Dopamina: o que é e quais são suas funções?

Dopamina: o que é e quais são suas funções?
Alejandro Sanfeliciano

Escrito e verificado por o psicólogo Alejandro Sanfeliciano.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

A dopamina é um dos neurotransmissores mais famosos do nosso sistema nervoso. Ela é conhecida como o neurotransmissor do prazer. Sua função principal é ativar os circuitos de recompensa do cérebro, mas também desempenha outras funções menos conhecidas. A dopamina age tanto ativando quanto inibindo a atividade cerebral em função do lugar em que é liberada.

Antes de mais nada, devemos saber que os neurotransmissores são biomoléculas liberadas na sinapse dos neurônios com a missão de transmitir ou alterar a transmissão da informação. No caso da dopamina, os neurônios dopaminérgicos são responsáveis por liberar e produzir esse neurotransmissor.

A dopamina é sintetizada através do aminoácido tirosina e é acumulada em vesículas sinápticas nos terminais axônicos dos neurônios dopaminérgicos. Esses neurônios são encontrados principalmente em uma parte do nosso cérebro chamada substância negra. E a partir de então, eles se espalham por diferentes vias, cada uma delas com uma função diferente. A seguir, vamos mostrar quais são essas vias e suas funções.

Via dopaminérgica mesolímbica

Aqui temos os neurônios que se projetam pelas diferentes áreas do sistema límbico, como o núcleo accumbens. O sistema límbico é o principal responsável pelos processos emocionais do nosso cérebro. Aqui a dopamina desempenha importantes funções em vários comportamentos emocionais.

Uma dessas funções é a administração do sistema de recompensa do cérebro. Quando realizamos ações que nosso corpo avalia como benéficas, a dopamina é liberada nessa via, criando assim uma sensação subjetiva de prazer que nos leva a repetir tais comportamentos. Esses comportamentos vão desde as biologicamente programadas, como matar a fome ou a sede, até as que são exclusivamente sociais e aprendidas.

Como a dopamina atua em nosso cérebro?

A dependências que as drogas provocam ocorre porque elas estimulam o circuito de recompensa de uma maneira muito intensa. Isso faz com que o nosso cérebro avalie o consumo dessas substâncias como algo benéfico para nós, o que nos leva a repetir tal comportamento.

Via dopaminérgica mesocortical

Essas são as vias que se projetam em direção ao córtex pré-frontal do nosso cérebro. Essa região é responsável pelas habilidades de execução, ou seja, aquelas relacionadas ao planejamento e à tomada de decisões. A dopamina age nessa região ao gerar alternativas, escolher a mais adequada e se orientar na direção da mesma.

Um déficit de dopamina nessa região (como no caso da esquizofrenia) provoca uma menor resposta cognitiva. O indivíduo deixa de reagir a estímulos externos e parece não se interessar por nada. Outras alterações nessa via estão relacionadas com outros transtornos como o TDAH ou a depressão.

Via dopaminérgica nigroestriada

Os axônios desses neurônios dopaminérgicos se projetam em direção aos gânglios basais do nosso encéfalo. Essa via parte do sistema nervoso extrapiramidal, que é responsável por controlar os movimentos motores do nosso corpo.

A deficiência de dopamina aqui produz transtornos do movimento típicos da doença de Parkinson, caracterizada por rigidez, tremores ou lentidão nos movimentos. E uma hiperatividade da dopamina nessa região provoca transtornos hipercinéticos, como os tiques, por exemplo.

Via dopaminérgica tuberoinfundibular

Essa via, em vez de nascer na substância negra como as outras, vai desde os neurônios do hipotálamo até a hipófise anterior. É responsável por regular a liberação de um conhecido hormônio, a prolactina, responsável pela produção de leite após o parto.

Normalmente, essa via está ativa e a dopamina se encarrega da inibição da prolactina. No pós-parto, no entanto, a atividade desses neurônios diminui, o que desencadeia uma grande liberação de prolactina. E, como consequência, permite que a amamentação se desenvolva. Alterações nesse mecanismo podem provocar galactorreia (secreção mamária), amenorreia (ausência de menstruação) e disfunção sexual.

Via dopaminérgica talâmica

Trata-se de uma via que inerva o tálamo nos primatas e tem sua origem em diferentes lugares do cérebro. Sua função ainda gera perguntas importantes, mas estudos recentes apontam para a possibilidade de estar relacionada a fatores de regulação do sono e mecanismos de manutenção da vigília. Atualmente, não há evidências sobre as consequências de possíveis deficiências de dopamina nessa região.

Mulher dormindo tranquilamente

A complexidade da dopamina

Apesar desse neurotransmissor ser famoso por participar na sensação de prazer e recompensa, ele desempenha muitas outras funções. Assim, participa na regulação de aspectos motores ou, até mesmo, na produção de leite no período da amamentação.

Saber da complexidade dos nossos neurotransmissores nos ajuda a entender melhor o funcionamento do nosso cérebro. Um conhecimento que é essencial na hora de desenvolver tratamentos ou medicamentos que possam ajudar a controlar os possíveis desajustes dessas substâncias nas diferentes áreas do nosso sistema nervoso.


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