Eu sou hipocondríaco?

Eu sou hipocondríaco?
Gema Sánchez Cuevas

Escrito e verificado por a psicóloga Gema Sánchez Cuevas.

Última atualização: 25 outubro, 2017

Será que eu sou hipocondríaco? Quantas vezes consultamos dúvidas relacionadas à saúde na internet? Fazemos isso obsessivamente? O medo de adoecer é um medo universal. Esse medo varia em frequência e intensidade, bem como na quantidade de estímulos que invadem os nossos pensamentos. As pessoas hipocondríacas sentem esse medo de maneira constante e, em muitos casos, chegam a somatizá-lo

Dizem que 70% dos estudantes de medicina acreditam, durante um determinado período, que sofrem de toda doença que estejam estudando: se identificam com o problema e sentem a maioria dos sintomas que caracterizam a enfermidade. Eles entram em um estágio chamado de “hipocondria transitória”.

Certamente, todos nós temos um amigo que sofre constantemente de diferentes doenças diagnosticadas pelo Dr. Google. Quantos amigos conhecemos que têm todas as doenças que veem na TV? Para eles, tem toda a lógica do mundo: uma dor no peito ao tossir é certamente mortal. E a nossa resposta muitas vezes é: “não seja hipocondríaco!”

“Os médicos cortam, queimam, torturam. E fazendo aos doentes um bem que mais parece um mal, exigem uma recompensa que quase não merecem”.
– Heráclito de Éfeso –

Primeiro problema: são especialistas em interpretar o seu entorno

Muitas pessoas tendem a interpretar tudo o que lhes acontece, aumentando qualquer sinal que percebem, especialmente se vem do seu corpo. Essa característica está ligada a nossa personalidade, tipo de criação, às experiências vividas durante o desenvolvimento, às crenças e estilo de vida de cada um. Daremos aqui alguns exemplos de situações para serem analisadas.

  • Pedro, meu colega de trabalho, passou por mim e não me cumprimentou. Ele está irritado comigo.
  • O vizinho está fazendo barulho para me irritar.
  • Ele não me convidou para a festa, acho que não gosta de mim.
Mulher com ponto de interrogação na testa

Nós somos intérpretes especializados, porque que é muito difícil tolerar a incerteza. Dar significado a tudo alivia o estresse cerebral, no entanto, todas as ideias acima têm alternativas. Por exemplo:

  • Pedro estava preocupado, ia direto ao escritório do chefe.
  • Os netos dos meus vizinhos estão em casa, e eles correm e brincam o tempo todo.
  • Ele me enviou os convites e colocou o meu endereço de e-mail errado.

Quando as interpretações giram em torno da família, amigos ou colegas de trabalho, as preocupações acabam se resolvendo facilmente. Basta perguntar ou confirmar com as outras pessoas as nossas ideias. Por outro lado, quando surgem problemas de saúde, os níveis de ansiedade podem aumentar diante da incerteza.

“A verdadeira força de uma ideia não está no seu valor, mas na atenção que damos à ela”.
– Concepción Arenal-

As pessoas acreditam que eu sou hipocondríaco

Uma dor, uma febre, uma tosse… todos nós podemos sentir medo em algum momento por não saber o que está acontecendo, por interpretar e especular. A espera pelos exames médicos, o encaminhamento para outros especialistas, as opiniões dos amigos… Sim, podemos duvidar. Isso quer dizer que eu sou hipocondríaco? Certamente não. Enquanto você continuar trabalhando, participando das reuniões familiares, das viagens e qualquer atividade diária normal; enquanto a angústia não interromper o curso normal da sua vida, está tudo bem.

Atualmente conhecemos como “transtorno de ansiedade por doença” o que antes era chamado de hipocondria. Com essa mudança, tentamos reduzir o aspecto ofensivo e o uso caricato da palavra hipocondríaco. As pessoas com esse problema apresentam essas preocupações:

  • Preocupação e medo de ter, ou a convicção de que realmente sofrem de uma doença grave a partir de uma interpretação pessoal dos sintomas.
  • A preocupação persiste apesar dos exames e das explicações médicas.
  • A preocupação causa mal-estar, problemas sociais, problemas no trabalho e em outras áreas.
  • Esse estado emocional dura pelo menos 6 meses.
Mulher hipocondríaca lendo livro sobre doenças

Se eu sinto, se eu penso, estou realmente doente?

Na verdade, o diálogo com as pessoas com esse problema pode nos levar à exasperação absoluta, porque elas não se rendem às explicações por mais lógicas que elas sejam, ignorando as evidências que contradizem a hipótese que as preocupa. Elas procuram diferentes médicos buscando um diagnóstico, ouvem seletivamente de acordo com o que lhes interessa, interpretam as mudanças corporais de forma negativa e desconfiam dos especialistas. A preocupação faz com que elas busquem informações e verifiquem constantemente como os sintomas evoluem.

“Monalisa parece que acabou de se curar de uma doença ou vai ficar doente”.
– Noel Coward –  

Ursinho de pelúcia doente

Os sintomas que as pessoas com este problema desenvolvem podem ser muito graves. O fato de se observar constantemente, interpretar o que acontece ou procurar informações no Google antes de procurar um médico apenas aumenta a ansiedade.

Esse tipo de comportamento só servirá para “sofrermos por antecedência”, sem provas reais. A relação de confiança com um médico responsável pelos cuidados pode ser muito benéfica, sobretudo se forem programadas consultas regulares. Dessa forma, obteremos o equilíbrio e a tranquilidade emocional de que precisamos quando falamos da nossa saúde.


Este texto é fornecido apenas para fins informativos e não substitui a consulta com um profissional. Em caso de dúvida, consulte o seu especialista.