Diz-me o que desenhas, e te direi quem és
Quando se trata de personalidade, não há nenhum segredo. Qualquer conduta, seja o tom da voz, a maneira de caminhar ou a forma de desenhar expressam nossa maneira de ser, queiramos ou não.
Este princípio que os psicólogos conhecem bem é a base dos testes projetivos, os quais estão estruturados para que revelemos nossa personalidade através dos mesmos, sem nos darmos conta. Assim, os diferentes testes de desenhos, como o da figura humana, a árvore ou a casa, são testes projetivos nos quais nossos (aparentemente inocentes) desenhinhos revelam nossos mais íntimos segredos…
O que são os testes projetivos?
Os testes projetivos constituem uma área muito interessante da psicologia, pelo processo de descobrimento que implicam a partir de um estímulo tão ambíguo quanto um desenho. Nisso consistem precisamente os testes projetivos: são situações que permitem que a pessoa se expresse livremente, sem controles conscientes, de maneira que suas tensões, conflitos, emoções, atitudes, assim como seus aspectos criativos e construtivos, surjam sem restrições. Um grande banquete para os psicólogos!
Nossos dramas em desenhos
O substrato a partir do qual se extrai o significado psicológico dos testes é constituído pelas teorias psicodinâmicas da personalidade, ou teorias da “psique em movimento”. Chamam-se assim porque se baseiam na inter-relação existente entre os distintos aspectos da personalidade como os instintos (a id), a razão (o superego) e o aspecto funcional ou adulto da personalidade (o ego). Estes montam entre si dramas típicos de novela, que se desenvolvem em nosso inconsciente e influenciam fortemente nosso comportamento. Estes dramas se manifestam nos testes projetivos, especificamente nos desenhos, não apenas no conteúdo, mas também através de cada detalhe inimaginável.
Cada detalhe conta
A interpretação dos testes dos desenhos ou dos testes projetivos gráficos possui duas fases: a análise detalhada de cada um dos aspectos do desenho e a síntese e integração de todos os aspectos para chegar a uma conclusão dinâmica sobre a situação psicológica da pessoa.
Nesta análise pormenorizada consideram-se, um a um, os indicadores das figuras desenhadas, entre eles:
– A sequência: indica quais são as prioridades do indivíduo e com o que ele se identifica ou rejeita.
– O tamanho: tem a ver com introversão – extroversão, assim como com a capacidade de controlar os impulsos.
– A localização e orientação na folha: associam-se à impulsividade ou controle emocional, assim como ao nível de autoconfiança.
– A pressão, a espessura e a firmeza do traço: relacionam-se à assertividade ou timidez, segurança ou insegurança.
– A simetria: relaciona-se ao grau de controle emocional.
– A ausência ou excesso de detalhe: está relacionado a certos traços de depressão e narcisismo.
É muito importante esclarecer que a presença de algum destes indicadores não implica automaticamente seu correlato psicológico, mas que o profissional devidamente treinado deve integrar não apenas os indicadores do presente teste, mas também outras fontes de dados como a observação, a entrevista e a história da pessoa, para poder chegar a uma síntese sobre sua psique.
Mergulhamos rapidamente no fascinante mundo dos testes projetivos gráficos, nos quais a folha em branco que nos apresenta o psicólogo é como uma tela de cinema em que projetamos o filme na nossa psique, com toda a intensidade de seus dramas.