Infidelidade: quando o amor deixa de ser exclusivo

Infidelidade: quando o amor deixa de ser exclusivo
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 21 junho, 2018

Muitos casais estabelecem um acordo em que se comprometem a permanecer fiéis ao amor que professam um pelo outro. Quando um dos dois rompe esse acordo, falamos de infidelidade. A pessoa que comete a infidelidade geralmente a oculta porque sabe o que significa, e intui algumas das consequências que pode ter, embora mais tarde possa confessar ou ser descoberta. Seja como for, a pessoa que é vítima da infidelidade sofre uma dupla sensação de traição: uma traição a ela e ao relacionamento.

Falar sobre infidelidade não se refere apenas à existência de relações sexuais com outra pessoa fora do relacionamento, mas também pode ser uma infidelidade relacionada à intimidade emocional, ou ambos. Em qualquer caso, implica uma perda de confiança, que é a base de um relacionamento saudável.

Curiosamente, existem diferenças entre homens e mulheres em muitos aspectos da vida, incluindo a infidelidade. De acordo com diferentes estudos, os homens tendem a se sentir mais magoados com a infidelidade sexual, e as mulheres tendem a se sentir mais magoadas com a infidelidade emocional. Claro, estamos falando de uma média, porque cada caso é um caso.

Quais são as causas da infidelidade?

No amor, a faísca que acende o estopim da infidelidade pode começar de diferentes níveis. Do ponto de vista individual, essas são algumas das causas que podem levar uma pessoa a romper o pacto de exclusividade:

  • Atração sexual.
  • Gratificação de necessidades sexuais, emocionais e/ou sociais.
  • Fuga de um relacionamento insatisfatório.
  • Necessidade de dominar, conquistar…
  • Compulsão ou vício sexual.
  • Vingança.

Outras causas poderiam ser identificadas do ponto de vista sistêmico, isto é, do relacionamento. Por exemplo, a infidelidade pode surgir como um sintoma de algum tipo de problema no relacionamento ou de desejos de maior intimidade, ou, pelo contrário, ao se sentir ameaçado por exigências de maior proximidade, etc.

Casal se abraçando

Como a pessoa que foi vítima de infidelidade se sente?

Quando nosso parceiro ou parceira rompe o acordo de fidelidade, podemos nos sentir de várias formas, dependendo da nossa experiência, nossa personalidade, do tipo de infilidelidade, do tipo de relacionamento, do contexto social e cultural… Estas são algumas das consequências mais comuns:

  • Raiva ou ira.
  • Sentimentos de abandono ou rejeição.
  • Sentimentos de falta de controle e poder.
  • Perda de autoestima e do próprio valor como parceiro.
  • Perda de confiança.
  • Estresse pós-traumático.

Existem diferenças de gênero na infidelidade?

Segundo estudos sociológicos, as diferenças existentes entre homens e mulheres em relação à infidelidade vêm diminuindo muito nos últimos tempos. De fato, entre os jovens, quase não há diferenças.

Neste sentido, as teorias evolucionistas ajudam muito a compreender melhor as pessoas infiéis, já que consideram a monogamia como um produto sociocultural. Na verdade, atualmente existem muitos relacionamentos não monogâmicos que também criam seus próprios acordos e seguem seus próprios princípios éticos.

Todas as pessoas usam estratégias para se reproduzir a longo prazo (compatibilidade, segurança, comodidade…), mais relacionadas à monogamia, e a curto prazo (paixão, novidade, risco). Portanto, parece provável que haja muito mais pessoas que pensaram em uma infidelidade do que aquelas que a cometem ou falam sobre a tentação.

Diante de um dilema tão humano, como querer um vínculo seguro e, ao mesmo tempo, querer novidade e/ou paixão, há pessoas que tomam uma decisão que não tomariam, caso refletissem sobre o acordo que têm com o parceiro. Do ponto de vista antropológico e seguindo as teorias evolucionistas, os homens teriam sido mais infiéis ao longo da história porque essa seria uma estratégia reprodutiva que beneficiaria seu propósito de assegurar seus descendentes.

O perdão no contexto da infidelidade

A infidelidade é uma encruzilhada que abre diferentes caminhos e, em muitos deles, o perdão está presente. Existe uma necessidade de perdoar e ser perdoado como um ato de restauração, não do relacionamento, mas da própria imagem. Ninguém gosta de se ver como uma pessoa infiel, não confiável, governada por paixões e instintos.

Casal brigado

Em muitos casos, o perdão também é o primeiro passo para recompor um relacionamento castigado pela infidelidade. Quando há sentimentos de traição, o perdão será o alicerce a partir do qual, pacientemente, pode surgir novamente confiança, respeito, talvez até amor. Por outro lado, o perdão é muitas vezes ligado a ideias “estranhas” ou mitos que podem nos confundir, como os seguintes:

  • Perdoar é sempre bom.
  • Perdoar mostra que você é uma boa pessoa.
  • O perdão elimina o conflito.
  • O perdão ocorre de repente, de uma só vez.
  • O perdão transforma os sentimentos negativos em outros positivos.
  • Perdoar é esquecer.
  • Perdoar é admitir que os próprios sentimentos não eram adequados ou injustificados.
  • Perdoar não implica pedir nada em troca.

O perdão implica um reconhecimento do que ocorreu, um processo em que o fato é integrado à história pessoal e através do qual a ferida deixa de doer de maneira contínua, deixando às vezes lembranças na forma de cicatriz. É por isso que, muitas vezes, embora os casais continuem com o relacionamento e a confiança surja novamente, ainda há momentos em que certos detalhes trazem lembranças que exigem um pouco mais de força e decisão.

Uma infidelidade pode ser perdoada, integrada, ignorada. Assim, não deixa de ser um fato com o qual cada um de nós pode lidar de uma maneira diferente. A melhor, sem dúvida, será aquela que impede que essa experiência nos sequestre de maneira crônica.


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