Dignidade pessoal é reconhecer que merecemos algo melhor

Dignidade pessoal é reconhecer que merecemos algo melhor

Última atualização: 04 julho, 2017

As pessoas têm um preço, um valor indiscutível chamado dignidade pessoal. É uma dimensão incondicional que nos lembra todo dia que ninguém pode nem deve nos usar, que somos livres, seres valiosos, responsáveis por nós mesmos e merecedores de um respeito apropriado.

A dignidade é, sem dúvida, um dos conceitos mais interessantes e ao mesmo tempo ignorados dentro do campo do crescimento pessoal. Por alguma razão, muitos de nós esquecemos que esta dimensão não depende do reconhecimento externo. Ninguém tem por que nos dar um valor determinado para que nós mesmos nos sintamos merecedores.

“Trabalhe de tal forma que você use a humanidade, tanto na sua própria pessoa como na pessoa de qualquer um, sempre ao mesmo tempo como fim, e nunca meramente como meio.”
-Immanuel Kant-

A dignidade é uma qualidade inerente que vem de “fábrica”. Como disse Martin Luther King certa vez, não importa qual seja o seu oficio, não importa a cor da sua pele, nem quanto dinheiro você tem na sua conta bancária. Todos somos dignos, e todos temos a capacidade de construir uma sociedade muito melhor baseada no reconhecimento de nós mesmos e no dos outros.

Contudo, dignidade e vulnerabilidade sempre andam de mãos dadas. Porque esta qualidade inata depende diretamente do nosso equilíbrio emocional e da autoestima. De fato, às vezes basta que alguém não goste de nós para não nos sentirmos dignos de sermos amados. Também basta passarmos uma temporada sem emprego para pensarmos que não somos dignos nem úteis para esta sociedade.

Homem em mão com folhas coloridas

O que não é dignidade pessoal

Precisamos entender logo cedo que merecemos o melhor, que devemos ser respeitados pelo que somos, temos e nos caracteriza. Defender a nossa própria identidade, nossa liberdade e nosso direito de ter voz própria, opinião e certos valores, não é narcisismo. No momento em que entendemos tudo isso, a nossa personalidade se fortalece e conseguimos uma satisfação interior adequada.

Contudo, é preciso admitir: se existe uma aspecto do nosso bem-estar psicológico que mais deixa sequelas após ter sido descuidado, esquecido ou deixado em mãos alheias, é ela, a dignidade. Por isso, é preciso sempre lembrar uma coisa muito simples e ao mesmo tempo ilustrativa: a esperança não é a última coisa que uma pessoa deve perder, na verdade, o que jamais devemos perder é a dignidade pessoal.

Vejamos a seguir de que formas este valor e este princípio de fortalecimento interior se esvaem.

Borboleta batendo suas asas

Perdemos a dignidade pessoal quando…

A dignidade não é uma chave que colocamos no bolso e que de vez em quando deixamos para outras pessoas guardarem. A dignidade não é uma posse material, é um valor intransferível, incondicional, próprio e privado de cada um. Não se abandona, não se perde, nem se vende: está com você SEMPRE.

  • Perdemos nossa dignidade quando nos deixamos humilhar e boicotar de forma sistemática.
  • Perdemos a própria dignidade de forma fulminante quando deixamos de amar a nós mesmos.
  • A dignidade se perde quando nos tornamos conformistas e aceitamos muito menos do que merecemos.
  • Por mais curioso que possa parecer, também podemos deixar escapar esta dimensão na hora em que nos excedemos, em que exigimos privilégios e deixamos vulnerável o senso de equilíbrio e a igualdade com relação aos nossos semelhantes.

Como podemos ver, não é somente a falta de autoconfiança e de amor próprio que provoca a perda dessa raiz do nosso bem-estar. Às vezes, há quem se torne indigno na hora em que permite o abuso, a falta de consideração e o egoísmo extremo.

Os 5 pilares da dignidade pessoal

A dignidade é, talvez, um assunto muito mais tratado pela filosofia do que pela psicologia. Kant, por exemplo, definiu oportunamente a pessoa com dignidade pessoal apropriada como alguém com consciência, vontade própria e autonomia. Contudo, nas definições mais clássicas sobre este aspecto não se dá atenção a um fator fundamental: a dignidade também se expressa quando somos capazes de conseguir que aqueles que nos rodeiam se sintam respeitados, dignos e valorizados.

“Todo ser humano é uma pessoa. É preciso respeitar a pessoa como tal, independentemente de que possua ou não a consciência adequada”.
-Evandro Agazzi-

Estamos então diante de uma valor pessoal, mas também diante de uma atitude proativa. Não importa que venha de “fábrica”, como dissemos no início. Precisamos ser capazes de propiciar e criar entornos onde impere a dignidade, seja em nossas famílias, em nossos ambientes profissionais e na própria sociedade.

Vejamos agora quais pilares sustentam essa valiosa dimensão.

Grupo unido aceitando todos os membros

Como aprender a sermos pessoas com uma dignidade mais forte

O primeiro aspecto é compreender que somos donos de nós mesmos. Somos os nossos próprios regentes da orquestra, nossos gurus pessoais, nosso próprio leme e nossa bússola. Ninguém tem por que nos carregar, nem nos levar por oceanos que não são os nossos, por cenários que nos trazem a infelicidade.

  • Permitir-nos alcançar aquilo que queremos. Muitas vezes não nos sentimos merecedores de alguma coisa melhor, de algo bom e enriquecedor. Nos limitamos a aceitar o que a vida nos deu como se fossemos atores de segunda no teatro das nossas próprias vidas.
  • Defina os seus valores. Aspectos tão básicos quanto uma identidade forte, uma boa autoestima e valores sólidos configuram as raízes da nossa dignidade pessoal, fatores que ninguém pode nem deve ignorar jamais.
  • Reflexão e meditação. Ao longo do dia, é bom ter certos momentos para si mesmo. É um espaço próprio para estar em contato com o próprio ser para fazer um diagnóstico apropriado sobre como nos sentimos. A dignidade é “tocada” de diversas formas ao longo dos dias, e é preciso identificar essas pancadas, essas pequenas feridas para curar.

Por fim, e não menos importante, é fundamental também sermos capazes de cuidar da dignidade dos outros. Dissemos isto anteriormente, porque ser digno é também saber reconhecer o seu igual, seja qual for a sua condição, sua situação, sua origem, seu status ou sua raça. Aprendamos portanto a criar sociedades mais justas começando sempre por nós mesmos, por nossa própria dignidade.


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