Reflexões de Juan Luis Arsuaga: "A vida é uma crise permanente"

Para Juan Luis Arsuaga, a crise da pandemia acelerou alguns processos que já estavam se formando. Você sabe quais são? Neste artigo, falaremos mais sobre essa reflexão.
Reflexões de Juan Luis Arsuaga: "A vida é uma crise permanente"
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 15 setembro, 2020

O paleontólogo espanhol Juan Luis Arsuaga fez algumas reflexões interessantes sobre a pandemia do coronavírus. Ele enfatizou principalmente a moderação, o realismo e o humanismo. Arsuaga é especialista em evolução humana, vencedor do Prêmio Príncipe das Astúrias e professor da Universidade Complutense de Madrid. Ele apela ao bom senso diante da crise e, a partir da sua especialidade, encontra soluções inovadoras para ela.

Em uma de suas frases mais marcantes, ele afirma que “a vida é uma crise permanente”. Juan Luis Arsuaga indica que o extraordinário não é a morte, mas a própria vida. Ele ressalta que todas as espécies estão constantemente à beira da extinção e que nenhuma delas vive processos estáveis. A instabilidade é uma propriedade intrínseca da vida.

“O otimista é quem muda as coisas. O pessimista não muda nada. Nem o pregador”.
-Juan Luis Arsuaga-

O que mais preocupa Juan Luis Arsuaga é a proliferação das leituras mágicas que a pandemia trouxe consigo. Muitas pessoas viram no vírus um castigo divino, um anúncio do fim do mundo ou algo fruto de uma maldição. Arsuaga acredita que a situação abriu caminho para muitos desinformados darem uma interpretação sobrenatural ao que está acontecendo.

As reflexões de Juan Luis Arsuaga e o pensamento racional

Juan Luis Arsuaga enfatiza um fato óbvio: as epidemias e as pandemias são tão normais e esperadas que justamente por isso existe uma especialidade da ciência chamada “epidemiologia”. Da mesma forma, os vírus são tão potencialmente prejudiciais que existe a virologia. A única coisa diferente nessa pandemia é o fato de que ela nos fez questionar o modelo de sociedade em que vivemos.

É fato que foram pessoas viajando que espalharam o vírus pelo mundo. Isso foi possível porque, em nossa realidade, viajar por todo o planeta é cada vez mais barato. Para isso, temos que nos submeter a embarcar em um avião cheio de gente, um lugar onde uma pessoa tossindo pode afetar pelo menos outras cinco pessoas.

Em sua opinião, a vida consiste na resolução de problemas. Por sua vez, resolvê-los significa atingir um ponto de equilíbrio sempre instável. Algo como ser capaz de remover uma peça sem que a estrutura entre em colapso. Ou colocar uma peça, sem que a fundação desmorone. Apenas os minerais e os mortos não têm problemas, diz Juan Luis Arsuaga.

Uma grande mudança histórica

Arsuaga diz que quando há crises concatenadas, ou seja, crises em um aspecto que provocam uma nova crise em outro, existe a possibilidade de que toda uma civilização acabe. Isso aconteceu com o Império Romano, que enfrentou uma série de crises que não lhes deram tempo para se recuperar. Portanto, o fator-chave não é a crise em si, mas a sua recorrência.

A crise de saúde certamente será superada, porque existe potencial para isso. No entanto, se a ela for somada uma crise econômica, uma crise social e talvez uma crise militar ou climática, as coisas podem ser diferentes. Em conjunto, elas podem acabar com a civilização como a conhecemos. A coisa certa a se fazer é resolver cada problema de maneira sensata.

O importante, diz Juan Luis Arsuaga, é aprendermos com tudo isso. Quando for encontrada a solução para o coronavírus, os governos não devem negligenciar a importância de financiar a pesquisa e a ciência. Para esse pensador, os protagonistas de toda essa crise não têm sido os cientistas, mas os políticos. Muito do que acontecerá dependerá das decisões dos poderes somadas às decisões de cada um.

Existem razões para ser otimista

Como outros pensadores, Arsuaga pensa que a pandemia não é um fator de mudança por si só. O que ela tem feito é acelerar processos que já estavam se desenvolvendo. Entre eles, a tensão entre o modelo neoliberal e a necessidade objetiva de um estado de bem-estar.

Ele acrescenta que cada época tem a sua crise e que a pandemia é a que correspondeu a essa época. Ele alerta que esse tipo de situação traz medo e que, quando as pessoas sentem medo, são mais suscetíveis a renunciar aos seus direitos e liberdade.

Mesmo assim, e com altos e baixos, Arsuaga acredita que a pandemia ativou o senso cooperativo em muitas pessoas. Esse senso é concêntrico e orientado primeiro para a família imediata, depois para a família extensa, depois para amigos e conhecidos e, finalmente, para a região, o país e o mundo. Em sua opinião, os problemas não serão resolvidos após a crise, mas teremos mais consciência de que precisamos uns dos outros.


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  • Huertas, D. (2008). El futuro de los sapiens en nuestras manos. Ars Medica, 1, 37-53.


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