Efeito Batman: como ensinar as crianças a serem perseverantes
Ao ensinar as crianças a serem perseverantes, utilizamos uma imagem bastante familiar para elas: a de um super-herói. Assim, é mais fácil que elas entendam a importância do esforço contínuo, de não se curvar e nem querer somente as coisas fáceis. Essa ferramenta vital se adquire com o exemplo e também com os jogos e filmes. Esse método, chamado de efeito Batman, é uma técnica tão simples quanto estimulante para a persistência e força de vontade.
Devemos admitir que não é nada fácil transmitir a uma criança essa força mental e emocional necessária para dar continuidade a um esforço, a um projeto pessoal para atingir um objetivo. Como fazer? A grande maioria das crianças tem ao seu alcance esse fascinante mundo contido nos dispositivos digitais, onde encontram uma situação gratificante instantânea, um lugar fácil ao qual recorrer quando estão tristes, chateadas, ou quando precisam de uma determinada informação.
Assim, uma situação que às vezes se observa nas aulas é que boa parte dos alunos do primário apresenta períodos de atenção cada vez mais baixos. Além disso, possuem menos paciência, menos tolerância à frustração, e uma fraca gestão emocional. É claro que não podemos jogar toda a culpa nas novas tecnologias, mas devemos procurar entender que existem certas prioridades na hora de educar.
Uma delas é ensinar as crianças de hoje em dia a motivação pelo sucesso, pela conquista, a perseverança de quem não se deixa levar pelo fácil, pelo mais cômodo, para pouco a pouco oferecer ao mundo pessoas mais hábeis, mais felizes e com mais iniciativa no futuro.
Ser perseverante, um valor que se aprende
Um trabalho publicado na revista científica norte-americana “Journal of Leadership & Organizational Studies” colocou em evidência uma informação sobre a qual vale a pena refletir. A capacidade de uma criança para tolerar a frustração e para enfrentar um desafio, mantendo a motivação nessa tarefa, se traduz não só em melhores conquistas acadêmicas, mas também em um melhor autoconceito, e também em uma autoestima muito mais forte.
A grande maioria de nós não estamos obcecados em ter filhos gênios, crianças que tenham conhecimento acima da média e que triunfem academicamente. O que desejamos são crianças felizes e futuros adolescentes com recursos pessoais e emocionais adequados para superar adversidades, assumir seus próprios objetivos e lutar por eles.
Portanto, algo que deveríamos ter bastante claro na hora de ensinar-lhes a serem perseverantes é o seguinte:
- Começar a educar as crianças para serem perseverantes a partir dos 2 ou 3 anos de idade. É o momento adequado por uma razão bastante simples: é quando começam a ser mais independentes, a comer sozinhos, a pegar e a guardar seus brinquedos, a amarrar os sapatos, etc…
- Caso queiram ser competentes nessas primeiras tarefas que caracterizam seu dia a dia, devem se responsabilizar, devem estar motivados e ser capazes de fazê-las por si mesmos. Não vale abandonar de primeira.
- Nessa primeira etapa de seu ciclo vital, a compreendida entre os 2 e os 3 anos, as crianças começam a construir também seu sentido de realidade, a formar em suas mentes essas primeiras representações de como, segundo sua visão, é feito o mundo.
- Assim, devemos fazê-las entender que ter paciência para superar as dificuldades é uma coisa normal e habitual, e que todo objetivo requer motivação e esforço para vencer o desânimo. Isso os fará desenhar em sua mente uma realidade mais produtiva e, ao mesmo tempo, satisfatória.
Em que consiste o efeito Batman?
O efeito Batman é uma proposta publicada na revista norte-americana “Child Development” com o objetivo de ensinar as crianças a serem perseverantes. Essa publicação convidava os pais e educadores a propor a seus filhos um modelo inspirador para ser imitado. Poderia ser o Batman, poderia ser Dora, a Aventureira, ou algum dos últimos personagens femininos da Disney, como Moana.
A técnica do efeito Batman é recomendada para crianças entre 2 e 4 anos de idade, e as pautas a serem seguidas são as seguintes.
- Cada vez que a criança enfrentar uma tarefa complexa – amarrar os sapatos, montar um quebra-cabeças, arrumar seu quarto, comer sozinha, se vestir sozinha – você a convida a se transformar em um personagem: “Agora você é o Batman e o Batman não se entrega quando está em uma missão. Tenho certeza de que você fará tão bem quanto ele”.
- Assim, será preciso que a criança enfrente cada uma dessas tarefas sozinha e sem ajuda. Caso em um determinado momento ela se canse ou desista, é aplicado um novo reforço “Como está indo o Batman?”… Em vez de chamar a criança por seu próprio nome, chame pelo nome do personagem para incutir nela a motivação e evitar que abandone a tarefa.
Esse tipo de brincadeira, em geral, diverte e incentiva as crianças a ir além de suas possibilidades, a desenvolver uma adequada perseverança, a descobrir que todo esforço traz consigo um progresso. E o que é melhor, a descobrir a satisfação pessoal. Pouco a pouco eles se darão conta de que os verdadeiros super-heróis na verdade são eles próprios, e que com bons hábitos, motivação e confiança em si mesmos, não existem limites no horizonte.