Diferenças psicológicas entre fazer amor e fazer sexo

Fazer amor e fazer sexo são duas experiências com repercussões diferentes em nível psicológico e emocional. Descubra como se diferenciam.
Diferenças psicológicas entre fazer amor e fazer sexo
Elena Sanz

Escrito e verificado por a psicóloga Elena Sanz.

Última atualização: 07 fevereiro, 2024

Sexo com ou sem amor? Este é um assunto debatido e para o qual cada pessoa tem a sua opinião. E é que há quem goste plenamente de encontros casuais, enquanto para outros o afeto é essencial na intimidade. Na verdade, a preferência de uma mesma pessoa pode variar dependendo do contexto e do momento. Mas, além disso, que diferenças psicológicas existem entre fazer amor e fazer sexo?

Não há distinção universal ou objetiva entre os dois conceitos, pois a linguagem é apenas uma construção abstrata utilizada para nomear uma realidade. Portanto, para várias pessoas o mesmo termo pode não ter o mesmo significado. No entanto, alguns pontos são pertinentes a serem considerados.

Fazer amor e fazer sexo: experiências semelhantes, mas diferentes

Para entender melhor em que aspectos esses conceitos diferem, é conveniente partir da definição de cada um. Assim, descobrimos que fazer sexo significa ter relações sexuais ou outras atividades de natureza sexual com outra pessoa para satisfazer um desejo.

Esses encontros podem ser ocasionais ou repetidos e variam em frequência, tipo de contato e grau de revelação pessoal, conforme sugerido por Wentland & Reissing (2011) em artigo publicado no The Canadian Journal of Human Sexuality. No entanto, o sexo parte de um impulso fisiológico ou atração pelo outro e visa a gratificação ou o prazer.

Por sua vez, fazer amor pode ser definido como atividade sexual com outra pessoa como expressão de amor mútuo. Nesse caso, os motivos incluem o desejo de se aproximar emocionalmente do outro, gerar intimidade e expressar afeto ou admiração que se sente.

Assim, podemos dizer que a principal diferença entre as duas experiências é o grau de vínculo afetivo e o papel que este assume durante o encontro.

Diferenças psicológicas entre fazer amor e fazer sexo

Os argumentos acima dão uma ideia das distinções entre essas duas experiências. Mas o que cada um implica em nível psicológico? Como reconhecê-los com base nos atos, pensamentos ou emoções envolvidos? Estas são algumas chaves sobre isso.

Nível de afetividade

Os sentimentos costumam fazer a diferença entre quem faz amor ou faz sexo. E é que, sim, durante um encontro casual a pessoa pode sentir atração, desejo ou até apreço pelo outro. No entanto, você não experimenta o amor romântico e as emoções não desempenham um papel importante nessa troca.

Objetivo do encontro

O principal objetivo perseguido ao fazer sexo com outra pessoa também dá o tom. Novamente, se agirmos por impulso físico ou se quisermos apenas completar uma atração, estaremos fazendo sexo. Por outro lado, se em certo nível o que buscamos é nos conectar com o outro, criar intimidade emocional ou continuar cultivando esse vínculo entre os dois, falamos em fazer amor.

Expressão verbal e não verbal

Para muitas pessoas, a linguagem verbal e não verbal é decisiva na diferença entre fazer amor e fazer sexo. No primeiro caso, assume-se mais delicadeza ou sutileza, com mais tempo dedicado a seduzir o outro e cativá-lo com palavras suaves e carícias.

No segundo cenário, é uma experiência mais focada no toque e nas sensações físicas. É comum que se dedique menos tempo ao cultivo do desejo e que tanto a linguagem verbal quanto a não verbal sejam mais diretas e voltadas para a obtenção do prazer e do orgasmo.

No entanto, isso depende dos gostos e preferências de cada casal, pois existem práticas sexuais menos sutis em que a ausência de sentimentos não é necessária. As formas de expressão são muito individuais.

Gratificação própria ou mútua

Outro aspecto relevante é a consideração que se tem pelo parceiro sexual, seus desejos, necessidades e preferências. É claro que todo encontro íntimo deve implicar cuidado e responsabilidade para com o outro, mas é mais comum que ao fazer amor estejamos focados em dar-lhe prazer e fazê-lo sentir-se bem.

Ao fazer sexo, é possível cair em um componente um pouco mais egoísta e cuidar de nossos próprios gostos e desejos. Embora, novamente, isso difere muito de uma pessoa para outra.

Atitude pós-coito

Como fazer sexo envolve uma troca, sobretudo física, a interação raramente é cuidada após o término. Não é comum que o tempo seja gasto compartilhando abraços, carícias ou palavras de carinho (como acontece depois de fazer amor). Se houver alguma conversa, ela geralmente gira em torno de tópicos não relacionados ao vínculo.

Expectativas futuras

Ao fazer sexo, não se espera um compromisso ou continuidade além desse momento. Por outro lado, na hora de fazer amor, ambos assumem que seu vínculo vai durar no tempo e que costumam compartilhar um projeto de vida ou, pelo menos, uma ideia de longo prazo.

É melhor fazer amor ou fazer sexo?

Estas duas opções são igualmente válidas e a preferência por uma em detrimento da outra decorre de diferentes determinantes. Por exemplo, a personalidade, valores ou ideologia de cada um; mas também do momento da vida em que se encontra. A verdade é que cada alternativa tem suas consequências.

Os benefícios do sexo para a saúde são inegáveis e bem documentados. O sexo ajuda a aliviar a dor, reduz o estresse e aumenta a imunidade natural. Além disso, fazer sexo regularmente ajuda você a parecer e se sentir mais jovem e até a viver mais. Isso é sugerido por um estudo conduzido pelo Dr. David Weeks e publicado na Sexual and Relationship Therapy.

Portanto, fazer sexo casual é uma maneira de colher esses benefícios, mesmo que você não esteja em um momento em que deseja se envolver romanticamente ou ter um compromisso de longo prazo. No entanto, o sexo casual pode gerar ansiedade e falta de confiança, o que teria um impacto negativo na saúde psicológica, diz um estudo publicado no Journal of sex research.

Adicionalmente, componentes como as trocas afetivas pós-sexo são importantes para uma maior satisfação sexual (Muise et al., 2014). E estes geralmente não estão presentes em encontros sem amor.

Por outro lado, embora possa parecer surpreendente, fazer amor é mais valorizado do que fazer sexo, mesmo pela população mais jovem. Uma tese de doutorado da Universidade de Granada constatou que, entre os universitários, o sexo com amor é apontado como o fator mais prazeroso.

Conhecer-se para decidir

Cada pessoa é diferente e o dilema entre fazer amor e fazer sexo deve ser abordado de uma perspectiva particular. É essencial conhecer a si mesmo e estar em contato a todo momento com o que você quer, deseja e precisa para escolher livremente.

E é que há quem recorra ao sexo casual como fuga às emoções ou situações desagradáveis da sua vida; outros entram nesses encontros no calor do momento, apenas para sair magoados e usados ou rejeitados depois.

Por outro lado, há aqueles que, depois de se conhecerem e se ouvirem, decidem que neste momento vital fazer sexo sem amor é uma boa alternativa e desfrutam da experiência sem sofrer nenhuma dificuldade (Mark et al., 2015). Portanto, avalie sua situação e, acima de tudo, certifique-se de que o encontro seja consensual e seguro. Assim, você encontrará o prazer da forma que melhor se adequar às suas preferências.


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