Esterilidade: um diagnóstico muito difícil de enfrentar

A esterilidade não é o fim do mundo, e também não precisa levar ao fim de uma relação. A paternidade e a maternidade nos seres humanos são funções principalmente simbólicas e não exclusivamente biológicas. Sempre há alternativas.
Esterilidade: um diagnóstico muito difícil de enfrentar
Sergio De Dios González

Escrito e verificado por o psicólogo Sergio De Dios González.

Última atualização: 06 junho, 2020

A esterilidade pode ser uma grande frustração para algumas pessoas. Para quem sonha em ser pai ou mãe este diagnóstico constitui, pelo menos a princípio, uma verdadeira fonte de sofrimento.

A impossibilidade de cumprir este desejo tão natural pode inclusive marcar boa parte da vida da pessoa. No entanto, assim como ocorre em todas as realidades humanas, sempre há maneiras de enfrentar a situação.

A esterilidade é um problema cada vez mais comum. Estima-se que, atualmente, um em cada seis casais enfrente esta realidade.

O mais comum é que a notícia de que algum dos membros do casal não seja fértil seja uma surpresa. Quase todo mundo supõe que tem a capacidade de procriar, até que um exame diz o contrário. Por isso, não é algo fácil de assimilar. No entanto, há formas de fazer com que este processo não seja tão angustiante.

“Criar muros para o próprio sofrimento é se arriscar a ser devorado por ele a partir do interior”.
-Frida Kahlo-

Mulher preocupada por infertilidade

Os conselhos dos amigos sobre a esterilidade

Assim como acontece com tantos temas, a esterilidade é objeto de opinião de muitas pessoas. Todo mundo conhece alguém que não podia ter filhos e tomou isso ou aquilo, fez uma determinada simpatia, “relaxou” e finalmente engravidou.

As pessoas ou os casais que receberam um diagnóstico de esterilidade às vezes caem nas mãos destes relatos que não têm o respaldo da ciência.

Uma das “verdades” mais difundidas é de que a ansiedade por ter filhos é o que não permite que isso seja possível. Basicamente, muitos culpam a pessoa por se preocupar demais. Isso, em vez de ajudar, acaba criando uma carga adicional e desnecessária de culpa.

É verdade que o estresse pode influenciar a fertilidade, mas os casos em que ela é um fator determinantes são tão raros que não podemos falar de um peso significativo. Apenas se um médico fizer esta afirmação, vale a pena dar-lhe alguma credibilidade.

Um problema do casal

Uma das consequências mais imediatas de um diagnóstico de esterilidade é a instalação de um estado de assimetria no casal. No geral, somente um dos dois apresenta a impossibilidade de conceber. No entanto, isso tem um efeito em ambos. Trata-se de uma prova de fogo pra a estabilidade da relação.

É comum que quem tem problemas de fertilidade se sinta culpado, responsável pela frustração dos desejos do outro. O outro, por sua vez, enfrenta um dilema: se quiser ter filhos de forma natural, terá que trocar de parceiro. Se continuar com o seu parceiro, terá que renunciar à possibilidade de ter filhos naturalmente.

Não é fácil para nenhum dos dois. No entanto, não é bom que cada um tente solucionar o problema apenas no plano individual. É óbvio que cada um vai precisar construir a sua própria narrativa, mas o mais adequado é que o tema seja discutido aberta e francamente. Do contrário, podem surgir muitos mal-entendidos, levando a conflitos desnecessários.

É importante destinar tempos e espaços para falar sobre o assunto. Não é aconselhável ficar com ele na cabeça e discuti-lo o tempo todo. Na verdade, uma boa opção é iniciar um pequeno projeto juntos no qual ambos possam ser bem-sucedidos. Este objetivo pode manter aberto o canal de comunicação, além de não deixar vazio o espaço de uma meta contínua.

Mulher sofrendo por diagnóstico de esterilidade

As alternativas diante da esterilidade

Um diagnóstico de esterilidade só é feito quando as opções de reprodução assistida se esgotaram. Isso quer dizer que, muito provavelmente, ambos já tenham alguns sinais de desgaste emocional ao enfrentar esta notícia. Também estão um pouco mais preparados para ela, mas isso não diminui a importância de um assunto tão definitivo.

Não haverá uma resolução imediata. O tema envolve um conjunto de reflexões que requerem repouso e tempo. Uma coisa é ter contemplado esta possibilidade e outra muito diferente é confirmá-la. O melhor é não se pressionar, nem pressionar o outro para dar o próximo passo.

Seja como for, é conveniente começar a se informar sobre as alternativas existentes, tanto para ter um filho com a base biológica de um dos dois, quanto para recorrer à adoção.

Também existe a possibilidade de terminar a relação. É aconselhável que o casal faça terapia se estiver enfrentando muita tensão, conflitos e ansiedade.

Finalmente, ser pai ou mãe é muito mais do que um simples assunto da biologia. O mais maravilhoso e mágico de ter um filho não é apenas o que ocorre no corpo, mas sim as fabulosas transformações que ocorrem na mente e no coração.


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  • Palacios, B., Jadresic, M., Palacios, F., Miranda, C., & Domínguez, R. (2002). Estudio descriptivo de los aspectos emocionales asociados a la infertilidad y su tratamiento. Revista chilena de obstetricia y ginecología, 67(1), 19-24.


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