As duas grandes leis da memória

As duas grandes leis da memória
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 02 maio, 2020

A memória continua sendo um processo psicológico misterioso e fascinante que não para de nos surpreender. Essa capacidade de ter objetos, fatos e situações do passado à disposição da consciência é um talento maravilhoso. Houve muitos avanços no estudo desse assunto e, por isso, alguns postulam que existem duas grandes leis da memória.

Graças à memória, o ser humano consegue manter uma visão integral de sua existência. A capacidade de evocar fatos que já ocorreram é o que permite estabelecer uma linha de continuidade na vida. O passado é o que nos fixa ao presente e gera as sementes do futuro. Por isso, quando uma pessoa perde sua memória, sua personalidade também acaba se desintegrando.

“A memória é o vigia do cérebro”.
-William Shakespeare-

A memória também tem um papel fundamental no aprendizado. Isso implica, entre outros processos, uma associação de dados já conhecidos com novas informações. Aprende-se algo quando o mesmo é fixado na memória. É nesse momento que ganham importância as duas grandes leis da memória: vivacidade da impressão e percepção das primeiras sensações. Vamos analisar esse assunto mais cuidadosamente.

Alguns aspectos sobre a memória

Como já apontamos, a memória é fundamental nos processos de associação. Isso, por sua vez, é crucial para a assimilação de experiências. Vive-se algo e isso deixa uma marca. Quando você se encontra em uma situação similar, sua memória se ativa. Você relaciona a experiência passada com a atual. Se for algo negativo, a memória lhe permitirá tomar as medidas de acordo com o caso.

Os enigmas da mente humana

A memória tem quatro etapas, que são as seguintes:

  • Memória de fixação. É o processo pelo qual se percebe algo e se consegue que fique na memória, tornando-se um dado disponível.
  • Memória de conservação. É a memória que permite armazenar as lembranças e mantê-las com o passar do tempo. Aparentemente tudo fica guardado na memória, mas não lembramos de tudo conscientemente.
  • Memória de evocação. É a memória que permite desenterrar no presente as lembranças do passado armazenadas. Isso pode ocorrer de forma automática ou de forma deliberada.
  • Memória de reconhecimento e localização. É o processo que permite definir os detalhes de uma lembrança evocada e situá-los em um contexto.

No entanto, de acordo com a ciência, uma lembrança é fixada, conservada, evocada, reconhecida e localizada de maneira mais eficiente se obedece às duas leis da memória já mencionadas: a vivacidade da impressão e a percepção das primeiras sensações.

Vivacidade da impressão, uma das leis da memória

Existe um debate sobre se a vivacidade da impressão pertence às leis da memória ou às leis da associação. Seja como for, a verdade é que esse fator é decisivo na lembrança de uma imagem, um acontecimento ou uma experiência.

Mulher correndo com balões coloridos

A lei da vivacidade aponta que quanto mais impressão uma informação, um fato ou uma situação causar, com mais força esse elemento ficará fixado na memória. Por impressão, entende-se o envolvimento ao qual o indivíduo está submetido quando se expõe a uma determinada realidade.

Por exemplo, uma surpresa dá origem a uma experiência muito vívida. O inesperado envolve percepção, razão e emoção em um nível muito intenso. Portanto, tudo que aprendemos, quando acompanhado de fortes impressões, ficará gravado com maior nitidez.

A percepção das primeiras sensações

A segunda das grandes leis da memória é a percepção das primeiras sensações. São as sensações provenientes, principalmente, da pele, ou seja, do tato. Em seguida, do olfato e do paladar. Todas essas sensações são fundamentais para a sobrevivência. Por isso, também são as primeiras a se manifestar no começo da vida.

Pois bem, tudo que se relaciona com essas primeiras sensações tem maior chance de ficar guardado na memória. Tudo que é tocado, saboreado ou cheirado penetra mais profundamente na consciência. Por isso, uma aprendizagem baseada na experiência direta é muito mais eficaz do que uma aprendizagem teórica.

Mãos dadas

Essas duas grandes leis da memória não são as únicas, mas são as duas mais importantes. Sua relevância se deve ao fato de que ambos os processos fazem com que a lembrança seja muito mais profunda e a experiência esteja mais disponível, mesmo depois de muito tempo. Portanto, se o que nos interessa é memorizar algo, nada melhor do que recorrer a essas duas leis da memória para conseguir alcançar este objetivo.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.