A escala de ansiedade de Hamilton

A escala de ansiedade de Hamilton revela algo importante: nem todos experimentam a ansiedade da mesma maneira. Esta condição também é formada por estados psíquicos e diversos sintomas psicossomáticos.
A escala de ansiedade de Hamilton
Valeria Sabater

Escrito e verificado por a psicóloga Valeria Sabater.

Última atualização: 16 fevereiro, 2022

A escala de ansiedade de Hamilton é um dos questionários psicológicos mais utilizados para avaliar o grau de ansiedade de uma pessoa. Não é, portanto, uma ferramenta diagnóstica, mas um recurso útil e altamente eficaz para avaliar o estado do paciente, seus sintomas psicossomáticos, seus medos e processos cognitivos.

Um fato sobre essa interessante escala nos chama a atenção: foi projetada em 1959 por Max R. Hamilton e continua sendo uma das mais utilizadas.

Esse professor de psiquiatria e, mais tarde, presidente da Sociedade Britânica de Psicologia acreditava que nem todos os estados de ansiedade são iguais. Ele não queria apenas definir outro instrumento para diagnosticar um distúrbio.

Buscou definir um recurso altamente rigoroso para avaliar o grau de severidade da ansiedade em uma pessoa, diferenciando também a ansiedade psíquica da somática por sua importância ao definir a capacidade de controle que as pessoas têm sobre essa realidade tão desgastante.

Mais tarde, em 1969, o Dr. Hamilton quis ir um pouco mais longe e melhorar a escala. Assim, entre os itens focados na avaliação da ansiedade somática, ele fez uma distinção entre os sinais somáticos musculares e os sinais somáticos sensoriais.

Dessa forma, e com esse grau de refinamento ao projetar um teste o mais ajustado possível, já intuímos uma pista óbvia sobre esse assunto: cada pessoa experimenta a ansiedade de um modo particular.

Não há duas realidades semelhantes, portanto, as mesmas estratégias terapêuticas não servem para todos. Testes como o que iremos detalhar são muito apropriados para personalizar ao máximo os tratamentos com base nas necessidades específicas de cada paciente.

Escala de ansiedade de Hamilton

O objetivo da Escala de Ansiedade de Hamilton

A escala de ansiedade de Hamilton é um instrumento de avaliação clínica utilizado para medir o grau de ansiedade de uma pessoa. É útil tanto para crianças quanto para adultos.

É também um instrumento que pode ser usado por médicos e psiquiatras, mas é claro que não determina o diagnóstico de um distúrbio específico (embora possa ajudá-lo).

Além disso, há um problema com esse recurso clínico que os profissionais de saúde já perceberam. A Escala de Ansiedade de Hamilton é de acesso livre, qualquer um pode baixar a ferramenta ou até mesmo fazer o teste online.

Assim, é comum que muitas pessoas procurem os seus médicos com o diagnóstico pronto: ‘sofro de ansiedade grave’.

Podemos dizer que isso não é o mais adequado. Este tipo de teste, como qualquer outro tipo de avaliação clínica, deve ser feito por profissionais especializados. Além disso, a escala de ansiedade de Hamilton tem outro item onde o próprio pesquisador deve avaliar em que estado o paciente realizou o teste.

É fundamental, portanto, sermos rigorosos nesse aspecto, pois como revelam alguns estudos, como o realizado pelos psiquiatras Katherine Shear e Vander Bilt, na escala de ansiedade de Hamilton a própria entrevista durante a administração do teste é fundamental para um bom diagnóstico.

A escala de ansiedade de Hamilton

Itens que a escala de ansiedade de Hamilton avalia

Este instrumento é composto por 14 itens. Cada questão tem cinco opções de resposta, variando desde ‘ausente’ até ‘muito grave’.

Uma pontuação de 17 ou menos indica ansiedade leve. Uma pontuação entre 18 e 24 pontos já nos daria uma ideia de um estado de ansiedade moderada. Finalmente, se obtivermos uma pontuação entre 24 a 30, esta indicará um estado grave de ansiedade.

Vejamos abaixo os 14 itens que compõem o teste:

  • Mente ansiosa: preocupação constante, angústia ao pensar ou imaginar certas coisas, sempre antecipando o pior…
  • Tensão: tremor, desejo de chorar, sensação de alarme…
  • Medo: medo de ficar sozinho, da escuridão, de que aconteça algo inesperado…
  • Insônia.
  • Problemas cognitivos: dificuldade de decisão, de concentração, de reflexão, falhas de memória…
  • Humor: desânimo, pensamentos negativos e a sensação de que será um dia ruim, irritação, mau humor.
  • Somatização muscular: bruxismo, tremores, rigidez muscular, dor muscular, voz trêmula…
  • Somatização sensorial: zumbido, visão turva, sensação de frio ou calor, sensação de fraqueza…
  • Sintomas cardiovasculares: taquicardias ou pontadas súbitas no peito.
  • Sintomas respiratórios: sensação de falta de ar, pressão, asfixia…
  • Sintomas gastrointestinais: problemas de deglutição, digestão, constipação ou diarreia…
  • Sintomas geniturinários: micção constante, falta de libido…
  • Sintomas autônomos: boca seca, palidez, sudorese, arrepios…
  • Avaliação profissional: aqui o especialista faz uma avaliação geral da sua percepção do estado do paciente.
Psicóloga e paciente

Conclusão

Para concluir, é necessário apenas enfatizar um aspecto essencial. A escala de ansiedade de Hamilton é um recurso de acesso aberto, mas os psiquiatras ou psicólogos são aqueles verdadeiramente qualificados para fazer a avaliação e o diagnóstico.

Mais tarde, com base no resultado, será escolhida uma estratégia ou outra. O propósito do Dr. Hamilton nos anos 60 era obter um perfil confiável do nível de ansiedade de cada pessoa. Só a partir dele seremos capazes de agir da melhor maneira, da forma mais adequada.

Nesses casos, aspectos como o tom de voz do paciente, a sua postura, e a clareza para entender ou não as questões são fundamentais para fazer uma avaliação correta.


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