Exibicionismo: causas desta parafilia sexual

Exibicionismo: causas desta parafilia sexual
Fátima Servián Franco

Escrito e verificado por a psicóloga Fátima Servián Franco.

Última atualização: 22 dezembro, 2022

O manual diagnóstico (DSM) da Associação Psiquiátrica Norte-Americana compreende 8 parafilias típicas e cerca de 7 não especificadas. Entre as parafilias típicas mais comuns se encontram o fetichismo, o travestismo fetichista, o exibicionismo, o voyeurismo, a pedofilia e o masoquismo sexual.

Ter uma inclinação ou até um interesse consumado em uma ou mais das categorias acima mencionadas não constitui, por si só, nenhuma síndrome clínica. Ou seja, se uma pessoa sentir desejo ou tiver uma fantasia sexual intensa em relação a um objeto, sensação ou prática sexual atípica, isso não quer dizer que seja um problema. Mas o que pode originar um transtorno é a comprovação de que a parafilia supõe uma disfunção ou um conflito emocional para o indivíduo que a sofre.

O que é o exibicionismo?

O exibicionismo é a exposição dos próprios órgãos genitais  a uma pessoa desconhecida com o objetivo de conseguir excitação sexual. Esta prática inclui o desvio do ato sexual, uma vez que a sensação de prazer é obtida mostrando os órgãos genitais a terceiros, que na maioria dos casos são mulheres ou crianças.

Quase nunca há uma tentativa subsequente de manter uma atividade sexual com a pessoa estranha por parte do exibicionista, de modo que raramente cometem estupros e geralmente não desenvolvem um transtorno.

A pessoa que pratica exibicionismo, em vez de buscar um encontro sexual, o reprime; acabando com ele antes mesmo que comece. A excitação sexual ocorre pela antecipação mental da situação, sendo uma sensação semelhante à da masturbação.

Neste ponto é importante diferenciar a exibição do exibicionismo. O conceito de exibição, ao contrário do exibicionismo que está delimitado de forma criminológica e médica, não implica uma atitude de conteúdo sexual, uma vez que consiste pura e exclusivamente em mostrar algo em público (Ripolles, 1982).

Homem se exibindo publicamente

Por que há pessoas que gostam de mostrar seus órgãos genitais em público?

O exibicionismo normalmente começa na adolescência. A maioria dos exibicionistas são homens casados, mas com um matrimônio que muitas vezes é conflituoso. Aproximadamente 30% dos delinquentes sexuais masculinos detidos são exibicionistas. Eles tendem a perpetuar no tempo esse tipo de comportamento e entre 20 e 50% são detidos mais de uma vez.

As causas do exibicionismo estão na formação de aprendizados inadequados, ao substituir o estímulo sexual esperado, que seria o homem ou mulher, por outros estímulos externos.

No desenvolvimento dessa parafilia, geralmente acontece que um estímulo inadequado se associa a uma forte ativação sexual do indivíduo, que pode se tornar um estímulo sexualmente condicionado em outros momentos. Essas situações geralmente ocorrem durante a adolescência (Muse e Frigola 2003).

Experiências posteriores de condicionamento através das fantasias e da masturbação reforçariam estas respostas sexuais. Inclusive, há fatores que predispõem um indivíduo ao exibicionismo, como as dificuldades em estabelecer uma relação sexual interpessoal ou a falta de autoestima.

Entre as diversas causas, foi descoberto que os exibicionistas tendem a ser indivíduos tímidos, a quem não é fácil se relacionar com as mulheres. Assim, em alguns exibicionistas o desejo e o ato ocorrem quando estão passando por crises emocionais. Apesar disso, eles mostram um nível normal sociocultural e de inteligência.

Homem com comportamentos exibicionistas
Por outro lado, não costumam ser indivíduos perigosos, nem tentam abusar de suas vítimas. Pelo contrário, a maior parte reage de forma insegura e fogem se sua oferta for correspondida. Seu desejo é o de surpreender a vítima, provocando nela reações de medo, desgosto ou curiosidade, experimentando deste modo uma sensação de domínio. A reação que mais detestam é a de zombaria ou indiferença.

Critérios gerais e fatores compulsivos no exibicionismo

Segundo o DSM, os critérios para o diagnóstico do transtorno exibicionista são dois indicadores:

  • Fantasias sexuais recorrentes e altamente excitantes, impulsos sexuais ou comportamentos que implicam a exposição dos próprios órgãos genitais a um estranho que não espera isso durante um período de pelo menos seis meses.
  • As fantasias, os impulsos sexuais ou os comportamentos provocam desconforto clinicamente significativo ou comprometimento social, profissional ou de outras áreas importantes da atividade do sujeito.

Embora não haja muitos estudos sobre o tema, acredita-se que o exibicionista não tenha conseguido superar certos exemplos de desenvolvimento sexual infantil. Pode-se dizer que aqueles que praticam exibicionismo sofrem de uma certa imaturidade sexual. Embora possa ser paradoxal, estima-se que o exibicionista sofra de certas características de inferioridade, autoaceitação e distúrbios do relacionamento. Eles tendem a ser impulsivos e antissociais.

