Efeito Diderot, a necessidade constante de comprar mais

Efeito Diderot, a necessidade constante de comprar mais
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 22 outubro, 2018

A maioria de nós compra mais do que realmente precisamos. Embora não seja o caso de todos, muitas pessoas gastam mais do que seu nível de renda recomendaria. Existem muitas razões pelas quais isso acontece, mas uma das mais interessantes é o chamado efeito Diderot.

Entender como nossa mente funciona e por que agimos de tal maneira (e não de outra) é fundamental para mudar nossos comportamentos problemáticos. Portanto, compreender o Efeito Diderot e o poder que ele tem sobre nós pode nos ajudar a diminuir nosso nível de gastos.

Neste artigo, vamos estudar esse efeito psicológico e dar algumas ideias para identificá-lo e combatê-lo.

O que exatamente é o efeito Diderot?

O efeito Diderot foi descrito pela primeira vez no século 18 por um filósofo francês de quem tomou seu nome. Este pensador percebeu que adquirir uma nova posse pode levar à compra de muitas outras.

Preocupado com gastos que ele considerava desnecessários, começou a estudar o que estava acontecendo; mais tarde, seu trabalho foi ampliado no final do século XX pelo antropólogo Grant McCracken.

Entre as descobertas mais importantes de ambos estava o fato de que os objetos que possuímos têm uma relação direta com a nossa identidade. Assim, nossas posses e o que pensamos delas também influenciam elementos tão angulares como nosso autoconceito ou nossa autoestima.

Compulsão por compras

McCracken achava que, quando compramos e aumentamos nossas posses adicionando mais uma, a dissonância que pode ocorrer se ela for muito diferente do restante pode nos fazer sentir muito desconfortáveis.

Por isso, em muitas ocasiões, tenderemos a adquirir coisas novas que estejam mais de acordo com a primeira coisa que compramos ou com o que já temos.

Isso seria o que aconteceria quando o efeito Diderot entrasse em jogo. Para entendê-lo melhor, a seguir vamos ver um exemplo descrito pelo próprio Denis Diderot enquanto ele pesquisava o assunto.

Exemplo: o roupão

A descoberta do efeito Diderot foi motivada por um acontecimento que mudou inesperadamente a vida do filósofo francês. Em seu trabalho Arrependimentos ao me despedir de meu velho roupão, contou a história de como um presente inocente acabou o levando a cair em ruína.

No livro, Diderot conta que receber um lindo roupão escarlate como presente lhe trouxe consequências inesperadas. A princípio, o filósofo ficou encantado com a sua nova posse. No entanto, ele logo percebeu que o resto de seus objetos estava longe de ser tão elegante.

Assim, Diderot conta em seu livro que começou a substituir suas antigas posses. Ele trocou sua velha cadeira de madeira para uma confortável poltrona com assento de couro. Substituiu as pinturas de sua casa por outras que eram muito mais caras. Pouco a pouco, foi gastando cada vez mais dinheiro adquirindo objetos elegantes que combinavam com seu novo roupão.

Quase sem perceber, o homem acabou gastando todo seu dinheiro em posses que ele realmente não queria. Este é o principal exemplo do que o efeito Diderot pode fazer conosco se deixarmos que ele controle nossas decisões. No entanto, podemos fazer algo para combatê-lo?

O efeito Diderot

Como combater esse fenômeno

A seguir, você encontrará várias chaves para evitar as piores consequências do Efeito Diderot.

  • Perceba o que está acontecendo. Quando estamos cientes do que estamos fazendo, os viés de pensamento têm um efeito menor sobre nós. Portanto, antes de fazer uma compra cara, pare para pensar se você realmente quer ou precisa do objeto em questão.
  • Analise os custos de compras futuras. Pode ser que cada objeto por si só não envolva um grande gasto. No entanto, quanto você estará pagando se adquirir tudo o que deseja agora mesmo? Em vez de se deixar levar toda vez, é muito mais útil calcular com antecedência quanto você pode gastar e em que deseja gastar.
  • Escolha o que comprar por sua utilidade em vez de seu status. Em geral, o critério mais importante para adquirir algo novo é saber se este algo será útil. Manter as aparências através de seus pertences pode ser muito viciante, mas não faz muito sentido.

Em conclusão, manter o efeito Diderot sob controle pode ser complicado. No entanto, se você está ciente do que está fazendo e reduz a motivação para impressionar os outros, logo irá perceber que não precisa mais fazer centenas de novas compras simplesmente por causa do status que elas fornecem ou porque combinam com outras.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.