Empatia na comunicação oncológica

Empatia na comunicação oncológica
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 15 novembro, 2021

A empatia na comunicação oncológica é a chave para oferecer cuidados abrangentes para o paciente. Elementos importantes como a proximidade dos profissionais de saúde, a compreensão e uma abordagem sócioemocional adequada tornam mais fácil para a pessoa enfrentar a realidade de sua situação, assim como os diferentes tratamentos a que deve se submeter.

Todos, de alguma forma, sabemos o que significa receber um diagnóstico de câncer. Além disso, algo que deve ser levado em consideração é que o câncer não deixa de ser uma “doença” e que, longe de ser um fim, é na verdade um começo. Um começo decisivo em que somos obrigados a mostrar o melhor de nós mesmos, sendo nós os doentes ou familiares e amigos íntimos.

“Uma vez que você enfrenta o câncer, tudo parece uma luta bastante simples.”
-David H. Koch-

Esse começo significará duas coisas: enfrentar um ou vários tratamentos e aplicar estratégias psicológicas e emocionais adequadas para enfrentar o duro dia a dia. Desta forma, e ao longo deste processo, o relacionamento com o pessoal de saúde é vital e prioritário. Por isso, também é necessário que eles possam dar o melhor em sua profissão.

A empatia na comunicação oncológica é uma artéria da saúde, um vínculo e  força  diários estabelecidos na relação médico-paciente. Sua ausência faz com que os pacientes sejam tratados com desinteresse, formalmente, ou pior, com frieza. Atitudes e comportamentos que afetam negativamente o paciente, deixando-o em uma situação de completo desamparo.

Consulta médica

Comunicação oncológica, a chave para a saúde

Os profissionais de saúde e o sistema de saúde são excepcionais. Seu trabalho e sua dedicação ao paciente são louváveis. Eles são doadores inatos do bem-estar e, acima de tudo, de saber como fazer. No entanto, também sabemos que nem todos os países têm a mesma sorte em relação ao acesso aos cuidados de saúde, e o desenvolvimento de protocolos apropriados para a atenção e apoio não são implementadas com a mesma qualidade.

Apenas como exemplo, algumas habilidades comunicativas e psicoemocionais com pacientes foram aplicadas há anos na Espanha, enquanto nos Estados Unidos, e apenas como exemplo, a comunicação oncológica e sua aplicação adequada em cada centro médico é relativamente nova. Existem exceções, não há dúvida, e isso dependerá sobretudo da qualidade humana de cada profissional. No entanto, desde 2016 diferentes estudos sobre o assunto começaram a aparecer.

O objetivo de todas essas obras e publicações é primordial e prioritário: a necessidade de capacitar o pessoal de saúde nas habilidades de comunicação oncológica. Além da capacitação e habilidades que cada um tem em sua profissão, habilidades de comunicação e aquelas relacionadas à psicologia emocional não “vem de fábrica”. É necessário capacitá-los e priorizar que profissionais de saúde recebam treinamento adequado e específico para esta área delicada e complexa.

Enfermeira apoiando paciente

Habilidades que devem ser desenvolvidas na comunicação oncológica

A comunicação oncológica envolve não só “saber ouvir”, mas sobretudo como se comunicar, como responder e como intuir as necessidades do paciente. Do mesmo modo e não menos importante, também significa saber como implantar recursos e estratégias apropriadas para cada indivíduo. Tudo isso garantirá uma atenção integral ao paciente e um bom cuidado que, na maioria das vezes, vai muito além do tratamento e das intervenções cirúrgicas.

Assim, existem 3 habilidades-chave que definem a comunicação oncológica.

Saber como se comunicar e saber como perguntar

Os profissionais de saúde sabem que terão que dar más notícias regularmente: o diagnostico de um câncer, anunciar uma cirurgia necessária, comunicar que um certo tratamento não funcionou ou que a doença, em vez de reverter, está avançando. Não são situações fáceis para ninguém e o médico deve ser treinado neste tipo de comunicação.

Por outro lado, nem sempre é suficiente “informar”. O profissional de saúde também deve saber como fazer perguntas ao paciente para saber se ele entendeu a informação, intuir como ele a assimilou e identificar o que ele precisa ou a assistência complementar que ele deve receber, além das coisas mais comuns (por exemplo, assistência psicológica).

A empatia

Médicos, enfermeiros, assistentes… Todos os funcionários de um centro médico e da área de oncologia sabem que a empatia é fundamental para os doentes. A tensão emocional, os bloqueios, os medos, as atitudes defensivas (e até mesmo a raiva) estão presentes tanto nos afetados quanto na família, e é algo que eles devem saber como gerenciar.

Compreender como os outros se sentem é uma habilidade muito importante no campo da saúde.

Modelos de tomada de decisão compartilhada (TDC)

Os modelos de tomada de decisão compartilhada são outra pedra angular da assistência médica. Isso supõe envolver os próprios pacientes no cuidado de sua saúde, para que eles não vejam a figura do médico como alguém que tome decisões unilateralmente e sobre quem toda a autoridade recai.

De acordo com esses modelos, o paciente e sua  família  devem estar envolvidos em todos os momentos e em cada etapa. Desta forma, eles decidirão junto com a equipe médica e também assumirão o compromisso de continuar trabalhando, lutando e avançando ativamente.

No entanto, para que isso aconteça e o trabalho diário entre médico-paciente possa ser harmonioso, os profissionais devem estar capacitados e treinados neste tipo de modelo.

“Você pode ser uma vítima ou um sobrevivente do câncer. É uma maneira de pensar.”
-Dave Pelzer-

Empatia na comunicação oncológica

Como vemos, a comunicação oncológica é um fator de prioridade no cuidado adequado da pessoa diagnosticada com câncer. Além do que podemos acreditar, a luta constante para superar a doença não é tarefa de apenas uma pessoa. O apoio familiar e social, assim como uma assistência de saúde correta e de qualidade, complementam esse círculo de poder, onde devemos dar incentivo e esperança à pessoa que, sem dúvida, merece tudo.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.