimização, no rancor ou na raiva. As suas atitudes serão sempre as únicas que o tirarão de onde você está e o levarão aonde você quer chegar.

Portanto, se você vai olhar para os outros, que seja para se inspirar a continuar. Observe como eles aceitam o erro como parte da vida e tiram disso um aprendizado. Apoie-se nos outros para consertar as suas asas e voar novamente.


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  • Festinger, L. (1954). A theory of social comparison processes. Human relations7(2), 117-140.
  • Robinson, W. P., & Tajfel, H. (Eds.). (1996). Social groups and identities: Developing the legacy of Henri Tajfel. Psychology Press.

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