Eu não me amo... o que posso fazer?

"Eu não me amo". Esta é uma das frases mais prejudiciais que podemos dizer a nós mesmos. Ainda assim, ela é dita por muita gente. O que não sabemos é que se trata de uma frase aprendida. Felizmente, podemos aprender a nos amar.
Eu não me amo... o que posso fazer?
Francisco Javier Molas López

Escrito e verificado por o psicólogo Francisco Javier Molas López.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

Muitas vezes ouvimos pessoas dizendo que não amam a si mesmas. “Eu não me amo… o que posso fazer?”, elas se perguntam. Cercados pelas demandas emocionalmente desafiadoras dos dias atuais, não é difícil cair em descrédito pessoal. Metas inalcançáveis podem nos frustrar como pessoas. A obsessão por alcançar uma perfeição irreal nos faz percorrer uma montanha-russa de sentimentos que pode ser fatal.

Mas nem tudo está perdido! É possível se amar. Na verdade, é mais simples do que parece… pelo menos na teoria. A prática é outra coisa.

Se desejamos amar a nós mesmos, precisamos começar a caminhar – e é aqui que muita gente, infelizmente, não consegue dar os primeiros passos. Buscamos uma mudança milagrosa da noite para o dia, tentando minimizar ao máximo o investimento de recursos. Este pensamento é um grande erro, pois toda mudança intencional demanda esforço, inclusive a decisão de amar a si mesmo. E aí, será que estamos preparados para começar a nos amar?

Eu não me amo… tenho uma baixa autoestima?

Campos e Muñóz (1992) elaboraram uma lista de características de pessoas com baixa autoestima. Destacamos algumas delas:

  • Dificuldade de tomar decisões;
  • Medo exagerado de errar;
  • Sentimento de incapacidade, de não saber de nada;
  • Desvalorização do talento pessoal;
  • Evitam riscos e tomar decisões;
  • Passividade e medo do novo;
  • Presença de ansiedade;
  • Preferência geral por ficar sozinho, e não com outras pessoas;
  • Se dão por vencidas antes de realizar qualquer atividade;
  • Pensamento de inutilidade e de não fazer nada certo;
  • Desconhecimento das suas emoções;
  • Dificuldade de aceitar críticas;
  • Presença de pessimismo;
  • Dificuldade de atingir suas metas etc.

Estas são apenas algumas das características que Campos e Muñoz destacaram com respeito às pessoas com baixa autoestima. O fato de nos identificarmos com alguma destas características não quer dizer que contamos com uma baixa autoestima.

O segredo está no tempo… todos nós podemos ter períodos difíceis nesse sentido. Com quantas características nos identificamos? Há quanto tempo estamos presos a estes pensamentos?

Mulher se olhando no espelho

Por que eu não me amo?

A resposta para a pergunta que encabeça esta seção não é simples. Nem mesmo a psicologia possui uma resposta específica.

Cada um de nós foi moldado e conduzido por fatores internos e externos ao longo de nossas vidas. Todos nós possuímos um histórico de aprendizagem particular que nos marcou.

Como dizia o filósofo Ortega y Gasset: “Eu sou eu e as minhas circunstâncias”. Não lhe faltava razão para dizer isso, pois apesar de termos nossas motivações internas e nossa própria forma de ser, as circunstâncias também nos influenciam.

Não se amar pode implicar uma infinidade de aspectos dos mais diversos. Essa falta de amor próprio pode se expressar de uma forma diferente, mas no fundo é quase sempre a mesma coisa. Algumas pessoas fumam e bebem álcool. Isso pode ser considerado não se amar? Sim. É simples. Estes são comportamentos prejudiciais para o corpo e a mente.

Sendo assim, por que fazemos estas coisas se sabemos que elas nos prejudicam negativamente? Basicamente porque buscamos preencher um vazio, algo externo que nos faça felizes apesar do prejuízo.

Desde pequenos aprendemos matemática, geografia, história, idiomas, mas por que não aprendemos inteligência emocional? A nível geral, aprender a amar a nós mesmos é uma matéria pendente. Desenvolver nossa inteligência emocional é uma boa ideia para começar a buscar o amor próprio. Dessa forma, podemos aprender a lidar com as nossas emoções e sentimentos, olhando ao nosso redor e identificando de onde vem aquilo que nos atormenta.

“Eu me preocupo comigo mesmo. Não importa se sou mais solitário, ou se tenho mais amigos, sempre vou respeitar a mim mesmo”.
-Buda-

Empatia

O que a empatia tem a ver com tudo isso? Bom, ela é fundamental. Quando nos amamos pouco e colocamos em prática comportamentos prejudiciais, não estamos sentindo empatia por nós mesmos. O “Eu não me amo” acaba se relacionado com o “Eu destruo a mim mesmo”.

Se fecharmos os olhos e nos imaginarmos num prazo de cinco anos, como gostaríamos que a nossa vida fosse? Gostaríamos de ser saudáveis? Doentes? Quando, apesar de querermos estar bem, continuamos mantendo comportamentos prejudiciais, isso demonstra nossa falta de empatia por nós mesmos. Não sentimos empatia pelo nosso eu do futuro, por isso não cuidamos do nosso eu do presente.

Não é estranho que, com o passar do tempo, as pessoas se lamentem por não terem cuidado mais de si, tanto física quanto emocionalmente. “Eu deveria ter feito mais exercício físico”, “Não deveria ter fumado tanto”, “Tinha que ter ido ao psicólogo há anos”. Quem nunca ouviu alguma destas frases?

Um exercício meditativo consiste em nos imaginarmos sentados de frente para nós mesmos no prazo de um ano, de cinco anos, de dez anos, etc. Lama Rinchen, mestre budista, ensina este tipo de meditação aos seus alunos. O objetivo é desenvolver empatia consigo mesmo e começar a corrigir aqueles comportamentos e pensamentos que nos prejudicam. Se dentro de cinco anos visualizamos a nós mesmos estando saudáveis, por que não começar a mudança hoje mesmo?

“Amar a si mesmo é o começo de um romance para a vida toda”.
– Oscar Wilde –

Mulher se abraçando e pensando "Eu não me amo"

Olhar para a frente

É hora de começar a eliminar o “Eu não me amo” do nosso vocabulário. Trata-se de uma crença fruto de um aprendizado, mas também podemos aprender a amar a nós mesmos. No entanto, aqueles que não se amam acreditam que as coisas são assim mesmo e que não têm motivos para mudar. A resposta é que temos muitas razões para nos amar e eliminar de uma vez a conclusão incapacitante de que “não nos amamos”.

O caminho, muitas vezes, não é fácil, mas podemos colher bons frutos se, pouco a pouco, plantarmos novas e boas sementes de felicidade. Buscar ajuda profissional pode ser um passo importante para fazer a diferença. Sem dúvida, um psicólogo pode nos ajudar nessa aventura.

A meditação também pode ajudar a nos aprofundarmos nos pensamentos mais incrustados em nosso inconsciente. Através desta prática, também podemos fomentar qualidades como o amor por nós mesmos e pelos demais.

Começar uma aventura cujo objetivo consiste em se amar, se aceitar e se perdoar é algo que, certamente, será marcado por altos e baixos. No entanto, sem dúvida, esta é a melhor aventura que podemos viver.

“Uma pessoa não pode estar cômoda sem a sua própria aprovação”.
– Mark Twain-


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.