Estresse, alostase e carga alostática: como se relacionam?
O que é estresse? Estamos falando de uma resposta que vem sendo necessária há décadas, pois não é simples e envolve pelo menos a consciência, o organismo e o contexto. Estresse é estar cansado, sentir que a força nos abandona ou sentir-se saturado?
Nesse sentido, consideramos importante fazer uma primeira distinção entre os conceitos de estresse e ativação. O estresse é o mesmo que estar ativado? Assim, cabe ressaltar que a ativação é um requisito para todo ser vivo, é a centelha da vida.
O que é estresse?
Para o médico Hans Selye, o estresse é uma resposta inespecífica que o corpo emite a qualquer estímulo. O objetivo do estresse para este autor é a adaptação. Agora sabemos que certas doses de estresse de baixa intensidade na vida cotidiana atuam como uma vacina contra estressores muito intensos. Mas se essas pequenas doses de estresse forem acentuadas e prolongadas, elas causam problemas.
Neste sentido, existem duas variáveis a ter em conta: a intensidade e a duração do estressor.
A síndrome de adaptação geral
Para Hans Selye, o estresse implica uma resposta que passa por várias etapas:
1. Reação de alarme
Acontece quando vemos um estressor, como um perigo. Esta é uma fase de identificação (choque) e defesa (contra-choque). O objetivo da reação de alarme é identificar o que está acontecendo e como podemos nos defender. Alguns sintomas da reação de alarme são os seguintes:
- Alterações no tônus muscular, temperatura corporal e pressão arterial.
- Liberação de adrenalina, corticotropina e corticosteróides.
- Hiperglicemia.
- Diurese.
Por isso, grande parte das doenças associadas ao estresse se deve a essa primeira fase da reação de alarme. São as patologias que surgem ou são influenciadas pelo estresse agudo.
“A reação de alarme é a resposta do organismo quando é repentinamente exposto a vários estímulos aos quais não está adaptado.”
-Bonifacio Sandin-
2. Fase de resistência
Ninguém é capaz de viver sempre em estado de alarme. No entanto, podemos nos adaptar ao estressor e tentar fluir com ele. Ao fazer isso, os sintomas descritos diminuem, mas isso tem um custo. O custo de adaptação a um estressor específico implica que nossa resistência a outros elementos estressantes será menor.
“A adaptação a um agente é adquirida ao custo de menos resistência a outros agentes.”
-Bonifacio Sandin-
3. Fase de exaustão
É impossível viver sempre sob o jugo de um estressor intenso. Nesse sentido, se continuarmos sob a influência do estressor de forma intensa e prolongada, perderemos a capacidade adaptativa que havíamos adquirido na fase anterior e, conseqüentemente, nossa energia se esgotará e os sintomas da primeira fase reaparecerá.
“O esgotamento ocorre se o estressor for grave e prolongado o suficiente.”
-Bonifacio Sandin-
Homeostase
Homeostase é um termo que significa equilíbrio. Apesar das mudanças causadas por situações adversas, procuramos sempre encontrar o ponto médio, a paz, o equilíbrio, a homeostase. Nesse sentido, todos nós enfrentamos situações que ameaçam nosso equilíbrio:
- Pandemias.
- Guerras.
- Estresse no trabalho.
- Dificuldades econômicas.
- Problemas com o casal.
Diante desses estressores, podemos sentir que somos incapazes de lidar com eles, porque isso excede nossa capacidade de enfrentamento (nossos recursos). Porém, a realidade é que, de forma habitual, somos capazes de enfrentá-los. Mas, como?
Alostase e carga alostática
Alostase significa “homeostase distinta”. Este conceito refere-se ao fato de conseguirmos alcançar a nossa estabilidade interna através das mudanças e ajustamentos adequados. Ou seja, implica ser capaz de se adaptar.
“Alostase refere-se à capacidade de adaptação a ambientes em constante mudança e desafios em processos regulatórios.”
-Bonifacio Sandin-
Para McEwen, autor relevante no estudo da homeostase, é importante falar de outro conceito: a carga alostática. Carga alostática refere-se ao desgaste de nosso corpo e nossa mente. Estamos nos referindo ao número de vezes e à intensidade com que tentamos nos manter adaptados ao nosso ambiente ao longo do tempo.
Assim, o estresse é melhor compreendido quando explicado sob os conceitos de alostase e carga alostática. Nessa perspectiva, nossa tarefa é a busca do equilíbrio (homeostase). E, como o fato de viver envolve mudanças e ajustes, nossa homeostase nunca será perfeita (alostase). Se o agente estressor se prolongar no tempo e aparecerem outros agentes estressores diferentes, nos sobrecarregaremos e a conta resultante será o desgaste (carga alostática).
Conhecimento é poder! Agora que sabemos o que significa alostase e carga alostática, surge a pergunta: como podemos nos adaptar melhor?
“A resposta ao estresse, portanto, tem um propósito adaptativo e é produzida por mudanças nas demandas do ambiente.”
-Bonifacio Sandin-
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