7 técnicas do estoicismo para superar o estresse

Diante de uma realidade marcada pela incerteza e confusão, o estoicismo nos permite assumir o controle do que mais importa: nossa mente. Graças a essa escola filosófica, podemos aprender técnicas valiosas para controlar o estresse. Você quer conhecê-las?
7 técnicas do estoicismo para superar o estresse
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 18 maio, 2023

Se fizermos uma pequena revisão dos livros de autoajuda, descobriremos que muitos deles seguem a trilha do estoicismo. Há algo que nos atrai nessa escola de vida criada por Zenão de Cítio e aderida por Sêneca e, claro, pelo imperador Marco Aurélio. Além disso, uma parte da psicologia cognitivo-comportamental é alimentada por essa abordagem filosófica.

Embora seja verdade que mais de dois mil anos se passaram desde que Crisipo de Solos ou Epicteto nos deixaram seus escritos sobre essa corrente, parece que é agora que mais precisamos dela. Muitos alertam que a moda do estoicismo é quase maluca, mas tem sua razão de ser. Vivemos tempos de grande incerteza, mudança e confusão.

Quando a vida treme, a mente também o faz, não sabemos no que nos agarrar e então, o estresse e a ansiedade emergem dessas frestas. Mais do que prazer, precisamos de segurança. Se o epicurismo exaltava o hedonismo, hoje temos uma necessidade maior de desenvolver habilidades de enfrentamento e resiliência. O estoicismo pode nos ajudar.

“Devemos fazer caminhadas ao ar livre para que a mente possa ser nutrida e revigorar-se com ar fresco e com respiração profunda.”

-Sêneca-

Homem de mente iluminada aplicando as técnicas do estoicismo
A ideia central do estoicismo é que, se conseguirmos controlar a mente, podemos melhorar a percepção que temos da nossa realidade.

Técnicas do estoicismo que permitirão que você gerencie o medo e as preocupações

Algo que as raízes do estoicismo nos ensinam é que todos podemos alcançar o bem-estar por meio do controle da mente. Dimensões como a angústia podem ser atenuadas aceitando tudo o que está fora do nosso controle. Também através de uma abordagem orientada para a contemplação e mudança de atitude.

É bem possível que mais de um se pergunte se, tirando o pó dessa velha filosofia, realmente alcançamos algo concreto e objetivo. As técnicas do estoicismo são válidas e eficazes para controlar o estresse, a ansiedade ou a infelicidade? Bem, os pesquisadores do Laboratório de Neurociência Cognitiva e Afetiva de Birkbeck se fizeram essa mesma pergunta.

Gostaríamos de saber se essa abordagem, originada no período helenístico, oferece benefícios substanciais para aqueles propensos a preocupações excessivas. É uma ferramenta de grande valor cognitivo digna dos tratamentos psicológicos atuais. Por que não colocá-la em prática? Por que não usar essas ferramentas para lidar com o estresse?

“Você tem poder sobre sua mente, não sobre eventos externos. Perceba isso e você encontrará força.”

-Marco Aurélio-

1. Reformule: você não é o que pensa

Os estóicos nos ensinaram que uma forma de manter o controle em situações adversas é por meio da temperança e da serenidade. Para isso, convém dominar nossa mente e o que nela se passa.

Assim, muitas vezes, o substrato do estresse e da ansiedade reside na nossa obsessão em dar valor a tudo o que pensamos. “Sou desajeitado, vai dar tudo errado, não valho nada, o mundo me supera, sou um fracassado”…

É hora de entender que não somos o que sentimos ou pensamos. Somos a pessoa que contém essas ideias nocivas e, portanto, temos o poder de mudar essa dinâmica adversa e desgastante. Deixemos de dar valor ao que inventa aquele juiz interno negativo e cruel que nos quer cativos do fracasso e do medo.

2. Mãos à obra: se algo te preocupa… Ocupe-se

Entre as técnicas do estoicismo para administrar o estresse, nunca falta esse princípio básico de bem-estar. Em vez de cair no labirinto infinito da preocupação, vamos desenvolver estratégias para resolver o que nos preocupa. A mente, se deixarmos, é como um buraco negro que engole toda a esperança e valor, arrastando-nos para a escuridão.

