Estudar lendo em voz alta ou em silêncio, o que funciona melhor?

Estudar lendo em voz alta ou em silêncio, o que funciona melhor?
Gema Sánchez Cuevas

Revisado e aprovado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Qual é a melhor forma de estudar para você? Muitas pessoas estudam lendo em silêncio, outras, por outro lado, o fazem em voz alta. Se você é das últimas, é provável que caminhe pelo local no qual está estudando enquanto recita o que leu ou aprendeu. Em certos casos, talvez chegue até a iniciar uma conversa consigo mesmo. Mas, o que é mais eficaz: estudar lendo em voz alta ou em silêncio?

O que sugerimos é que sejam utilizadas as duas opções, pois como descobriremos a seguir, quando lemos em voz alta e em silêncio potencializamos diferentes aspectos. Mesmo que priorizemos e demos mais importância a um deles, veremos o que cada um traz e dificulta.

Estudar em silêncio e a memória visual

Quando estudamos em silêncio, o ideal é fazer uma primeira leitura na qual fique mais ou menos claro o assunto do texto que estamos lendo. No entanto, não se pode ficar somente nisso. Depois dessa primeira leitura é importante sublinhar as ideias importantes, parar naquilo que não está claro e refletir ou buscar informações que dissipem as dúvidas.

É importante sublinhar e fazer anotações, e inclusive utilizar canetas marca-texto com várias cores, porque favorecem nossa memória visual (lembrar da localização de uma informação facilita o processo de resgatá-la de nossa memória: a recuperação). Além disso, o uso de cores também faz com que prestemos mais atenção, que nos centremos naquilo que antes tínhamos julgado como mais importante.

Para fixar melhor os conhecimentos, a leitura em silêncio teria que ser complementada com resumos e esquemas.

Homem estudando em silêncio

A importância de estudar lendo em silêncio está no fato de podermos nos concentrar no que estamos lendo, mas se não fizermos algo mais do que simplesmente ler, esta ação não nos servirá muito. O motivo se encontra no fato de que precisamos trabalhar de maneira ativa com o elemento de estudo, torná-lo nosso. Não só lendo, mas também escrevendo, anotando, colocando com nossas palavras aquilo que estamos assimilando. Aqui se encontra o xis da questão e o motivo pelo qual estudar lendo em voz alta tem muito a nos oferecer.

Estudar lendo em voz alta consolida os conhecimentos

Quando estudamos lendo em voz alta, é como se o ouvido começasse a fazer parte da experiência. São despertadas as capacidades cognitivas relacionadas com a memória, a atenção, a compreensão… Este ato ativa a capacidade de reter e armazenar informação que nosso cérebro possui.

No entanto, como bem mencionávamos na leitura em silêncio, existe algo mais… Não é muito mais fácil ouvir uma explicação da boca de outras pessoas do que lendo suas anotações? Isso acontece porque damos nosso valor pessoal ao que lemos, explicamos com diferentes palavras, mas além disso, podemos tirar dúvidas, questionar, debater. Isso enriquece o estudo e favorece nosso processo de memorização.

Estudar

Quando estudamos lendo em voz alta, fazemos conexões. De repente, juntamos o que estamos dizendo com algo que tínhamos lido em outra página. Fazemos um esquema mental que pode complementar o esquema realizado em silêncio ou a leitura que tínhamos feito sem falar em voz alta. É uma contribuição ideal que afina os conhecimentos e os grava em nossa mente.

Os benefícios de escutar a si mesmo

Colin MacLeod e Noah Farrin são grandes pesquisadores que se dedicaram a estudar o efeito da produção em voz alta e sua relação com o aprendizado. Por isso, desde o ano 2010 eles vêm se dedicando ao tema, e uma de suas pesquisas foi publicada na revista Memory com o título de “Os benefícios de escutar a si mesmo”.

Nesta pesquisa eles contaram com a colaboração de 100 estudantes da Universidade de Waterloo, no Canadá, os quais receberam 80 palavras que tinham que reproduzir em voz alta. A grande maioria deles escreveu em um papel as palavras das quais se lembravam, por via das dúvidas.

Depois, passaram para outro teste, mas antes de realizá-lo tinham que optar por 4 formas diferentes de lembrar as palavras. Uma era lê-las em silêncio, outra escutar as palavras gravadas em uma fita por alguém, outra escutar palavras gravadas com sua própria voz e, a última, lê-las em voz alta.

Os resultados foram muito reveladores e os autores os chamaram de “efeito produção”. Depois de duas semanas do teste, os participantes receberam uma lista de palavras onde tinham que identificar se estavam aquelas que haviam lido ou memorizado. Os que tinham lido as palavras em voz alta no primeiro experimento responderam melhor.

Estudar lendo em voz alta nos permite dar um caráter pessoal a aquilo que estamos lendo, por isso conseguimos lembrar melhor.

No entanto, foi descoberto também que escutar gravações próprias ajuda. No entanto, as gravações realizadas por outra pessoas tinham uma eficácia que se situava em um terceiro posto. Assim, quanto mais pessoal for a gravação, mais nos lembraremos dela.

Mulher estudando

Apesar de estudar lendo em voz alta ser uma boa opção, não podemos descartar as demais – normalmente o que tentamos é memorizar um material com significado, e não palavras soltas. Uma boa combinação de todas elas pode trazer resultados satisfatórios.

Para algumas pessoas será melhor estudar lendo em silêncio, gravar a si mesmo lendo o texto e depois se ouvir. Outras optarão por ler em voz alta desde o início e, depois, estudar em silêncio escrevendo ou fazendo esquemas sobre o que aprenderam. Por este lado, o ideal é que, utilizando o que a pesquisa nos disse, cada pessoa adote a metodologia com a qual consiga um maior rendimento.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.