Efeitos da intimidação na saúde
Os efeitos da intimidação sobre a saúde são enormes. Esse comportamento deliberado, que pode danificar, humilhar, anular e tornar o outro invisível, não gera apenas ansiedade ou estresse. Todas as pessoas que foram ou são intimidadas atualmente desenvolvem desde depressões, dores crônicas, problemas digestivos, insônia… O custo dessas experiências é sofrido mesmo a longo prazo.
As formas por meio das quais a intimidação é exercida são tão variadas quanto prejudiciais. Não apenas dá forma ao bullying, tão comum em nossas escolas e institutos, mas ocorre também nos ambientes de trabalho, entre casais, entre pais e filhos e até entre irmãos. As consequências desse tipo de comportamento são tão graves que muitos especialistas acreditam que estamos enfrentando um problema de saúde pública.
Por exemplo, um estudo realizado na Universidade de Psicologia de Almeria revelou que o suicídio por assédio e intimidação já é a terceira causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Os números aumentam a cada ano. Além disso, outro trabalho realizado na Universidade de Suffolk (Boston) adverte que a maioria dos programas para prevenir o bullying e o mobbing não estão funcionando.
Especialistas no assunto e em comportamento violento apontam que a chave para tudo isso seria entender o que está por trás do valentão, do agressor que gosta de intimidar e exercer o poder sobre os outros. Sabemos que muitos tentam compensar sua falta de autoestima sob esses comportamentos. Outros são o resultado de uma criação ruim. Finalmente, os menores atuam impulsionados por um sentido intrínseco de maldade.
Agora, além dessa questão toda (que é sempre tão complexa quanto controversa), há outro aspecto essencial. Conversamos sobre os efeitos da intimidação na saúde das vítimas e a necessidade de agir o mais rápido possível em todos os níveis, tanto social quanto psicologicamente.
“Há três objetivos muito importantes na vida de cada pessoa: o primeiro é ser gentil, o segundo ser gentil, e o terceiro ser gentil.”
-Henry James-
Efeitos da intimidação na saúde, quais são?
O Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC) alerta que os efeitos da intimidação na saúde são tão sérios que é necessário implementar planos apropriados de prevenção e atendimento. Sabemos que, nos casos mais extremos, a pessoa pode até recorrer ao suicídio.
No entanto, existem outros aspectos que devem ser levados em conta. O primeiro é que ter sofrido esse tipo de comportamento prejudicial por pelo menos 6 meses gera alterações físicas e psicológicas muito evidentes. Estima-se que o efeito traumático dessas experiências possa durar anos.
Veremos mais dados para entender melhor essa realidade complexa.
Formas de intimidação
Como indicamos no início, o alcance desse tipo de comportamento agressivo e violento pode ser muito amplo. Estes seriam alguns exemplos:
- Intimidação verbal (insultos, comentários depreciativos…).
- Intimidação social (tornar uma pessoa invisível, isolá-la…).
- Intimidação física (agressões).
- Intimidação psicológica (manipulação, chantagem, violação da autoestima…).
- Intimidação sexual (toques, humilhações físicas, estupro,…).
Efeitos psicológicos
Entre os efeitos da intimidação na saúde estão aqueles que não deixam uma marca externa. Nos referimos às marcas internas que prejudicam a integridade da pessoa e que são, em muitos casos, o desencadeador da perda de saúde física.
- Deterioração progressiva da autoestima.
- Transtornos de estresse e ansiedade.
- Perda de autoconfiança.
- Desconfiança em relação aos outros.
- Problemas no desenvolvimento pessoal.
- Perda de motivação.
- Perda da qualidade das relações sociais.
- Sofrimento psicológico.
- Insegurança.
- Sentimentos de culpa e vergonha por não saber como lidar com essas situações.
- Autolesões.
- Depressão.
- Ideias suicidas.
Efeitos físicos
David Hanscom é especialista em dor crônica. Suas obras e livros publicados sobre este assunto revelam algo importante. Ter sofrido intimidação por mais de cinco meses gera mudanças importantes na saúde da pessoa. A primeira coisa que é evidenciada, por exemplo, é um sistema imunológico mais fraco.
- É comum sofrer de problemas na coluna vertebral. As dores nas costas pode se tornar crônicas.
- Também é comum sofrer de insônia.
- Problemas digestivos são outro problema comum.
- Dores de cabeça.
- Perda de peso.
- Problemas de pele.
- Queda de cabelo.
Como esses especialistas apontam, as emoções – como vergonha, raiva, medo e o estresse permanente que a pessoa não sabe administrar – acabam alterando nossos processos fisiológicos.
O que podemos fazer para prevenir a intimidação?
Já sabemos que os efeitos da intimidação na saúde são imensos. Também estamos certos de que algumas pessoas, especialmente as mais jovens, optam por respostas dramáticas diante dessas situações das quais não sabem muito bem como sair. Esse tipo de comportamento é aquele fantasma recorrente nas salas de aula, no ambiente de trabalho e na privacidade de muitos lares.
O que podemos fazer, portanto, nesses casos? Precisamos nos conscientizar. A primeira coisa que devemos fazer é ser sensíveis a essa realidade e colocar medidas de prevenção e atenção em todos os cenários possíveis. Nas escolas, institutos, universidades, centros de atenção primária, nos departamentos de recursos humanos e saúde ocupacional…
Todos deveriam entender que possuem ajuda especializada ao seu alcance quando precisarem. Por sua vez, é vital que tenhamos profissionais especializados nesse tipo de situação. Psicólogos e outros agentes sociais capazes de responder às crianças, jovens, mulheres e homens que precisam parar de reagir para começar a agir.
Sejamos mais sensíveis a esse tipo de realidade. A intimidação não é combatida com ataduras, boas intenções ou remédios caseiros. Precisamos de ações firmes, inteligentes e eficazes.
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- Van Dijk, A., Poorthuis, A. M. G., & Malti, T. (2017). Psychological processes in young bullies versus bully-victims. Aggressive Behavior, 43(5), 430–439. https://doi.org/10.1002/ab.21701
- Organización Panamericana de la Salud. (2003). La intimidación sexual. In E. G. Krug, L. L. Dahlberg, J. A. Mercy, B. Zwi, Anthony, & R. Lozano (Eds.), Informe Mundial sobre la Violencia y la Salud (pp. 160–197). Washington, D.C.: Organización Mundial de la Salud. https://doi.org/10.1017/CBO9781107415324.004