Algo que foi estudado e validado é que os exibicionistas expõem seus órgãos genitais a pessoas desconhecidas por fortes desejos compulsivosEles têm consciência de sua necessidade de surpreender, impactar ou impressionar o observador.

A maioria das pessoas que sofrem desta parafilia tem ideias, pensamentos, impulsos ou imagens de caráter persistente que consideram intrusas ou inapropriadas e que causam ansiedade ou desconforto significativo. Este desconforto emocional é o que faz com que o exibicionista neutralize estes pensamentos compulsivos através da exposição dos próprios órgãos genitais em público diante de pessoas desconhecidas.

Homem mostrando suas partes íntimas na rua

Tratamento do exibicionismo

Os tratamentos psicológicos para as pessoas exibicionistas tentam reconduzir o prazer através de outras fantasias sexuais mais adequadas. O tratamento do exibicionismo normalmente envolve intervenções psicoterapêuticas baseadas principalmente em técnicas comportamentais e cognitivas ou tratamentos médicos baseados no uso de hormônios ou determinados fármacos.

Perspectiva cognitivo-comportamental

A orientação cognitivo-comportamental explica a aquisição e manutenção das parafilias através dos paradigmas do condicionamento e da formação de esquemas cognitivos (Muse,1996).

A grande maioria das parafilias é manifestada na puberdade, dando a impressão de que possa existir uma “janela de oportunidade” na qual o condicionamento a estímulos sexuais seja especialmente propício durante essa época da maturação.

A mudança destes comportamentos parafílicos normalmente requer uma intervenção multimodal que interfere com o aprendizado anterior por condicionamento clássico, operante e social, enquanto modifica esquemas básicos da estrutura cognitiva do indivíduo (Muse y Frigola 2003).

Embora os hormônios masculinos estejam inerentemente envolvidos na manutenção da motivação sexual, é o fato de aprender em uma idade jovem que determina a direção do interesse sexual. Portanto, o uso de substâncias químicas no tratamento das parafilias é geralmente reservado como terapia complementar à psicoterapia  (Muse y Frigola 2003).

A terapia psicológica é a única forma de ajudar quem sofre deste transtorno. Embora seja inviável acabar com o desejo da exibição, o que é procurado na terapia é tentar transformar esse desejo em algo funcional, trabalhando no ato compulsivo e disruptivo, bem como sobre a culpa que esse impulso sexual normalmente desperta.

Bibliografia

Arteaga Vera, R. B. (2014). Tipificar la penalización de conductas delictivas que identifican las parafilias criminales, dentro del capítulo ii, del título viii, del libro ii, del código penal del ecuador (Bachelor’s thesis).

De Dios Blanco, E. (2007). Las parafilias: De Krafft Ebing a Kafka.

Diez Ripolles, J. L. (1982). Exhibicionismo, pornografía y otras conductas sexuales provocadoras: La frontera del derecho penal sexual.

Gamboa, I. (2006). La constitucion de trastornos sexuales en la Psiquiatria. Diálogos Revista Electrónica de Historia7(1).

Giordano, E. (2004). Apuntes para una crítica de los medios interactivos. De la degradación cultural al exhibicionismo tecnológico. Revista Iberoamericana de Educación36, 69-88.

Herrera, J. L. (2014). Una mirada a” La tupida copa de un árbol,” de Julieta García González: entre el voyeurismo, la pareidolia y el exhibicionismo. Romance Notes54(4), 131-141.

Jiménez, C. G. T. Seminario Temático: Parafilias.

Manual diagnóstico y estadístico de los trastornos mentales: DSM-5. Editorial medica panamericana, 2014.

Marshall, W. L., & Fernandez, Y. M. (1997). Enfoques cognitivo-conductuales para las parafilias: el tratamiento de la delincuencia sexual. Manual para el tratamiento cognitivo-conductual de los trastornos psicológicos1, 299-331.

Molina de la Cueva, M. F. (2017). Anteproyecto de ley reformatoria al artículo 175 del código orgánico integral penal, que establece la obligatoriedad de tratar psiquiátricamente a los agresores sexuales.

Muse, M., & Frigola, G. (2003). La evaluación y tratamiento de trastornos parafílicos. Cuadernos de Medicina Psicosomática y Psiquiatría de Enlace65, 55-72.

Romi, J. C. (2008). Las perturbaciones sexuales. Críticas a su inclusión como trastornos mentales en el DSM IV-TR. Revista de Psiquiatría Forense, Sexología y Praxis6(1), 24-49.


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  • Arteaga Vera, R. B. (2014). Tipificar la penalización de conductas delictivas que identifican las parafilias criminales, dentro del capítulo ii, del título viii, del libro ii, del código penal del ecuador (Bachelor’s thesis).
  • De Dios Blanco, E. (2007). Las parafilias: De Krafft Ebing a Kafka.
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