Não nos deixemos levar pela inércia dessa força gravitacional, porque estaremos perdidos. Evitemos alimentar a negatividade e o catastrofismo e sejamos capazes de encontrar soluções originais para o que nos preocupa.

3. Divida e você conquistará

Você é capaz de discriminar o que é importante do que é prioritário? Você sabe esclarecer o que está fora do seu controle e o que você pode dominar? Os estoicos definiram a dicotomia do controle como a principal estratégia de bem-estar humano.

Consiste em separar tudo o que está sob nosso domínio, do que diz respeito a outras parcelas que estão completamente fora de nosso controle e que, portanto, devemos aceitar.

Além disso, para reduzir a carga avassaladora de estresse, é essencial que você saiba priorizar. São muitas tarefas, supostas obrigações e até pessoas que são apenas artifício na sua vida, que geram sobrecarga. É hora de liberar pesos do seu dia a dia…

4. “Disseque” sua mente

Quando se trata de comer uma maçã, uma cereja ou um pêssego, sabemos sempre que essas iguarias têm uma parte da sua polpa que não é comestível. Muitas vezes nós as abrimos e as dissecamos para remover o osso, os caroços. Com nossa mente (metaforicamente) devemos fazer o mesmo.

Muitas das coisas com as quais você se preocupa não são úteis e até mesmo o prejudicam ao “mastigá-las” repetidamente em sua mente. Então faça isso, disseque seus pensamentos e elimine deles o que não serve, o que não alimenta sua atitude, sua esperança, sua razão de ser…

5. Distância cognitiva

Entre as técnicas do estoicismo para regular o estresse, essa é uma das mais úteis. Como Epicteto disse uma vez, não são as coisas que nos incomodam, mas nossas opiniões sobre essas coisas. A forma como interpretamos o que nos acontece é definida pelo nosso estado de espírito.

Marco Aurélio já falava em sua época sobre a necessidade de separar nossos julgamentos dos acontecimentos externos. Essa ideia se traduz agora num recurso que definimos como distanciamento cognitivo e que sugere que procuremos olhar para a nossa realidade com menos preconceitos e desde uma maior distância emocional. Só quando olhamos para o que nos rodeia é que descobrimos que nada é tão ameaçador quanto parece.

“Em relação a tudo o que lhe causa tristeza, lembre-se de fazer uso desse “dogma”: não só não é uma desgraça, como é uma sorte suportá-la com coragem”.

-Marco Aurélio-

subindo uma montanha
Os estóicos já alertavam para a inutilidade de se preocupar com coisas que ainda não aconteceram. Em vez disso, vamos apreciar o aqui e agora.

6. Atenha-se ao presente

Há outro ensinamento que Marco Aurélio nos deixou em sua obra Meditações. É a que se refere à importância de focar a mente no presente para reduzir o peso da preocupação. As pessoas têm a tendência inconsciente de habitar no futuro de forma quase persistente.

Num mundo tão incerto, é comum alimentar medos, preocupações e as imagens mais torturantes sobre o que o amanhã nos trará. Vamos evitar isso. Vamos adotar um olhar mais estoico e focar no aqui e agora, a única coisa que podemos controlar e onde podemos aplicar uma atitude mais serena, confiante e segura.

7. Encontre um hobby, mantenha-se ativo

Exercite seu corpo e mente, mexa-se, conquiste novos hobbies e paixões, dê motivação ao seu cérebro. Algo tão simples como caminhar diariamente reduz cargas infinitas de estresse. Uma nova amizade, descobrir outras tramas de saberes ou práticas enriquecedoras são formas catárticas de se sentir melhor.

Os estoicos nos deixaram um modelo de vida que podemos usar a nosso favor. Seu objetivo nesta existência era alcançar um equilíbrio interno adequado, no qual canalizar energia virtuosamente. Para fazer isso, eles controlavam sua mente e regulavam suas emoções para aceitar tudo o que o destino poderia lhes trazer; o bom e também o mau.

Essa sabedoria ancestral é tão útil para nós quanto inspiradora na vida moderna de hoje. Aplicá-la pode ser uma grande mudança.


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